sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Quase primavera...



 O inverno aqui onde moro é bem ameno, está chegando a primavera, não da pra ver nenhuma mudança, principalmente nos campos que deveriam começar a florir perto dessa estação. As flores do campo precisam dar lugar a cana de açúcar, as Usinas são a alavanca da cidade, dando muitos empregos tanto ao corte de cana como serviços internos. Aqui nós temos boias frias advindas do nordeste para o corte da cana.
 Quando era pequena não tínhamos quase nada, mas esse nada floria nosso coração, onde víamos os campos floridos, as fazendas verdinhas, os gados pastando, pouquíssimos carros. Meio de transporte por aqui era o trem movido a lenha( o famoso Maria Fumaça) e outro elétrico, bicicletas, carrocinhas e os taxistas usavam as charretes como meio de transporte.
 A maioria dos habitantes tinha nas suas casas, grandes quintais com galinheiro, verduras, legumes, frutas, dos quais se alimentava, havia no ambiente uma sinfonia de pássaros lindos e coloridos à bicar nossas frutas e verduras, fazia-se necessário colocar papéis brilhantes. À frente das casas havia grandes jardins onde pegava dos campos mudas de variadas flores e plantava com amor e em pouco tempo estava florido. Os beija-flores sugavam o néctar adocicado e, eu ficava ali parada tentando pegá-los na mão. 
 Na primavera era gostoso andar pelas ruas da cidade, algumas ainda não pavimentadas, mas ninguém ligava, pois o colorido enchia nosso coração de amor.
 Nas encostas dos terrenos via-se muitos chiqueiros de porcos e meu único trabalho: levar água para os porcos e aproveitava para rastejar na grama par ver ninhos de passarinhos, olhava os filhotes, mas logo tinha que sair, colhia abobrinhas e pegava ovos dos ninhos. 
 Não é saudosismo, mas viver num lugar onde cada um sabia da sua camada social, não havia roubos, crimes, raiva e nem inveja, já era uma Benção de Deus. Todos éramos felizes, pois tínhamos as quatro estações do ano bem definidas, sem fagulhas de cana queimada à respirar. 
 A primavera que logo se inicia, algumas árvores e flores cultivadas, não têm o mesmo brilho das flores naturais. Nas estradas vê-se alguns ipês saudosos que choram a solidão do colorido e o perfume da sutil primavera.





Dorli Silva Ramos

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Partida



 Estou partindo no alvorecer, antes que tu acordes, pois nosso amor não pode dar certo se tu em sonho falas o nome de outra mulher, ainda em sonho me beija com loucura e tenta fazer amor comigo contra a minha vontade. Acordo-te aos berros. Assusta... O que foi? Estava delirando? 
 É nessa tristeza que estou fugindo de ti e de mim mesma, vou caminhar até me encontrar, quero me perguntar se eu mereço viver nesse dilema, pois apesar de amar-te, jamais irei satisfazer os teus caprichos.
 Eu mereço ser amada por um homem que vê em mim qualidades de mulher apaixonada, pois não posso viver na sombra de outra mulher que nem conheço.

Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O dia amanheceu sorrindo( miniconto)



 O dia amanheceu sorrindo e com ele o prenúncio da primavera para encantar corações desfeitos por um amor mal acabado, que nesse dia se costuraram as amarguras que acometia a duas pessoas que se amavam com muita intensidade. As flores sorriram.
 Duas bocas a se unirem num beijo abrasador, um abraço forte quase a esmagar corações que sorrindo começam a bombear sangue para as veias e, não tendo mais espaço explodem de prazer.
 O sol começou a brilhar entre as frestas da janela daquele quarto perfumado de amor e paixão e as janelas sem vergonhas se abriram para aplaudir esse recomeço de amor, que com certeza, agora seria para sempre.
 Pelas janelas o casal pode ver singelas flores azuis viçosas no seu esplendor, que foram saudadas pelo belo casal e pela brisa que molhava suas pétalas sutis.
 E para completar toda essa felicidade, os sabiás vieram pousar na janela para soltar seus lindos gorjeios.
  

Dorli Silva Ramos

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mulher bonita


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Mulher bonita ama seu corpo
Mesmo sem o colorido das fotos
É exigente nos contornos
Teu olhar tem brilho no escuro

Teus lábios delineados atiçam loucuras
Que fantasiam doidas paixões
 Negros cabelos cobrem colo com posturas
Seu pensamento povoa com canções

Magoa sem dó quem a ama com muito ardor
Não quer ninguém para dividir seu amor
Ficará na triste solidão, não amarás ninguém

O tempo urge e murchará teu lindo rosto
Teu olhar perderá o viço das flores
 Belos lábios murcharão para teu desgosto

Dorli Silva Ramos