sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Leveza ( miniconto )



 Sou leve como gotas de orvalho que dependuram nas flores ou qualquer raminho verde no alvorecer gelado. Ah! Se pudesse colhê-las sem que estourassem iria fazer um bailado com elas. Me vestia de azul, faria tudo em volta ficar a nossa cor numa sintonia, as gotas de orvalho flutuariam comigo até as nuvens onde todos os astros seriam os convidados do nosso bailado.
 O Sol sorriria sem seu calor, a lua apagada e estrelas dormindo, cometas passando, tudo se transformaria num balé clássico, os quais se juntariam a nós para transformar o céu numa beleza sem fim.
 Na terra, esse dia, todos parariam para ver o maior espetáculo no céu e, num ímpeto todos trocariam de cores e uma chuvinha fina chegaria para esfriar o sol, daí surgiria o arco íris que pintaria todos nós com suas sete cores fazendo reluzir com tamanho esplendor.
 Mas, é só a leveza do meu pensamento que flutua nesse mundo imaginário...


Dorli Silva Ramos

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Eu sou a minha solidão ( miniconto )


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 Todas as tardes eu saio à passear minha solidão num lindo campo florido, na esperança de poder sonhar o dia que nós dois aqui estivemos numa tarde de verão e deitados nesse campo me possuía com amor. As flores sorriam nossa felicidade e também são testemunhas das suas promessas de amor.
 Chegou a hora da sua partida para a cidade e tivemos nosso último encontro aqui onde o sol com sono queria dormir e, cá ficamos a sonhar um futuro que jamais pensei que não iria se concretizar.
 Sumiu dos meus olhos e com eles levou minha ilusão, meus sonhos e a certeza de que nunca mais o veria. Foi o que aconteceu, você foi o vento que passou na minha vida levando o meu eu e o que sobrou para mim foram as lembranças e não tenho mais nenhuma esperança em revê-lo. Eu fui para você mais um amor numa parada de trem e quando ele apitou me acenou um triste adeus.

Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Fagulhas de amor



Vou tomar uma atitude comigo mesma
Estou ao encontro do meu amor
Quero alguém que meus desejos acalme
Satisfaça minha louca paixão com ardor

Ao encontrá-lo jogarei fagulhas de desejos
E nós dois enroscaremos em beijos
 Corpos num só, embriagados numa explosão
Incandescentes como lavas de vulcão

Quando a noite chegar nos jogaremos no mar
Rolaremos na areia para amar nas águas
Nossos ais sorrirão o choro das ondas
E no céu a lua envaidecida sorri nosso amar

Vou levar esse amor para ficar só comigo
Seremos felizes dentro da nossa casa
Dessa loucura sentirá o calor do meu abrigo
Fagulhas de amor enfeitarão a vida

Dorli Silva Ramos

O silêncio da alma



  Era um dia meio nublado, eu com meu violão sem saber o que fazer, pois o silêncio me transpunha para um mundo imaginário: o mundo do silêncio da alma, nem mesmo a brisa matinal me visitou esse dia, minha boca quis gritar, mas o silêncio da minha alma me calou.
 Comecei a fazer um retrospecto da minha vida e senti que meu corpo mutilado pelo desprezo dos homens com suas orgias me fez mulher triste e namorada do silêncio da alma, companheira inseparável durante o dia, pois à noite sempre alguém estava a minha espera em qualquer esquina da vida.
 Ah! Maldito dia que me desgarrei da minha família lá no interior, onde passeava descalça pelos prados coloridos com lindas flores do campo. O lugar era simples, mas a natureza quase que intacta fazia de mim uma menina feliz ao beber água na mina pertinho de casa. Tantas boas recordações que ficaram num passado distante.
 Hoje moro num quartinho, sozinha durante o dia e a noite tenho que estar bela para poder sobreviver, mas agora não posso voltar mais ao sítio, meus pais morreram e eu era a sua única filha. O que fazer?
 A vida não tem retrocesso...


Dorli Silva Ramos