quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sem porta do fundo





Nesse casebre com uma única porta, a da frente morava uma família bem grande: os pais e seus treze filhos. A mãe era linda e gostava de grandes noites de amor, apagava a lamparina e cada ano nascia um filho.
Ela era crocheteira, ele um boêmio vagabundo lindo e à noite cruzava suas pernas no bordeaux e tocava lindas canções no seu violão, ganhava alguns trocados e o estabelecimento deixava ele levar para o quarto a mais bela rapariga.
Sua mulher sabia, mas apesar do ciúmes ficou doente e não teve outra opção, a não ser aceitar, ele era carinhoso com os filhos e sua mulher.
Era ótima crocheteira, fazia lindos trabalhos, afinal era preciso, pois eram  muitas bocas para comer.
As crianças cresciam plantavam no fundo do quintal: banana, mandioca, verduras à vontade. Havia jabuticabeira, bananeira, laranjeira. O pai e os filhos mais velhos plantavam pinhão e aos domingos pela manhã iam vender nas feiras da cidade.
O mais velho dos filhos era uma mocinha que aprendeu com sua mãe a arte de crochetar, fazia sapatinhos e meias com cinco agulhas, usava linha, lã: sempre restos que ganhava na sua cidade.
Apesar dos defeitos do pai, ele era enérgico com a moral e o respeito humano e assim desses filhos alguns morreram e pro final eram nove os que ficaram tiveram uma educação familiar rígida.
Agora vocês me perguntam: se na casa só tinha uma porta, à da frente como eles faziam suas necessidades fisiológicas? Ficaram curiosos? Na latrina durante o dia e em e penicos à noite, levando a lamparina. Que vida!
A mãe sempre dizia aos seus filhos: por mais pobres que sejamos nunca roubem, sejam educados e nunca sentem no chão, isso porque no casebre de terra batida não havia cadeiras, sentavam em grossos tocos que o pai e os filhos mais velhos iam cortar mata adentro.
Os filhos cresceram, alguns estudaram com bolsas: esse tipo de bolsa era o seguinte: no quarto ano havia uma prova para ganhar um cheque do Estado que ficava na escola para a compra de materiais escolares, para o curso ginasial.
Enfim, trabalhando e estudando com bolsas, pois todos eram muito inteligentes, cada qual galgou sua profissão. Todos faziam até o ensino médio de hoje; mas arrumaram bons empregos, alguns foram para a capital, fizeram Faculdades Públicas e outros trabalhavam na própria cidade, outros foram para outros Estados, se casaram levando consigo seus pais que logo morreram.
Aí que digo apesar de não terem a porta do fundo tinham o que há de mais belo: a honradez deixada pelos seus pais, a melhor herança.
À tarde era aquela discussão quem tomava banho em uma bacia perto da latrina. Isso que é vida! Aposto que os filhos têm saudades dos tempos de outrora.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Mulher maldosa





Mulher maldosa também sabe se apaixonar
Mas antes ela irá machucar muitos corações ardentes
Homens enlouquecem por sua malandragem
Mas por enquanto é ela quem fica no comando do amor 

Sorri a vida com safadeza que lhe é peculiar
Adora ver batidas de carros e congestionamento por ela
Um olhar cerrado tudo vê e cai em gargalhadas
Essa mulher dilacera até a alma dos seus pretendentes

Um dia vê por ela passar uma mulher com um carrinho
Dentro dele viu um lindo bebê que sorriu para ela
Sentiu que a hora havia chegado de ter o seu belo homem
Amá-lo e com ele se casar para a raiva dos outros

A mulher maldosa tornou-se agora mais madura e regrada 
Pois é mãe, ficou mais linda passeando com seu bebê
Num lindo domingo a vi no parque e com seu amor felizardo
Correndo atrás do menino sapeca, o filho bem amado  

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Praia deserta




Andando à procura do nada encontro uma praia vazia, sentei nas suas areias e ouvia os murmúrios de todas as maravilhas que Deus nos deu e, eu aqui desolado devido a um pequeno problema familiar, fugi de casa.
Anoiteceu.
Uma brisa suave batia meu rosto e o coqueiros balançavam suas copas, as borbulhas branquinhas das ondas do mar, a Lua e as nuvens no alto do céu clareia um pouco as nuvens e meu pensamento.
Adormeci.
Sonhei com mamãe chorando e papai a minha procura enlouquecido. Por que fugi do nada? Acordei, tudo estava no mesmo lugar, a Lua estava quase no seu adormecer dando lugar a uns raios de sol que batia meu rosto. Chorei de saudades.
Tal como o menino pródigo, volto o caminho de casa, passo numa bica lavo meu rosto, tomo um pingado com pão manteiga na chapa, coloco a mochila nas costas e rumo à felicidade do meu lar.
Estou andando no acostamento da pista, nisso sinto um carro quase às minhas costas e ela gritou: Amor, vim buscá-lo.
Era a minha noiva, mulher que amo, ela me abraçou, deu-me um beijo interminável e disse: suba no carro rumo a nossa felicidade.
Chegamos: mamãe estava a minha espera, abracei-a e lhe pedi perdão, aí perguntei por papai, ela entristecida me disse: desde que saiu de casa entrou em depressão. Saí correndo, adentrei o quarto de papai, peguei em suas mãos enrugadas e pedi-lhe perdão, nada falou, mas senti sua mão na minha quentinha e beijei seu rosto.
No outro dia vi papai no galinheiro  jogando milho para as galinhas, chorei. Quase matei papai. 


domingo, 28 de maio de 2017

Promessa de amor



Não acredite muito em amor de adolescência, é quase improvável que dê certo, pois a vida nos leva a lugares diferentes e, como ninguém consegue ficar só é mais provável que bem longe encontrem outro amor.

 

sábado, 27 de maio de 2017

A morte não avisa




 
Por que tanta ganância na Terra onde vivemos, uns querendo matar o outro por causa de status, o dinheiro faz uma guerra de tolices, pois a vida é um sopro, não levamos nada para o túmulo, apenas ficará para os outros a saudade ou já foi tarde.
Em alguns túmulos deveriam ser escritos.
Aqui jaz alguém que não nunca teremos saudades