Eu
era muito criança, morava em Minas Gerais , numa cidadezinha do interior, num
bairro muito pobre. Todo mundo conhecia Nhonhô, que não gostava de pegar no "batente", vivia pelos bares tocando violão. Não bebia e nem fumava,
pelo ao menos isso de bom. Morava na casa da sua tia avó num casebre de dar dó
e muito descuidado, pois ela tinha que batalhar na roça para dar de comer a
Nhonhô, o seu sobrinho vagabundo mais com grandes qualidades artísticas( nunca
foi atrás).
Nhonhô
começa a receber na sua casa, enquanto a tia estava na roça uma jovem gorda,
não era feia e nem bonita e, não demorou muito tempo a jovem engravidou. Foi
marcado o casamento, sua tia coitada, pobre fez um bolinho e comprou uns
docinhos e fez limonada , era a festa do casamento, que só os vizinhos iriam, a
madrinha deu um vestido de noiva e o dia chegou.
Como
de costume, a noiva chegou primeiro, ela estava até bonita de noiva, a praça da
igreja lotada para o casamento do Nhonhô, ele era muito querido na cidade.
Esperou...Esperou
e nada de aparecer. A noiva chorosa e os convidados foram para casa e os poucos
quitutes acabaram. Ela muito triste saiu vestida de noiva por uma pista perto
da cidade, nisso passou um jipe da cidade, pegou-a e trouxe para casa e lhe
disse: não se preocupe, nós encontraremos o seu noivo.
O
pai da noiva tinha uma espingarda que lustrava todos os dias. De repente Nhonhô
apareceu na cidade com a maior cara de pau; o pai da noiva ficou sabendo,
passou a flanela na arma e saiu e foi bater na casa da tia do noivo fujão.
Nhonhô quem abriu, não esperava o sogro, encostou o cano da espingarda na sua
boca e disse: ou casa com minha filha ou morre e ele levantou a mão. E o
casamento saiu só no cartório, nasceu um menino lindo, não poderia ser dele,
mas...eles ainda tiveram mais dois filhos.
Ela
não era muito certa, deixou os filhos na cama e fugiu com outro que até hoje
ninguém sabe do seu paradeiro. Nhonhô deu um filho para cada um, mudou de
cidade, arrumou um emprego e se juntou com uma mulher.
Já
era mocinha, minha mãe recebeu uma carta dele, pegamos o carro e fomos
visitá-lo numa cidade bem longe daquela que ele morava.
Meu
Deus! Quando vi a mulher dele quase desmaiei: horrível, suja, pés no chão e
quando fechava a boca os dentes ficavam fora dela.
Logo
que ele chegou do serviço lhe disse: seria melhor ter ficado com a outra que
era um pouco mais bonita.
Fomos
embora, nunca mais vi Nhonhô, às vezes, me bate uma saudade dele...Ô cabeça
dura!
A crônica conta um fato comum
do dia a dia, relata o cotidiano da vida real das pessoas, enquanto o conto e
a fábula contam fatos inusitados ou até fantásticos. Ou seja, distantes da
realidade.