quinta-feira, 26 de março de 2015

Identidade confusa


girl back hair


A vida foi minha confusa identidade. Era bem jovem quando senti a dor do parto que culminou com a morte do meu pequenino bebê, filho de Eduardo que sumiu das redondezas da cidade quando ficou sabendo da gravidez. Apanhei a paulada do meu pai que tentava esconder a sua vergonha fechada num quarto escuro por um ano.
Ano suficiente para que eu pudesse escrever meu diário de sofrimento psicológico, onde minhas necessidades físicas rapidamente eram num banheiro fedorento, aproveitava para o banho de bacia com sabão de soda. Ali fiquei trancada durante um ano.
Um dia, meus pais tinham que viajar perto para o enterro do meu avô e me deixou trancada no quarto a deus dará. Que bom!Nem sei a força que fiz para quebrar aquela portinhola velha, sair com alguns pertences e sumir.
Parei para descansar num banco joguei meu diário fora e sozinha conversando com a vida, chorei minha desgraça. Neste instante passa por mim um cachorrinho lindo, muito bem cuidado e pulou no colo. Acarinhei-o e ele começou a me lamber. Fazia tempo que não sorria até gargalhar, nisso aparece um jovem esbaforido e ao ver o cachorrinho sorriu e ele pulou no colo de seu dono.
Conversamos um pouco e condoído da minha triste história me levou para sua casa. Quando chegamos, estremeci ao ver a beleza da sua mansão e não quis entrar. Aí, ele me pegou pela mão disse que se chamava Artur e entramos.
Já dentro da mansão aparecem seus pais e sorrindo para mim perguntou ao meu filho: quem é essa jovem linda e tão sofrida? ele respondeu: minha namorada e futura esposa. Desmaiei.
Contei aos pais de Artur toda a minha história debulhando em lamentos. A mãe de Artur disse que eu, sua futura nora iria ser a jovem mais amada do mundo para compensar os maus tratos que meu pai fez comigo.
Já de maior idade, casei-me com Artur que estava radiante de felicidade e me disse: vou amá-la para sempre, abracei-o chorando, beijei seus lábios e disse que o amor era recíproco até a morte.
O enlace aconteceu, o passado morreu. Nasci no dia em que conheci Artur. 



quarta-feira, 25 de março de 2015

A mais linda mulher




Pra mim
 És a mais linda mulher
São anos de amor
Com fidelidade mútua 
Nós ficamos velhos juntos
Eu amo esse teu olhar
Dancemos a vida
As belas recordações
Tivemos filhos amados
Que Deus nos deu
Abençoados com saúde
Inteligência e muita dignidade.
Com nosso dever cumprido
Vivemos hoje felizes, a sós
 Numa linda e enorme casa
E perfumado jardim.
O teu cheiro 
Ainda é o mesmo
Cheiro de amor e lealdade
De amor sem fim
Da mulher mais linda
Que muito
 Adoro

 

terça-feira, 24 de março de 2015

Crônica: Pessoas mudas




Em qualquer esquina, nos becos, nas mansões, nas favelas; enfim, em todos os lugares se não houvesse os meios de transportes, as cidades ficariam mudas, as pessoas só fazem gestos: é a conversa tecnológica que assola o mundo atual. Não tenho celular, pois gosto de uma boa prosa e, muitas vezes cômica em entidades fazendo os pacientes rir da minha própria idiotice, mas faz tão bem...
Já se foram os tempos bons de outrora, das cadeiras na porta da rua, a conversa correndo a solta, os bolinhos de chuva e o suco de laranja feito no espremedor a mão.
Os meninos brincavam na rua sem asfalto, de chão batido, com bolinhas de gude, e nós meninas com bonequinhas de pano surradas pelo tempo.
As mulheres sentadas, depois de falarem mal alheio, contavam às crianças, causos que nos encantavam pelas suas criatividades, muitas delas analfabetas, mas de uma sensibilidade mil.
Naquele tempo a felicidade e o desprendimento fazia morada em nossas vidas e hoje dói a saudade d'um tempo que não volta mais.
A conversa que antes era natural, hoje só se ouve o barulho das buzinas e das balas num tiroteio que mete medo em qualquer cidadão que antes andava de madrugada pelas ruas e nada acontecia. Não escapa ninguém de um infortúnio e não adianta gradear as casas, pois os ladrões, escondidos, nos pegam quando acionamos o portão eletrônico.
Ainda falta muita tecnologia para a segurança. Só escapam hoje os "coronéis" que trafegam em carros blindados com motoristas e seguranças treinados
Essa é nossa vida solitária. Não se ouve mais nem o gorjeio dos pássaros. É triste demais...


segunda-feira, 23 de março de 2015

Meu eterno amor




Espero ansiosa
Meu amor que está por chegar.
O tempo passa
 Nada, a lua chora meu sofrer.
No meu desencanto
 De longe tento pegá-la.
Não há estrelas
A lua emudece a noite
Chove, chuva miúda
Mistura com as lágrimas
Que debulho
No meu colo ávido
De mil desejos sutis
Lua dorme
A noite vira um breu
Nesse instante
Alguém me agarra e me beija
Sabia que viria
Meu eterno amor