Todas as noites eu acordo e saio à vagar uma estrada que não tem
fim, tendo como fiéis companheiros os urubus que choram minha sina, pois eu
morri no dia do meu casamento. Morri não, fui assassinada por ex -namorado que
não se conformava de me ver com outro amor.
Estava linda no altar, toda de branco, feliz
pois ia me casar com o homem da minha vida e, de repente só se ouviu um
estampido, não vi mais nada.
Não era o dia da minha morte, portanto só via
meu corpo lindo estirado num caixão todo enfeitado de rosas brancas e meu noivo
se debulhando em prantos, minha família desolada, chorando um choro doída da
perda da sua única filha. Eu não estava mais naquele corpo e tudo via e pude
saber quem realmente me amava.
E minha sina continuou, passando da meia
noite, saio da tumba e caminho aquela estrada fria, não parece noite e também dia. Um lugar assustador.
Fiz essa vida por três anos, pois, nesse dia,
ao sair da tumba encontro meu amor. Perguntei-lhe: morreu do que? Meu amor, não
aguentei a saudade e me suicidei para ficar junto de você.
Agora somos duas almas que se amam vagando a
mesma estrada em companhia com os urubus; dois espectros choramingando lágrimas
de dor por não termos concretizado o nosso amor.
Eles sempre estão nessa mesma estrada, se por
acaso passarem por eles não tenham medo, nada lhes farão...
Dorli da
Silva Ramos