www.joaopessoa.pb.gov.br1500 × 1000
Eu nem sei bem quem sou e,
perambulando pela vida, desde garoto, quando fugi da fome lá no meu querido
sertão, vivo por aí, fazendo um bico cá outro lá e moro num barraco sozinho.
Tenho vinte e três anos e um grande sonho: ter a minha rocinha, a enxada eu já
tenho e muitas forças para o trabalho pesado.
Um dia sentado numa pequena mesa
que eu mesmo fiz, cansado, tirei um cochilo, nisso bateram à porta do meu pobre
barraco, a porta abriu e um homem já velho quis contratar-me para cuidar do seu
sítio, que prontamente aceitei.
Qual é seu nome? Me chamam de João,
mas não tenho documento nenhum, fugi da fome, não para enriquecer e sim para
juntar algum dinheiro para buscar minha família, queria aprender a ler e
escrever.
O sitiante de nome Geraldo,
alojou-o numa casinha já com as mobílias e foi cuidar de arrumar seus
documentos. Ele tinha influência com o delegado da cidade e não foi difícil
tirar uma cópia da certidão de nascimento e, a partir daí João com seus
documentos pode ser registrado e frequentar a escola à noite para aprender a
ler e escrever.
Passado um ano, João prosperou,
pois, o sitiante oferecia alimentação a ele. Em quatro meses João começou a ler
e pode buscar sua família lá no sertão. Foi a sua maior felicidade.
Depois de uma semana eles chegaram
e todos ficaram deslumbrado da beleza do sítio e o Sr.Gerado disse ao seu pai:
seu filho é um batalhador, não tivemos filhos e ele transformou meu sítio em
felicidade, que agora será dobrada com a sua família.
E assim o sítio prosperava, mais
mãos de obras, tinha de tudo no sítio: frutas de todas as espécies, porcos,
galinhas, uma vaquinha para o leite e assim foram vivendo felizes.
O Sr. Geraldo era devoto de Santo
Antônio e aquele ano resolveu fazer uma festa no seu sítio, mãos as obras,
todos: uns fazendo quentão, outros rapadura, outros bandeirinhas e João foi
convidar todo o pessoal dos sítios vizinhos.
Chegou a hora do terço, o rezador
era pai de uma linda cabocla que deu uma olhada para João que ficou todo
assanhado e feliz.
O tempo passou, João casou-se na
igrejinha do sítio com a cabocla linda de nome Izilda e como era de se esperar
tiveram vários lindos filhos: uma benção, como diziam os avós.
Geraldo ficou muito doente e
morreu, ficou sua mulher a choramingar de saudades. Todos os dias a mãe de João
que trabalhava na casa da patroa chegava cedo, aquele dia fatídico resolveu ir
mais cedo encontrando-a agonizando ela entregou um envelope, o qual guardou no
armário. A patroa morreu.
Passado uns dias, ficaram à espera
de alguns parentes e, nada. Foi aí que a mãe de João lembrou da carta e
entregou a ele.João leu a carta chorando, pois nela dizia que o casal gostava
dele como filho e tinha deixado toda a herança para ele.
Aí, João chorou...