Claude Nonet - soleil levant - 1872
Não aguentava mais aquela vidinha estúpida que levava com minha família, onde minha mulher só resmungava e maltratava a mim e ao nosso filho, como se fôssemos propriedades dela.
Meu garoto com sete anos e eu trabalhávamos de sol a sol, onde ela ficava só a conversar com as vizinhas.
Chegava, nem a cama estava arrumada, o jantar ainda por fazer e, sempre gritando: se quiserem que façam, pois não sou a empregada de vocês.
Foi o último jantar que preparamos, meu filho arrumou a mesa com requinte e uma garrafa de vinho foi colocada na mesa para acompanhar nosso jantar. Ela ficou espantada e perguntou: por que vinho? Estamos comemorando o quê? E eu respondi: a você, a mulher mais linda desse rincão, ela não disse nada, dos seus olhos caíram duas lágrimas de arrependimento.
Jantou como uma leoa e gorda como uma anta, ali mesmo na sala dormia e roncava, enquanto eu e meu filho arrumávamos uma "trouxa" de roupa cada um e uns alimentos. Partimos silenciosamente...
Pegamos um barco e sumimos dessa vida para nunca mais voltar. Nem quero saber o que aconteceu com ela, acredito que teve que trabalhar para comer.
Hoje, meu filho já é um doutor e eu me orgulho muito dele, pois lutamos muito para conseguir viver n'outro lugar desconhecido e eu? Conheci Isabela, uma doce mulher e uma excelente mãe.
Não houve outro jeito, tive que dar um grito de liberdade, hoje sou um homem realizado e feliz.
Dorli da Silva Ramos