Cacos de vida

cacos

Errei pela vida

Erguer em pé, impossível

Estragos que nela fiz

E agora irreversível

Estatelei, hoje sou cacos 
Eu seguro meu corpo

Equilibrando nas paredes

Esbravejo meu ócio

Embebedar nunca mais

Embarco na colagem dos cacos

Equilibro o corpo 

É fico forte em pé

Encontro minha amada

Ela me beijou

E debulhou em lágrimas

Então a embalei

 

Poesia Africana: enlace

poesia africana

 e assim aconteceu...
o filho do patrão se encantou
pela linda escrava
e disse que se casaria com ela

ela pra escapar dos açoites
assim desejou o enlace
apesar da idade dele
muito mais velho que ela

seu pai deu sua alforria
 assim livre pode se casar
com o velho filho do patrão
O casamento aconteceu

quis a sua festa fosse oposto
desejou a bela donzela
Seria ao redor da triste senzala
assim todos iriam se divertir

assim foi feito a gosto da donzela
a negra linda nora do patrão
lua de mel foi na bela casa
presente do sogro

logo que engravidou, chorou
amava um outro negro
pediu ao sogro a alforria do escravo
ele feliz pois seria avô, concedeu

numa noite chuvosa, ja combinado
Foge a donzela com  seu amor
quando seu homem acordou
eles já estavam muito longe

levou sedas e joias que ganhou
do apaixonado velho marido
Vendeu por alto custo
Compraram uma casinha

O sogro adoeceu e pediu
a alguns escravos que não morreria
Sem antes ver seu neto
saíram de carro de boi até encontrá-los

todos voltaram com uma condição
escravos livres com suas casas
e que os negros da fazenda
fossem bem remunerados

o sogro doido para ver o neto
alforriou todos os negros da fazenda
Concedeu a eles um bom salário
o neto de dois anos voltou

abraçou e beijou o neto
a avó babou ao ver a beleza do neto
de pele morena e olhos azuis
aí, entra o abandonado muito feliz

casou-se com outra bela escrava
ela com o bebê no colo
ele pegou no colo a sobrinha
beijou-a com amor 

Matas verdejantes

água

Águas do rio que descem em sofreguidão em pedras

Abraçadas pelo verde das escuras matas ciliares

Vêm  de muito longe, talvez uma geleira a derreter

Que chora pelo sol escaldante e pela perda da neve

As pedras não acostumadas com o frio das águas

Tremem, e assustam os peixes que escorregam

Sem saber o destino que os espera lá abaixo

Um anzol ou rede que irão levá-los à uma cozinha

Os peixes pequeninos conseguem abaixar e passar

Caem em outro rio mais plano e ali viverão felizes

Até que anzóis os fisguem, debatem até suas mortes

Ainda dizem que o homem é o único ser racional

Não, estão todos enganados, é o único ser irracional

Que não sente a dor do outro, só pensa em si próprio

Ponto final

 

Se são  dois pontinhos

Que eles sejam de saúde

Pois o Seu mundo mudou

Já não é mais o mesmo

 Dois pontos não mudam

Iremos ao plácido céu

A Terra virou loquaz

Seus filhos não o apraz

Suas vidas abreviadas cedo

Na pista da morte na Terra

Deixe o ponto final, escusa

Busquei-nos com apreço

Acolha-nos com amor

Veremos os nossos pais

Abracemos os progenitores

Também nossos amigos

Numa bela festança