quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Eu já sou nada




abandono

Quanto na vida fui homem atuante
Resolvia qualquer problema na empresa
Levava o  pagamento todo pra casa
A mulher reclamava que era pouco
 Pouco? Nova por que não trabalhava?

Tinha eu que puxar a carroça sozinho
Nos separamos, o amor já tinha ido
Fui morar numa pensão livre de chatices

Ajudava nos estudos dos nossos netos
Vinha sempre pedir dinheiro, eu sempre dava
Ficava até com vergonha na saída do trabalho
Um dia já cansado disse: você vai cuidar de mim?

Não respondeu ela, então se vira acabou o dinheiro
Hoje converso com os pássaros na pracinha
Dou-lhes o que comer, hoje são minhas companhias
E amanhã? Onde vou, vou pra casa de abrigo
 Somos bons enquanto temos dinheiro!
Assim é a vida!

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Paixão (reedição)



paixão


Pobres pecadores à procura da paixão
Ela não é amor, pois amor é serenidade
Quando ela vem nos tornamos destemidos
Para embalarmos como criança desprotegida

A paixão tem curto tempo de validade
Logo se acaba e saímos machucados
Vindo lágrimas e suspiros de saudade

O tempo carrega esse mal
Para irmos à procura de uma nova vida
De repente, eis que deparamos
Com outra paixão vinda sorrateira

Quando é meu Deus que vai parar
Essa vida de tropeços apaixonados?
Só a velhice poderá responder...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A dor da carne




A dor da carne nos engasga
Ela quer enfeitar nosso corpo fragilizado
E infelizmente consegue
O humor é desastroso e lastimável
Nós falamos demais
Choramos e a dor persiste em ficar
Pedimos a Deus, Ele parece não ouvir
São tantos clamores
É impossível ouvir todos eles
E os filhos, choram sem saber o que fazer
Remédios não fazem efeitos
Só há uma solução para esse desespero
A morte
Mas ela não vem sem hora marcada
E quem marca essa hora
É Deus

domingo, 8 de janeiro de 2017

Agradeço




Ó Deus! Quero conversar contigo
 Mas por que tenho que ir?
Papai do céu não conversa
Vim agradecer e olhe sempre por mim
Tenho medo do escuro
Dos trovões e relâmpagos
O piores relâmpagos aconteceram longe
N'outra família, apanhava muito
Papai não sabia, não contava
Não entendia o porquê
A noite conversava com as estrelas
E de repente cresci
E não aguentando tanto sofrimento
Casei-me aos dezesseis anos
Papai chorou, eu chorei
Fui morar no Rio de Janeiro
Não amava meu marido, mas o respeitava
Era bom comigo
Tive um casal de filhos
Continuei meus estudos
Hoje sou física de uma multinacional
Ele é Analista
Aprendi a amá-lo
Uma vez a cada três meses
Ia visitar os meus "pais"
Às vezes levava os netos
Mamãe morreu trouxe papai comigo
Até hoje o levo à praia
Onde as pequenas ondas batem seus pés
Pego em suas mãos e digo
Eu o amo papai
Ele chora e me abraça