sexta-feira, 2 de junho de 2017

Queria






Queria poder voltar o tempo
Para sentir o teu abraço
Tuas palavras de carinho
E dos beijos que me deste

Balançávamos bem alto
Sentindo o cheiro da relva
Daí vinha a chuva sorrateira
Corríamos para nos abrigar

Queria poder voltar o tempo
No auge dos meus quinze anos
Brincar de esconde-esconde
E quando me encontrava sorria

Mas o tempo malvado não volta
Fico apenas na saudade que deixaste
Hoje mais madura me arrependo
De ter-te um dia mandado embora
           



quinta-feira, 1 de junho de 2017

Amada




 
Amada, és no adormecer
És no teu sonhar
És no teu despertar
És no me abraçar

Amo-te desde menino
Amo-te brincando
Amo-te correndo
Amo-te na chuva

És a paixão que explode
És a beleza das rosas
És o ciúme que curto
És a razão do meu viver

És o nó atado no meu peito
És as rugas do meu rosto
És a minha companheira
  

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sem porta do fundo





Nesse casebre com uma única porta, a da frente morava uma família bem grande: os pais e seus treze filhos. A mãe era linda e gostava de grandes noites de amor, apagava a lamparina e cada ano nascia um filho.
Ela era crocheteira, ele um boêmio vagabundo lindo e à noite cruzava suas pernas no bordeaux e tocava lindas canções no seu violão, ganhava alguns trocados e o estabelecimento deixava ele levar para o quarto a mais bela rapariga.
Sua mulher sabia, mas apesar do ciúmes ficou doente e não teve outra opção, a não ser aceitar, ele era carinhoso com os filhos e sua mulher.
Era ótima crocheteira, fazia lindos trabalhos, afinal era preciso, pois eram  muitas bocas para comer.
As crianças cresciam plantavam no fundo do quintal: banana, mandioca, verduras à vontade. Havia jabuticabeira, bananeira, laranjeira. O pai e os filhos mais velhos plantavam pinhão e aos domingos pela manhã iam vender nas feiras da cidade.
O mais velho dos filhos era uma mocinha que aprendeu com sua mãe a arte de crochetar, fazia sapatinhos e meias com cinco agulhas, usava linha, lã: sempre restos que ganhava na sua cidade.
Apesar dos defeitos do pai, ele era enérgico com a moral e o respeito humano e assim desses filhos alguns morreram e pro final eram nove os que ficaram tiveram uma educação familiar rígida.
Agora vocês me perguntam: se na casa só tinha uma porta, à da frente como eles faziam suas necessidades fisiológicas? Ficaram curiosos? Na latrina durante o dia e em e penicos à noite, levando a lamparina. Que vida!
A mãe sempre dizia aos seus filhos: por mais pobres que sejamos nunca roubem, sejam educados e nunca sentem no chão, isso porque no casebre de terra batida não havia cadeiras, sentavam em grossos tocos que o pai e os filhos mais velhos iam cortar mata adentro.
Os filhos cresceram, alguns estudaram com bolsas: esse tipo de bolsa era o seguinte: no quarto ano havia uma prova para ganhar um cheque do Estado que ficava na escola para a compra de materiais escolares, para o curso ginasial.
Enfim, trabalhando e estudando com bolsas, pois todos eram muito inteligentes, cada qual galgou sua profissão. Todos faziam até o ensino médio de hoje; mas arrumaram bons empregos, alguns foram para a capital, fizeram Faculdades Públicas e outros trabalhavam na própria cidade, outros foram para outros Estados, se casaram levando consigo seus pais que logo morreram.
Aí que digo apesar de não terem a porta do fundo tinham o que há de mais belo: a honradez deixada pelos seus pais, a melhor herança.
À tarde era aquela discussão quem tomava banho em uma bacia perto da latrina. Isso que é vida! Aposto que os filhos têm saudades dos tempos de outrora.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Mulher maldosa





Mulher maldosa também sabe se apaixonar
Mas antes ela irá machucar muitos corações ardentes
Homens enlouquecem por sua malandragem
Mas por enquanto é ela quem fica no comando do amor 

Sorri a vida com safadeza que lhe é peculiar
Adora ver batidas de carros e congestionamento por ela
Um olhar cerrado tudo vê e cai em gargalhadas
Essa mulher dilacera até a alma dos seus pretendentes

Um dia vê por ela passar uma mulher com um carrinho
Dentro dele viu um lindo bebê que sorriu para ela
Sentiu que a hora havia chegado de ter o seu belo homem
Amá-lo e com ele se casar para a raiva dos outros

A mulher maldosa tornou-se agora mais madura e regrada 
Pois é mãe, ficou mais linda passeando com seu bebê
Num lindo domingo a vi no parque e com seu amor felizardo
Correndo atrás do menino sapeca, o filho bem amado