Cá
estou numa tristeza inconsolável, pois minha vida deu uma virada de noventa
graus. Tinha marido e dois filhos e todos se foram num acidente de carro. Eu
estava em casa, enquanto meu marido foi passear com os garotos no Safári e na
volta, o acidente, nada sobrou na minha vida só a desolação de me ver só sem
vontade de viver.
Sei
que sou jovem, mas mal tinha começado minha vida e tudo me foi tirado e, às
vezes, me pergunto: por que não os acompanhei no passeio de ida? Lá onde estão é
bem melhor do que aqui, eram anjos de bondade e, com certeza estão num bom
lugar. E eu? fiquei com esse nó na garganta, uma saudade que não tem fim, quero
só dormir e beber água.
Numa
noite dessas, muito fraca adormeci durante o dia e sonhei com meu marido e, ele
dizia: meu amor, você não pode viver aqui, tem muitas coisas a fazer aí na
Terra. Levanta coma alguma coisa e viva, nós estamos bem nesse paraíso e as
crianças não lembram de nada. Acordei assustada, quase caí da cama de fraqueza
e medo.
Fui
até a cozinha com as mãos trêmulas de fome comi uma fruta e, paulatinamente fui
melhorando até que minhas pernas se firmaram no chão. Se não fosse o sonho eu
iria morrer, ou seja, me suicidar e nunca mais iria encontrar minha família.
O
tempo passou, cinco anos. Estava eu numa lanchonete comendo um lanche numa mesa, só, e ouvi alguém dizer: posso me sentar aqui, não tem mais lugar, abanei a
cabeça que sim.
Sempre
fui uma mulher bonita, mas agora estava sem brilho, com muito desleixo e sempre
meus olhos lacrimejavam.
O rapaz sentou na minha mesa e disse-me que gostaria de me ver
no outro dia, ele queria tirar essa tristeza que abatia meu rosto ainda belo e
jovem; dei-lhe um sorriso amarelo e disse sim.
Chegando
à noite, apesar de estar viúva havia cinco anos, não esquecia aquele fatídico
dia, cansada do trabalho, banhei-me e fui dormir.
Queria
sonhar com meu marido e nada, ele já havia encontrado um lugar maravilhoso para
abrigar nossos filhos e eu precisava viver, foi aí que olhando-me meu reflexo no
espelho me vi ainda bela e sorri.
No
outro dia, depois do trabalho parei na lanchonete e ali já se encontrava o
jovem a minha espera, levantou-se e, como um cavalheiro puxou a cadeira para eu sentar e ficou encantado com o brilho do meu olhar.
Nos
apresentamos: Lucas e eu Clara. Saímos à noite para assistirmos um concerto
musical não muito longe da minha casa,
Chegando
em casa, beijou meus lábios e senti que ainda tinha vida para continuar e
conquistar um outro amor. Nos casamos em seis meses.
Sou
uma mulher agora feliz, tenho uma menina, mas nada me faz esquecer a outra família que foi
morar n'outro plano.