girl back hair
A vida foi minha confusa identidade. Era bem
jovem quando senti a dor do parto que culminou com a morte do meu pequenino
bebê, filho de Eduardo que sumiu das redondezas da cidade quando ficou sabendo
da gravidez. Apanhei a paulada do meu pai que tentava esconder a sua vergonha
fechada num quarto escuro por um ano.
Ano suficiente para que eu pudesse escrever
meu diário de sofrimento psicológico, onde minhas necessidades físicas
rapidamente eram num banheiro fedorento, aproveitava para o banho de bacia com
sabão de soda. Ali fiquei trancada durante um ano.
Um dia, meus pais tinham que viajar perto para o
enterro do meu avô e me deixou trancada no quarto a deus dará. Que bom!Nem sei
a força que fiz para quebrar aquela portinhola velha, sair com
alguns pertences e sumir.
Parei para descansar num banco joguei meu
diário fora e sozinha conversando com a vida, chorei minha desgraça. Neste
instante passa por mim um cachorrinho lindo, muito bem cuidado e pulou no colo.
Acarinhei-o e ele começou a me lamber. Fazia tempo que não sorria até
gargalhar, nisso aparece um jovem esbaforido e ao ver o cachorrinho sorriu e
ele pulou no colo de seu dono.
Conversamos um pouco e condoído da minha
triste história me levou para sua casa. Quando chegamos, estremeci ao ver a beleza
da sua mansão e não quis entrar. Aí, ele me pegou pela mão disse que se chamava
Artur e entramos.
Já dentro da mansão aparecem seus pais e
sorrindo para mim perguntou ao meu filho: quem é essa jovem linda e tão
sofrida? ele respondeu: minha namorada e futura esposa. Desmaiei.
Contei aos pais de Artur toda a minha
história debulhando em lamentos. A mãe de Artur disse que eu, sua futura nora
iria ser a jovem mais amada do mundo para compensar os maus tratos que meu pai
fez comigo.
Já de maior idade, casei-me com Artur que
estava radiante de felicidade e me disse: vou amá-la para sempre, abracei-o
chorando, beijei seus lábios e disse que o amor era recíproco até a morte.
O enlace aconteceu, o passado morreu. Nasci
no dia em que conheci Artur.