sexta-feira, 15 de março de 2013

Hora do adeus...





Enquanto você dormia ao luar no quintal da nossa casa, sentindo o perfume da terra e o magnetismo da lua, arrumei minhas malas para partir...Você acordou, adentrou nossa casa assustado e disse-me: onde vai meu amor? Não sabia o que lhe dizer, ia sair sorrateiramente enquanto dormia e diante do inesperado e triste encontro, respondi que iria abandoná-lo, pois meu amor era pouco e diluiu na rotina do dia à dia.

Mulher, não vá embora, eu a amo tanto, mas já que não me ama mais, eu vou seguir meu destino só, você fica na casa para cuidar de cada flor do nosso jardim. Dei-lhe o último beijo apaixonado e saí...Era noite, caminhei a esmo para lugar algum, a lua clareava meu caminho, minha garganta doía e sem poder aguentar, deitei-me no prado e chorei...Meu corpo suado, minhas pernas bambas, pois, não podia acreditar que ela que amava tanto me disse um adeus doído, retirando todas as minhas forças para continuar meu caminho e ali mesmo deitado na grama, tendo a lua e as estrelas como companhia, adormeci.

Acordei com os raios do alvorecer e bem perto dali bebi d'um fiozinho de água corrente que saía de uma nascente, então pude perceber o quão linda é a natureza em si e resolvi voltar.

Ao chegar perto de casa, ouvi uns risos, adentrei vagarosamente e vi aquela vadia nua deitada na cama fazendo urgia com dois homens. Enlouqueci por dentro, pedi que todos colocassem suas roupas, menos a mulher que eu amava e os expulsei de casa. Nunca mais soube dela, talvez esteja em qualquer bordeaux da vida consumindo seu corpo que um dia irá envelhecer.

O tempo passou, refiz minha vida, outra mulher tomou conta do meu coração, deu-me três filhos sadios e, toda vez que passava pelo jardim e via as rosas, pareciam que elas choravam e, para esquecer qualquer vestígio daquela mulher, mandei cortar as roseiras e nesse mesmo lugar plantei tulipas coloridas para enfeitar meu coração de uma alegria sadia.

Nunca mais soube daquela mulher que entreguei meu coração, mas minha consciência pediu-me para voltar, para saber que meu choro por ela era em vão.

Hoje, com outra família com mulher amorosa, sou um homem equilibrado e realizado e vivemos felizes com nossos filhos e com as novas tulipas.


Dorli Silva Ramos


Um comentário: