segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O desprezo dói





Não existe sentimento mais atroz e dolorido que o desprezo em qualquer situação de vida, nesse caso que vou explanar é do homem para com sua mulher. 
Nos primeiros cinco anos de casamento, Rose e Luis viveram uma ilusão de amor com carinhos e beijos constantes, viagens e muitas festas. A única coisa que entristecia o casal era ele achar não poder ter filhos, pois ela fez todos os exames e não deu nada e, não queria adotar. Ele a chamava de minha loba, tamanha era a paixão que ela sentia por ele, paixão essa correspondida a qualquer momento por Luis.

Luis era um próspero empresário e na sua firma haviam mulheres lindas que praticamente se jogavam aos seus pés, chegando a petulância de convidá-lo à sair. Nunca aceitou, pois era apaixonado pela sua mulher. O tempo foi passando e Luis começando a cansar daquela rotina, sem nenhum objetivo que o fizesse animá-lo, decidiu em comum acordo separar-se da sua mulher, não que não a amasse, mas queria dar um "tempo" no seu relacionamento com ela. Ela fingiu que aceitou. Luis alugou um apartamento e na mesma noite foi embora.

Rose chorou muito aquela noite, é muito triste ser desprezada por alguém que tanto ama, mas o tempo foi passando, Rose, não deixou que ninguém percebesse sua tristeza e se atirou com afinco ao trabalho, não dando tempo que Luis permeasse seu pensamento.

Luis, por sua vez se vendo-se solto, cada dia saía com uma mulher, até que um belo dia uma garota disse que estava grávida dele. Mas como? Eu sou estéril... Não você não é estéril, minha amiga Rose trabalha num excelente laboratório, vamos amanhã lá fazer o exame de DNA e, os dois foram, mas como Luis era rico o exame ficou pronto em poucos meses e, realmente o filho era dele. Ficou feliz da vida.( o exame era falso).

No outro dia, bateu na casa da ex mulher, já entrou xingando e esbofeteando seu rosto, pois quem era estéril era ela, ele ia ser pai com outra mulher. Sou muito macho dizia ele e, você haverá de ficar sozinha para sempre, pois já está envelhecida e feia. Saiu. Rose prometeu não chorar, foi dar queixa na polícia e chamaram o seu marido para dar as satisfações. Explicou e o delegado deu seu veredicto: Você vai ficar preso na delegacia só essa noite, e amanhã bem cedo, antes do café, nós o levaremos ao médico para fazer todos os exames para conhecermos a verdade.

Depois do exame que Luis teve que pagar novamente, só que esse não era de DNA e sim de espermograma, tão logo estiver pronto mandarei chamá-lo. Passado uma semana Luis foi chamado à delegacia e o delegado muito docilmente disse a ele: O exame está lacrado, abra você mesmo para conferir. Ao abri-lo, chorou, não por ser estéril e sim por não acreditar na sua mulher. Rumou diretamente para a casa de Rose, bateu à porta.

A porta se abriu, ele quase caiu de costas, Rose estava toda produzida, linda com aquele vestido azul, aquele batom vermelho, ficou pasmado...Entre disse Rose.
Ao adentrar sua casa já com os olhos umedecidos, chorou copiosamente o seu engano. Você me perdoa? Nesse instante entra na sala um homem lindo e disse a Luis, perdoar ela perdoa, mas tão logo sair o divórcio ela será minha mulher.

Aí que da Luis, perdeu seu amor por estupidez...


 Dorli Silva Ramos


Solidão não escolhe sua presa





Atravesso a mesma ponte diariamente
Na esperança de encontrar uma solução
Maldita solidão fez morada na minha vida
Um vazio opaco tomou conta do meu ser

Sou linda... solidão, por que me escolheu?
Olho-me no espelho sem vontade de me ver
É um buraco que corrói meu cérebro adentro
Procuro e não consigo encontrar motivo algum

Minhas pernas tremem, eu só penso em dormir
Lá fora a vida está a me esperar com glamour
Minha boca fica amarga, minha vida acabou
Não tinha motivos para se impregnar em mim

Mas hoje vou dar um jeito de jogá-la da ponte
E passando por ela, coração acelerado, gritei
Suma da minha vida, vá pro fundo do rio
Quero amar, ser feliz e brilhar na ponte do amor

Dorli Silva Ramos

domingo, 6 de janeiro de 2013

A nudez do amor...





Despi-me do meu eu para ficar contigo, sofri um turbilhão de humilhações para poder concretizar meu amor contigo. Eras lindo e fogoso, me aquecia com teus beijos dominantes e, muitas vezes, brutos e inconsequentes, beijos esses que me deixavam voar às nuvens, me dominava com loucura e era assim que eu gostava do teu jeito de me amar.
Passou o tempo, já não mais linda como querias começou a caçoar do meu jeito bobo de fazer amor, pois ele queria ver sangue escorrendo dos meus lábios e ao beijá-los mordia-os até sangrar; e eu gostava do teu jeito bruto de me amar.

