terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Desventura





Éramos apaixonados, um amor que deveria se perpetuar para sempre em qualquer lugar, os beijos carinhosos me davam a certeza do seu amor. Era educado, tranquilo e muito sutil. Um ano foi o tempo que durou nosso amor, saiu da minha vida, como se nunca tivesse entrado. Que desventura!.

Tinha apenas vinte anos, nunca mais ouvi falar dele. Namorei outros rapazes, mas nunca tive vontade de me casar com ninguém, pois eu só dividiria minha vida com o homem que eu amasse. E o tempo passou, e como passou, hoje tenho setenta anos e passei a vida toda esperando por ele. À tarde ia sentar na praça arborizada da minha cidade para ler, ler era apenas uma desculpa, era a esperança de um dia poder reencontrá-lo. 


 


É nesse banco que eu o espero há cinquenta anos, procurei não sofrer: namorava esporadicamente, ia à bailes, viajava, trabalhava.  Mas todos os dias, após o trabalho eu ia lá no banco ler a saudade.
Tinha esperança que um dia ele voltasse, pois foi nesse banco que nossos encontros aconteciam há muitos anos.Parece engraçado, ninguém sentava nesse banco, não sei o porquê, talvez era a fragrância do nosso amor que ali se impregnou, sempre que chegava até ele estava vazio como está vazio o meu coração por tanto e tanto tempo.

Um dia andando pela cidade a esmo, sem saber onde iria, pois minhas pernas já estavam cansadas de tanta labuta e, já desanimada da espera, comecei a chorar. Nisso um homem de estatura baixa perguntou-me: por que chora? Ao levantar meu olhar meu coração começou a disparar, conheci aquele sorriso, aquele cheiro e ele disse: Voltei, meu amor, não pude voltar pois estava em outro país em guerra. Ninguém entrava e nem saía daquele lugar. Fui conquistar bons empregos e fiquei preso no país e na minha própria solidão.
Beijou minhas lágrimas que escorriam cansadas e disse: vamos viver juntos o tempo que nos resta e sentados não no  mesmo banco para não relembrar tristezas, então escolhemos outro banco em outro lugar e começamos a recordar nossa vida e o amor que não acabou.




Dorli da Silva Ramos

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fugir de mim mesma





Num louco devaneio alucinante

Quero agora fugir de mim mesma

Minha vida errônea me envergonha

Quero sumir e nunca mais voltar


Adentro a uma floresta com flores

Amarelas como o outono das estações

Traí a única pessoa que me amava

Sei que jamais irá me querer mais


Não sei o acontece com meu corpo

Uma linda flor amarela diz a mulher:

Venha, nós vamos moderar esse ardor

As flores me desnudaram, fitaram-me


Um raio lilás saiu das flores ofuscantes

Entrou em meu corpo, me senti feliz

Vá pra casa, seu homem a perdoará

Sem aquela loucura viveram felizes


Dorli silva Ramos


domingo, 2 de dezembro de 2012

Beijo derradeiro





Eu cheguei para dizer adeus.
Mas antes de ir embora,meu amor
Esse amor que ficou inacabado
Pede-lhe o último beijo, da despedida

É noite menina, não quero mais ficar.
Era noite sem luar, quando ele se foi
Meu coração em frangalhos, chorou
Lágrimas de sangue, lágrimas de amor

Saí às ruas desesperada, soluços de dor
Por mim passou um jovem e perguntou:
Por que choras, minha deusa, eu sempre a amei
Ele se foi, mas aqui ficou alguém para amá-la

Tempo passou, o romance virou amor e paixão
Hoje, encontro a felicidade nos seus braços
Braços que me acariciam com delicadeza sutil
Esse é um amor acabado que me leva às nuvens



Dorli Silva Ramos

sábado, 1 de dezembro de 2012

Mulher arco-íris





És minha reluzente paixão
Mulher arco-íris dos meus sonhos
Linda, esbelta à dançar para mim
Quero afogar-te com meus beijos

És sensual e com teu corpo altivo
Mil estrelas vêm cortejar tua beleza
Gostas da natureza, assim como amo a ti
Enciumado fico com a brisa à molhar teu rosto

Sais um pouquinho só desse pedestal
E venhas me beijar com infinda loucura
Pareces que não meu ouve, serás manequim?
Não, disse ela: primeiro tem que me cortejar

Saímos pelas veredas, cercada pela escuridão
Árvores sorriem nosso primeiro encontro
Jogo-a no grama orvalhada e a beijo a extasiar
Peito suado, coração a mil por hora.O descanso

Dorli Silva Ramos