Voltei. A casa está fria, o vinho perdeu o sabor, apenas a rosa
parecia resistir a falta, falta de mim que fui tão especial para todos
que me rodeavam. O sucesso me cegou; aproveitei o máximo que pude das glórias,
zombando dos que me ofereciam amor e eu lhes sorria meu desprezo.
Eu sempre quis ter muito mais, até o infinito teria que se
ajoelhar aos meus pés, pois minha beleza ofuscava seu brilho natural.
Galanteios os aceitava com desdém, propostas de casamentos as dissipavas e eu
só gozava das luxúrias que a minha suntuosa beleza me proporcionava.
Para os homens apaixonados era a deusa mais bela, onde no mundo
não haveria outra igual, "pisava" nos serviçais e me achando a mais
bela das rainhas, enriqueci.
Um dia voltando de uma deslumbrante festa, o motorista do luxuoso
carro do meu parceiro sofreu um infarto. O carro perdeu a direção na pista, nós
fomos parar num hospital bem simples. Com meu parceiro pouco aconteceu, apenas
algumas escoriações, mas eu estava com um olho tapado.
O homem que brilhava a minha beleza disse ao médico: Vou levá-la
daqui para o melhor hospital particular para ser cuidada melhor do que aqui. Então o médico lhe respondeu:
_ Pode levá-la, mas todo o seu dinheiro não irá lhe devolver a
vista que perdeu. Ele quase desmaiou (...)
O homem que dizia me amar saiu sorrateiramente pelo corredor e
nunca mais voltou. Aqui estou desprovida do meu lindo olho azul, onde no seu
lugar colocaram um de vidro. Estou horrível.
Voltei, devido a minha estupidez.
Dorli Silva Ramos
VENHAM QUEBRAR A CUCA NO MUINDO DOS INOCENTES.KKKKKK