O tempo voou rápido demais para eu poder perceber que o teu jeito de ser não era normal para um homem querer ver sangue ao invés de carinhos e beijos suáveis e delicados. Fui perceber tardiamente que era um psicopata. Fugi. Sumi pelas veredas da vida com meu coração sangrando, pois por tudo que ele me fez eu gostava do teu jeito de me amar. Fiquei aos pés de uma frondosa árvore, quase semi- nua, pés descalços, quando ouvi uma voz: Te encontrei mulher, fugiste de mim e, com uma faca na mão veio a minha direção, nisso senti meu corpo levitar e aconcheguei-me num galho frondoso.

-Desça daí mulher, quero retalhá-la em pedacinhos minúsculos, comer da tua carne e beber do teu sangue até me saciar e, o resto que sobrar quero enterrá-lo numa cova rasa para que os cães famintos venham deixar teu esqueleto nu, para que eu saiba que tu nunca mais serás de ninguém. Minhas pernas tremiam, o medo era constante; nisso começou a chuviscar e numa fração de segundo grossas gotas batiam meu rosto a deslizar meu corpo semi-nu.

O pôr do sol estava sumindo e, antes que a escuridão temesse minha alma, ouvi uns latidos de cães que ao vê-lo embaixo da árvore atacou-o sem piedade, logo atrás alguns soldados chegaram para prendê-lo. De cima da árvore comecei a gritar e os soldados não tinham escadas para me tirarem de lá e, num ímpeto, como se tivesse asas fui baixando vagarosamente até o chão. Desesperada abracei o soldado e, desfaleci.

Acordei no hospital, meus pais choravam minha desgraça, mas também a emoção de poderem me abraçar e voltar para casa, pois era lá o meu lugar. Nisso alguém bateu à porta e ao abri-la, entra um lindo jovem de cabelos encaracolados, olhos negros como a noite e me entregou flores, foi aí que lembrei que era o soldado que por certo me carregou no colo até a viatura e me trouxe ao hospital. Meus pais agradeceram e saíram sorrateiramente do quarto.

Meu nome é Willian e vim saber de você e com a delicadeza de um anjo beijou minhas duas mãos juntas e me disse: eu sempre te amei; nesse momento tudo rodou a minha mente, pois aquele jovem era meu colega de escola que sempre dizia que iria casar-se comigo, então sorri. Passei a mão no seu rosto e, muito fraca, adormeci.

Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Seu cheiro me desperta emoções



mulher marrom jpg

Todos os dias, por volta do crepúsculo do entardecer você passa em meio  as folhas secas, altiva, sem olhar para lado algum. Você vai, mas deixa impregnado no meu ser seu cheiro de mulher, que me desperta muitas emoções. Quem é você mulher que não fala com ninguém? É de carne ou é uma bela miragem do oásis. Não, oásis não pode ser, pois você faz esse caminho todos os dias perto da minha casa, já tentei te seguir, mas seus passos são ágeis e, de repente desaparece do nada, assim como mata minha vontade de tocá-la, beijá-la, saber seu nome, de onde vem, saber tudo.
Por vários dias passei por esse martírio, tudo igual, não consigo alcançá-la. Ah! Já sei o que vou fazer, amanhã eu lhe pego mulher.

Acordei cedo e fui a procura de um tronco bem comprido, de cor tal as folhas secas e se encontrar irei colocá-lo no seu caminho, quem sabe você caia na minha armadilha, pois já não aguento mais ver tanta beleza e seu perfume inebriante me faz ver estrelas durante o dia. Achei o tronco certinho e cuidadosamente, sem fazer nenhum barulho coloquei-o na sua trilha e, fiquei a tarde inteira a sua espera e você não apareceu, fiquei totalmente decepcionado, tanto trabalho pra nada.

O crepúsculo do entardecer estava perto do horizonte e cansado cochilei alguns minutos e, de repente aquele barulho de folhas secas. Acordei rapidamente, o pôr do sol, meu companheiro iluminou aquele lugar, e caída no chão, não acreditei: era ela, caiu na armadilha, olhou para mim e sorriu. Ao abrir a sua boca, dela saiu um hálito de vinho, no qual fiquei entorpecido, criei coragem, ajoelhei-me ao seu lado e perguntei:
- Quem é você que me deixa louco, teu cheiro me deixa zonzo revira minhas entranhas quando passa por mim e não me olha? Ela então respondeu:
- Sou a deusa das campinas secas e quem conseguisse me derrubar, seria meu para sempre, mas muito longe daqui.

Assustado, afastei-me um pouco e ela agarrou-me com uma força brutal para uma mulher tão linda como era e, ao me tocar suas suáveis mãos pareciam de veludo a percorrer meu pescoço e, me beijou. Fiquei completamente apaixonado e os beijos e abraços mais intensos e seu cheiro fez de mim seu homem e ela minha mulher. Desfalecemos ao descanso nas folhas secas.
-Eu me chamo Dora, disse a mulher e moro numa casinha com um regato e muitas flores, lindos animais, árvores frutíferas, enfim, lá é meu paraíso que quero dividir com você e sem pensar duas vezes, caminhamos junto ao lugar prometido. Quase desmaiei ao ver a deslumbrante beleza daquele lugar. Ali moravam casais com seus filhos a brincarem no regato com os peixinhos. Ali estou até hoje. Ficou com inveja?... Venha pra cá!  


Dorli Silva Ramos