Rubens era um garoto de
dezoito anos, estudioso, mas muito rebelde. Para ele tudo estava errado e, como
ele jamais iria consertar as pessoas resolveu, na surdina, numa noite em que a
lua sorria e as estrelas reluziam, se aventurar a uma montanha e, lá viver
sozinho para sempre. Nem pensou no sofrimento dos pais. Pegou uma mochila
colocou algumas roupas quentes, muita água e alguns alimentos não perecíveis e,
sem que os pais o vissem foi procurar outra vida que satisfizesse seu ego.
Começou sua subida à
noite, ouvido o uivar dos lobos, o sibilar das serpentes; já com muito medo
sentou-se numa pedra e começou a pensar: Meus Deus! Tu fizeste um mundo lindo e
os homens maus estão acabando com a sua criação...Deus não respondeu nada, pois,
Rubens era desobediente e não estava preocupado com o sofrimento dos pais
pela sua ausência.
Continuou sua
peregrinação pela montanha, estava pertinho do céu azul, viu a lua, agora meio
entristecida, as estrelas chorando partículas de ouro que se desfaziam na
atmosfera e as nuvens aborrecidas pelo intruso, começou a escurecer e fortes
gotas de chuva caiam em seu rosto e em toda a montanha, tentou se esconder
entre arbusto, mas não adiantou e começou a rolar montanha abaixo, ferindo seu
corpo e gritando de dor. Alguém ouviu seus lamentos e o amparou nos seus
braços. Que é você homem bom que me salvou da morte? O homem sorriu e disse: eu
sou seu pai, que não aguentando de saudades, fui para o outro plano e ouvi
quando você gritava por mim e vim socorrer, sua mãe sofre e seus irmãos sentem
saudades de você. Quando quis responder a imagem do pai desapareceu. Chorou,
chorou um choro doído que daria para fazer um rio. E agora? Vim aqui à procura
de uma vida diferente e não encontrei nada...Tentou fazer o caminho de volta.
Tantas foram as
peripécias que encontrou pelo caminho nessa maldita montanha que quando chegou
em casa, já havia passado quinze anos. Bateu à porta, todo maltrapilho, barbudo
e com um odor insuportável, a porta se abriu e viu nos olhos daquele jovem seu
irmão caçula, hoje com vinte anos que fixou bem seu olhar naquele homem e o
abraçou; Voltaste meu irmão? Eu era tão pequenino quando foi embora, amparei
nossa mãe nas horas do choro de saudades de você. Me perdoa Paulinho, fui atrás
de um mundo melhor e só encontrei desilusões.
Entre, disse seu irmão,
vá tomar um banho, fazer a barba que lhe darei para vestir uma roupa linda que
papai comprou de Natal, esperando sua volta....
Dorli Silva Ramos