Hoje cansei de tanto pescar letras para fazer um
triste conto que vou engavetar dentro do meu coração e, com a alma
estatelada, guardo comigo uma dor que não conto pra ninguém. As estrelas me
abandonaram ficando só algumas, pois se apiedaram de mim.
Estou só dentro do meu próprio eu, cada um é
único. O homem está ficando muito egoísta e mau e seu coração parece ser de
plástico, Não há respeito mútuo, um querendo se sobressair o outro pisando em
seus sentimentos; isso inclui até os filhos, os quais muitos deles não veem a
hora dos pais morrerem para dividir a herança que suaram a vida inteira para
juntar.
Cadê o amor? Só ouço em meus sonhos, os gritos e
ranger de dentes, as portas não param de bater, pois um vento forte com
chuva está chegando. É noite, estou só no meu quarto gelado. Todos me
abandonaram, diziam que estava enlouquecendo. Será? Não sei.
Às vezes me perco em meus pensamentos, perdi
minha vaidade, pareço uma esdrúxula andando na noite num pedaço de sítio
abandonado como eu. Quem sou eu que me derreto em prantos nessa solidão? Não
sou mais nada, tal como um pedaço de carne que nem o cachorro quer comer.
Abro a porta, olho o céu todinho estrelado, a
Lua sorrindo e alguém tocando-me: acorda amor, a noite acabou, temos que nos
apressar para não perdemos o avião.
Olho à minha volta, ainda muito cansada, dor no
corpo e com uma premonição, então disse ao meu marido: não quero mais viajar,
sonhei que o avião caiu. Ele meio triste, mas concordou com minhas loucuras.
Estávamos sentados no sofá da nossa linda casa
na cidade, quando houve o noticiário: o avião... que tinha rota para Paris caiu
e todos morreram.
Nos abraçamos...