segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A dor da carne




A dor da carne nos engasga
Ela quer enfeitar nosso corpo fragilizado
E infelizmente consegue
O humor é desastroso e lastimável
Nós falamos demais
Choramos e a dor persiste em ficar
Pedimos a Deus, Ele parece não ouvir
São tantos clamores
É impossível ouvir todos eles
E os filhos, choram sem saber o que fazer
Remédios não fazem efeitos
Só há uma solução para esse desespero
A morte
Mas ela não vem sem hora marcada
E quem marca essa hora
É Deus

domingo, 8 de janeiro de 2017

Agradeço




Ó Deus! Quero conversar contigo
 Mas por que tenho que ir?
Papai do céu não conversa
Vim agradecer e olhe sempre por mim
Tenho medo do escuro
Dos trovões e relâmpagos
O piores relâmpagos aconteceram longe
N'outra família, apanhava muito
Papai não sabia, não contava
Não entendia o porquê
A noite conversava com as estrelas
E de repente cresci
E não aguentando tanto sofrimento
Casei-me aos dezesseis anos
Papai chorou, eu chorei
Fui morar no Rio de Janeiro
Não amava meu marido, mas o respeitava
Era bom comigo
Tive um casal de filhos
Continuei meus estudos
Hoje sou física de uma multinacional
Ele é Analista
Aprendi a amá-lo
Uma vez a cada três meses
Ia visitar os meus "pais"
Às vezes levava os netos
Mamãe morreu trouxe papai comigo
Até hoje o levo à praia
Onde as pequenas ondas batem seus pés
Pego em suas mãos e digo
Eu o amo papai
Ele chora e me abraça

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Mulher criança



" A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou, mas hoje vendo que o que sou é nada, Quero ir buscar quem fui onde ficou."
                                                                                                  ( Fernando Pessoa)

A vida não tem retrocesso, ela não está mais lá, ela é tua sombra e tu chegaste a cidade grande sem dinheiro e estudo, a rua foi o teu lar. Arrependeste? Volte...Ainda há tempo.
Não queres voltar derrotada para o teu rincão, irás te atolar num mar de lama para sobreviver.Andas pelas ruas imunda. Não houve jeito foi morar na Zona, deixando tua família e a criança a chorar na estrada. Foste tu, agora és o resto do mundo que na rua nem os cachorros chegam perto. De dia nas ruas, à noite na Zona. Até quando mulher irás aguentar? 
O tempo foi passando nesta vida sofrida os sucos começaram aparecer em teu rosto, ninguém a queria mais, então, a cafetina arrumou-lhe um emprego com registro em carteira: lavava, passava e ajudava na cozinha, assim como ela foi a criança que chorou na estrada, agora é jogada  fora dos bailes e das urgias, envelhecia rapidamente.
Como todo mundo tem um anjo ela também tinha: a cafetina, com dó deu a ela um emprego e até gostava muito dela. Tinha teu quartinho limpinho, roupas normais, só nunca mais apareceu no salão.
Um dia ela resolveu voltar pra casa, teu pai já morto e tua mãe muito velha. A cafetina acertou as contas e ela foi pegar o trem, teus pensamentos revoltos nem havia percebido que tinha chegado. Desceu e, caminhando deste uma parada na estrada, choraste copiosamente pois foste ali na estrada que deixaste tua inocência para vencer na cidade grande, mas não deu certo...
Chegaste a casinha da tua mãe, ela chorou de felicidade e triste ficaste por teu pai ter ido pro céu e ela não estava para despedir dele. Tua mãe estranhou e disse: filha envelheceste muito! É a vida mãe.
Foste trabalhar na casa da fazenda, ninguém sabia da tua vida na capital e, às vezes tem saudades da criança que chorou na estrada.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Maria





Maria amada Maria eu só quero você, bailar no seu corpo ardente cheio de desejos. Maria eu morro se ficar sem você, dos meus sonhos sonhados coloridos de "pitanga". Maria lambuze-me de batom da cor do prazer.
Amanhece, levanto, Maria está no seu sono dos [anjos], acordo Maria com um beijo e um delicioso cheirinho de café, a pego no colo, aperto-a no peito e vamos nos banhar. Banheira com água quentinha com rosas vermelhas com cheiro de amor.
A desnudo, engasgo de prazer e a coloco na água, num estalo me despe, me puxa pra água louca de prazer. Maria, Maria, não existe no mundo mulher igual a você.
Vou pro trabalho, beijo Maria, depois de duas horas adoeço [nada sério] volto pra casa e no quarto Maria me traindo. Maria por que Maria você me traiu? Matei Maria, morri por dentro.
Nessa cela gélida me deram razão [choro]. Por que Maria deu seu corpo a um homem qualquer?
Após dez anos votei pra casa, abri a porta. Chorei Maria, seu cheiro está impregnado em tudo na casa.
Deito na minha cama que também era sua e choro você Maria. Por que Maria? Adormeço.