terça-feira, 13 de junho de 2017

Cinzas do passado





Em meio a bailes e vinhos, vivi por dez anos. Hoje já envelhecida volto pra casa. Era linda rosa no seu desabrochar, mas o tempo encarregou de me presentear com rugas e cansaço, volto para minha família com as mãos "abanando".
Já com meus trinta anos, ar de sofrimento quem haveria de amar uma vadia? Nada guardei, comia restos das panelas na casa da minha mãe que se envergonhava de mim, com razão.
Um dia deitada numa cama feita de palhas, revirei meu passado que foi uma farsa; sonhei alto e o tombo foi dolorido. Mas o que estiver preparado pra mim, será.
Meus pais moravam num pequeno sítio e ninguém sabia do meu passado e para sobreviver com dignidade comecei a trabalhar na roça. O Sol transpunha meu chapéu de palha e os suores caíam por terra. Era o que eu merecia, pois fiz mamãe chorar quando fugi para a capital.
Num domingo ensolarado fui dar um passeio pelo sítio quando vi um moço com a aparência de seus trinta e cinco anos que me parou para conversar e disse que a tempo vinha me observando e estava apaixonado por mim. Apaixonou-se por mim? Nem me conhece direito.
Conheço sim, você não se lembra? Deitei com você numa cama com lençóis de cetim, fiquei louco por aquele corpo. Ali na zona eu a amei. Envergonhei-me dele e chorei.
Não chore, eu a amo e iremos nos casar, vou conversar com seus pais para os preparativos do enlace.
Nos casamos no civil e o padre da capela nos abençoou. Estava linda toda de branco, houve uma festa no sítio e a dança foi pela noite adentro, mas antes disse aos seus pais: amanhã vamos voltar para a capital, tenho que trabalhar, as férias estão terminando, moro sozinho e temos que comprar muitas coisas para a casa, agora vou levar a dona do lar comigo.
Eu não tinha idade para engravidar, mas Deus quis que eu tivesse um filho. Foi uma gravidez de risco, mas correu tudo bem.
Hoje somos em três muito felizes, graças a Deus.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Cheiro de mato




Tu tens o cheiro do mato da manhã
                      Ele amanheceu todo orvalhado
Abraço-te e o frio parece nos congelar
Quero viver ao teu lado por toda vida

Vou levar-te o café quentinho nas manhãs
                    Carregar-te no colo até a banheira com cheiro
     No meio das espumas quero ouvir teus gemidos
 
A noite é fria aqueço-me em ti juntinho
                   O silêncio  perdura pela noite e sussurramos
Acordo, o frio trinca ossos, acarinho-me em ti

Mergulho-te dentro do teu corpo sensual
                    Minha mente transpõe a tua no teu sono
Num cheiro de mato gotejando orvalhos
   Teu cheiro de mato fresquinho no alvorecer
 

domingo, 11 de junho de 2017

Dogmatismo ingênuo





O dogmatismo ingênuo está assolando o meu Brasil, um país com pouca cultura, haja vista que com a discrepância social, a fome é saciada por uma cesta básica e idolatram o seu benfeitor, a partir daí dizem sim a tudo, até parece que estamos retroagindo aos primórdios da civilização em que o rei mandava e os súditos obedeciam. 
Nós estamos no ano de 2017 e ainda tem gente que acredita em Papai Noel. Pode? É uma vergonha, mas já encontrei o problema do povo brasileiro: ninguém é ingênuo, mas se passam para ganhar...ganhar...
Nasci pobre, adotada pelos meus tios: ele lixeiro e ela cozinheira. Ninguém dava nada pra ninguém, eu ficava a deus dará, então cuidava da horta e no outro dia, mesmo com o frio trincando os ossos minha mãe colhia e eu amarravámos todas as verduras e legumes e eu saía a vender na cidade e na volta dava o dinheiro pra minha mãe no seu trabalho, já de banho tomado e com a bolsa para ir à escola. Almoçava bem no emprego dela. 
Meu pai era lixeiro, limpava a cidade e catava sucatas, era o único que fazia isso fez sua primeira casa e depois entre compra de terreno fazia outra casa que mesmo os que se consideravam da classe média tinham.
Hoje tudo é muito fácil, é só se fazer de santinho que ganham quase de tudo da Prefeitura, eu já me "virava" desde pequena, pois minha mãe guardava o dinheiro e me comprava roupas lindas. Cresci, depois com muita inteligência, estudo e um bom visual "voei" para a capital, agora podem completar minha história.kkk

sábado, 10 de junho de 2017

Sonho adiado




Sou filha do verde
               Que desabrochou
   Sonho  com um amor
         Que virá de algum lugar
Fecho os meus os olhos
                  Para poder sonhar
 Iluminam borboletas
 Ficam juntam a mim
Abro os olhos e choro a ausência
             O amor não veio
Engoli as lágrimas
Da minha solidão
Mas sou teimosa abro os olhos
          Tenho resiliência
Tenho a esperança
Que o amor chegará