segunda-feira, 22 de julho de 2013

Rabiscando o amor




 Você era tão linda quando nos casamos, de repente veio a doença e você paulatinamente foi se definhando até a morte. Foi um ano de felicidade e três de sofrimento, vendo sua beleza se desfazendo e sua alma querendo me deixar. Perdi o emprego, pois faltava muito para não deixá-la sem minha presença.
 Conversava e declamava lindas poesias de amor, você esboçava um sorriso amarelo, pois sabia que iria me deixar. E deixou: de seus olhos desceram suas duas últimas lágrimas, bebi delas, beijei seus lábios já gelados, pois a morte lhe sorria.Fechou os olhos para sempre, coloquei a cabeça no seu peito e seu coração não batia mais e gritei: Perdi minha Tereza, perdi minha vida.
 Nunca mais trabalhei, virei um vagabundo pelas ruas a rabiscar a silhueta da minha Tereza, minha doce mulher, com a qual não tive tempo de viver.
 Ganhava algum dinheiro rabiscando silhuetas das mulheres que por mim passavam, paravam e pediam as suas imagens e eu as fazia com amor. Era com esse dinheiro que sobrevivia.
 Um dia passou por mim um senhor muito bem vestido e disse-me: venha comigo, adentrei a um lindo carro e rodamos por horas até chegar a um prédio, onde li: jornal.
 Nesse jornal, desenhando, pude refazer minha vida, pagar minhas dívidas e alugar uma pequena casa, mas a hora que chegava nela, sentia o seu perfume e começava a chorar.
 Passado alguns anos, não conseguia mais rabiscar sua silhueta e nem sentir o seu perfume, ela começou a entrar no meu esquecimento e assim encontrei outra mulher e por ela me apaixonei e nos casamos.
 A vida é assim, quando se é feliz no casamento, o parceiro(a) morre, passado algum tempo ela(e) envia outra pessoa para nos fazer feliz e reconstruir a vida e a felicidade de termos filhos sadios.


Dorli Silva Ramos

A espera



Tu me disseste até breve
Pediu-me para te esperar na praia
Pois em dois anos voltarias 
Já se passaram tristes três anos...

Há três anos venho à praia
Ondas choram minha saudade
Minh'alma inunda de soluços
Eu grito para afugentar a triste dor

Me visto de vermelho da paixão
Do teu corpo cheio de desejos
Hoje me jogo nas águas frias do mar
Para acalmar meus anseios

Numa tarde nebulosa na praia
Ouvi, tu corrias e gritavas meu nome
Votei meu corpo, corrias pra me abraçar
Apenas com uma mão, entendi a demora

Então disse: eu jamais iria te abandonar...


Dorli Silva Ramos

Que sabor tem a maldade?



Não tenho a mínima ideia qual seria o sabor da maldade, pois ela é um dos piores adjetivos escabrosos que acometem em certas pessoas dotadas de muita inteligência, que dela nada fez e, culpam os outros pelos seus fracassos, tanto na vida sentimental quanto na profissional.
A maldade mora numa mente insana, capaz de transformar uma pessoa de bem em farrapo humano sem nenhuma piedade. Motivo: inveja, que corrói suas entranhas, sentindo o maior alívio em destruir uma vida construída com muito sacrifício, dedicação, altruísmo, sapiência e muitas noites mal dormidas.
Mas, o castigo chegará na hora certa, como vemos nessa imagem, de repente o gatinho sufocado, num último esforço pode esmagar seu agressor.
Portanto, a maldade é o maior impecilho que um ser humano tem para ser uma pessoa realizada e feliz.


Dorli Silva Ramos

domingo, 21 de julho de 2013

Renovação



Vou parar de dançar a vida, para fazer uma renovação, entrando num lago gelado, sair dessa contaminação. A vida é um jogo alucinado, o qual se deve entrar com cuidado, se ganhar dê vivas a sua vida, se perder deixa rolar a lágrima.
Vou olhar o céu amanhecer, sentir a brisa gelada no rosto, aquecer a vida e meu corpo com o sol, vou me fortalecer, jogar fora todo lixo do meu viver, doar meu coração a um amor e juntos ficarmos até o anoitecer para eu poder beijar a lua sem meu temor.

Dorli Silva Ramos