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Certa vez, há muitos anos, houve uma
terrível seca. As lagoas e rios não tinham mais água e, por isso, o gado cada
dia ficava mais magro.
Então, um fazendeiro que se
preocupava com a sua criação, saiu a percorrer os riachos em busca de água para
matar a sede dos animais.
Como era um homem prevenido, levou
consigo uma espingarda para defender os bezerrinhos do perigoso graxaim.(
cachorro do mato)
Muito entristecido com com os
prejuízos causados pela estiagem, o dono das terras retornava para casa quando
avistou um bando de aves que pousaram perto da mata.
Aproximou-se cautelosamente e desceu
do cavalo, deixando-o um pouco distante da mata.
Não resistindo a curiosidade e a fim
de afugentar a tristeza que dele tomava conta, dirigiu-se apressadamente ao
local onde haviam passado os pássaros.
Logo adiante, o homem deteve-se à
sombra de um pinheiro e, assim, pode contemplar as pequenas aves que ali estavam.
Percebeu logo que se tratava de
gralhas azuis, aves aliás nativas daquela região. Notou também que elas
revolviam o solo com o bico.
Num ato impensado, ele fez pontaria
e puxou o gatilho da espingarda. No entanto a arma explodiu e sobre ele
caíram resíduos de pólvora e chumbo. Tentou caminhar, mas uma forte tontura o
fez cair.
O desastrado caçador ali ficou,
desacordado por algumas horas. Só despertou quando o sol se escondia atrás da
mata.
Ao acordar, como de um pesadelo,
ainda pensou atirar; porém. um alvo luminoso veio até ele na forma de duas asas
brilhantes e um peito sangrando.
Ao ver diante de si uma gralha azul,
ele deixou cair a arma, enquanto a ave dizia:
- Assassino!
Ele permaneceu mudo, e a ave
prosseguiu:
- Eu, humilde avezinha, faço elevar-se
toda esta floresta. - Com meu trabalho, multiplico as árvores que um dia vão te
servir. - Agora, venha comigo.
Alguns metros dali, a gralha
mostro-lhe uma pequena cova com um pinhão dentro, a ponta mais fina para cima.
- Este é meu mister - disse ela.
E desapareceu ante o surpreso
caçador.
Daquele dia em diante, o fazendeiro
passou a plantar pinheiros em toda a extensão de suas terras. E repetia para si
mesmo:
- Quero valer mais mais do que um homem. - Quero valer uma gralha azul.
Lendas e Folclore - EDELBRA