domingo, 6 de janeiro de 2013

A nudez do amor...





Despi-me do meu eu para ficar contigo, sofri um turbilhão de humilhações para poder concretizar meu amor contigo. Eras lindo e fogoso, me aquecia com teus beijos dominantes e, muitas vezes, brutos e inconsequentes, beijos esses que me deixavam voar às nuvens, me dominava com loucura e era assim que eu gostava do teu jeito de me amar.
Passou o tempo, já não mais linda como querias começou a caçoar do meu jeito bobo de fazer amor, pois ele queria ver sangue escorrendo dos meus lábios e ao beijá-los mordia-os até sangrar; e eu gostava do teu jeito bruto de me amar.

O tempo voou rápido demais para eu poder perceber que o teu jeito de ser não era normal para um homem querer ver sangue ao invés de carinhos e beijos suáveis e delicados. Fui perceber tardiamente que era um psicopata. Fugi. Sumi pelas veredas da vida com meu coração sangrando, pois por tudo que ele me fez eu gostava do teu jeito de me amar. Fiquei aos pés de uma frondosa árvore, quase semi- nua, pés descalços, quando ouvi uma voz: Te encontrei mulher, fugiste de mim e, com uma faca na mão veio a minha direção, nisso senti meu corpo levitar e aconcheguei-me num galho frondoso.

-Desça daí mulher, quero retalhá-la em pedacinhos minúsculos, comer da tua carne e beber do teu sangue até me saciar e, o resto que sobrar quero enterrá-lo numa cova rasa para que os cães famintos venham deixar teu esqueleto nu, para que eu saiba que tu nunca mais serás de ninguém. Minhas pernas tremiam, o medo era constante; nisso começou a chuviscar e numa fração de segundo grossas gotas batiam meu rosto a deslizar meu corpo semi-nu.

O pôr do sol estava sumindo e, antes que a escuridão temesse minha alma, ouvi uns latidos de cães que ao vê-lo embaixo da árvore atacou-o sem piedade, logo atrás alguns soldados chegaram para prendê-lo. De cima da árvore comecei a gritar e os soldados não tinham escadas para me tirarem de lá e, num ímpeto, como se tivesse asas fui baixando vagarosamente até o chão. Desesperada abracei o soldado e, desfaleci.

Acordei no hospital, meus pais choravam minha desgraça, mas também a emoção de poderem me abraçar e voltar para casa, pois era lá o meu lugar. Nisso alguém bateu à porta e ao abri-la, entra um lindo jovem de cabelos encaracolados, olhos negros como a noite e me entregou flores, foi aí que lembrei que era o soldado que por certo me carregou no colo até a viatura e me trouxe ao hospital. Meus pais agradeceram e saíram sorrateiramente do quarto.

Meu nome é Willian e vim saber de você e com a delicadeza de um anjo beijou minhas duas mãos juntas e me disse: eu sempre te amei; nesse momento tudo rodou a minha mente, pois aquele jovem era meu colega de escola que sempre dizia que iria casar-se comigo, então sorri. Passei a mão no seu rosto e, muito fraca, adormeci.

Dorli Silva Ramos

9 comentários:

  1. Instigante e linda tua inspiração...Amos que quer ver sangue, não é amor... Lindo final! beijos,chica

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  2. Amada Dorli! Um bom diaaaa lindo pra ti!
    Você escreve com tanta paixão que nossos olhos grudam na telinha loucos para chegar ao final que é sempre surpreendente. Quem tem o coração puro sempre será agraciado com um amor verdadeiro como esta linda jovem. Parabéns amiga! Um conto magnífico! Um maravilhoso e abençoado domingo. Beijinhos de luz.
    Da maninha de alma
    Gracita

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  3. Dorli!Você sempre nos premia com contos maravilhosos!Embarquei dentro desse,como se fosse a protagonista da estória.Que lindo o amor desse jovem desde a época dos bancos escolares.Parabéns!

    Bjs.
    Carmen Lúcia

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  4. Que beleza de inspiração Dorli!
    Um lindo amor, lembrei - me dos tempos de escola, quando ainda era uma jovenzinha de coração puro, sonhando com o primeiro amor!
    Adorei!
    Beijos e uma ótima tarde!
    Mariangela

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  5. DORLI!
    Teu conto poema pode até parecer trágico e ficção,
    mas é mais comum do que podem pensar,pode apostar,
    mas vou me fixar na parte boa ,do mocinho salvando a menina do TIRANO.

    Parabens...
    Por um momento tambem senti(o) medo.

    beijos
    vera portella

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  6. Oi Dorli querida que poema lindo amei!!!
    parabéns,vim te desejar uma linda semana com muita feliçidades,beijoss

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  7. Oi Dorli

    Um poema com um final surpreendente e lindo!
    Obrigada pela visita e comentário.
    Beijos

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  8. OI DORLI!
    BELO CONTO AMIGA, COM UM FINAL MUITO BONITO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/ClickAQUI

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  9. Realmente estamos muito bem servidos de belos poemas e contos quando passamos por aqui.
    Adorei mesmo sua sensibilidade é bem aguçada entre seus textos.
    Abraço

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