domingo, 8 de setembro de 2013

Choro contido



 Estou aqui, solitário, olhando essa imensidão de oceano, com lágrimas nos olhos, pois perdi a pessoa que mais amava. Ela é linda, a fiz sofrer por minha estupidez, trocando-a por outra que conheci há pouco nessa mesma praia. Estava todo empolgado por essa joia de olhos verdes que me seduziu e me  fez desmanchar um noivado de dois anos. O casamento estava marcado para daqui a três meses.
 A joia de olhos verdes só me usou e o meu dinheiro, ela estava de férias, gastei muito com ela, depois sem dizer adeus foi embora.  Quanta "burrice" a minha, deixar a mulher que amava pela empolgação de uma vadia.
 Tentei procurar atar com minha ex-noiva, marcamos um encontro na praia à noite. Minha esperança era que ela me perdoasse e qual foi a minha surpresa quando vi ao longe um casal de mãos dadas vindo a minha direção. Meu Deus! Era ela linda como uma princesa com aquele biquini vermelho que tanto gostava, passou por mim olhou-me e vi uma lágrima cair dos seus olhos. Sumiu praia afora.
 Que foi que eu fiz de nossas vidas? Destruí minha vida e a dela também. Daqui pra frente dois jovens que vão viver por viver.  Que dor!
 Olhei o céu, estava nublado, comecei a debulhar lágrimas e a gritar de dor, quando senti uma mão no meu ombro. Era ela, a minha amada que me abraçou chorando dizendo que me perdoava e naquele momento selamos um beijo interminável.

Dorli Silva Ramos


sábado, 7 de setembro de 2013

Ah! Esse amor



 Ah! Esse amor que enlouquece, refrescando a paixão no vaivém das brancas ondas do mar, um abraço para se ouvir as batidas aceleradas dos nossos corações apaixonados. Um beijo molhado com os respingos d'águas salgadas, aproveitando que o sol foi dormir, nos entregamos nessa louca paixão dentro do mar.O mar sorriu.
 À noite chegou e as estrelas vieram clarear o céu meio nublado e acordar a lua só para ver o nosso amor. A lua dos apaixonados nos deu uma piscadela e continuou seu andar sonolento. De repente, o céu escurece, as estrelas parecem apagar e uma forte chuva cai no mar. Corremos praia afora para nos proteger e as ondas  furiosas batiam na praia e chorosas ficaram, pois estavam sós.
 A chuva grossa virou um chuvisco, as ondas se acalmaram e borbulhavam tranquilas a quebrarem na praia. O susto passou e nos entreolhamos, ele me pegou no colo e nos jogamos no mar, outra paixão e já extasiados das nossas loucuras voltamos para o carro e ainda molhados voltamos para casa. Foi a nossa primeira noite de núpcias.
 Ah! Esse amor faz loucuras inimagináveis...


Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Quase primavera...



 O inverno aqui onde moro é bem ameno, está chegando a primavera, não da pra ver nenhuma mudança, principalmente nos campos que deveriam começar a florir perto dessa estação. As flores do campo precisam dar lugar a cana de açúcar, as Usinas são a alavanca da cidade, dando muitos empregos tanto ao corte de cana como serviços internos. Aqui nós temos boias frias advindas do nordeste para o corte da cana.
 Quando era pequena não tínhamos quase nada, mas esse nada floria nosso coração, onde víamos os campos floridos, as fazendas verdinhas, os gados pastando, pouquíssimos carros. Meio de transporte por aqui era o trem movido a lenha( o famoso Maria Fumaça) e outro elétrico, bicicletas, carrocinhas e os taxistas usavam as charretes como meio de transporte.
 A maioria dos habitantes tinha nas suas casas, grandes quintais com galinheiro, verduras, legumes, frutas, dos quais se alimentava, havia no ambiente uma sinfonia de pássaros lindos e coloridos à bicar nossas frutas e verduras, fazia-se necessário colocar papéis brilhantes. À frente das casas havia grandes jardins onde pegava dos campos mudas de variadas flores e plantava com amor e em pouco tempo estava florido. Os beija-flores sugavam o néctar adocicado e, eu ficava ali parada tentando pegá-los na mão. 
 Na primavera era gostoso andar pelas ruas da cidade, algumas ainda não pavimentadas, mas ninguém ligava, pois o colorido enchia nosso coração de amor.
 Nas encostas dos terrenos via-se muitos chiqueiros de porcos e meu único trabalho: levar água para os porcos e aproveitava para rastejar na grama par ver ninhos de passarinhos, olhava os filhotes, mas logo tinha que sair, colhia abobrinhas e pegava ovos dos ninhos. 
 Não é saudosismo, mas viver num lugar onde cada um sabia da sua camada social, não havia roubos, crimes, raiva e nem inveja, já era uma Benção de Deus. Todos éramos felizes, pois tínhamos as quatro estações do ano bem definidas, sem fagulhas de cana queimada à respirar. 
 A primavera que logo se inicia, algumas árvores e flores cultivadas, não têm o mesmo brilho das flores naturais. Nas estradas vê-se alguns ipês saudosos que choram a solidão do colorido e o perfume da sutil primavera.





Dorli Silva Ramos

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Partida



 Estou partindo no alvorecer, antes que tu acordes, pois nosso amor não pode dar certo se tu em sonho falas o nome de outra mulher, ainda em sonho me beija com loucura e tenta fazer amor comigo contra a minha vontade. Acordo-te aos berros. Assusta... O que foi? Estava delirando? 
 É nessa tristeza que estou fugindo de ti e de mim mesma, vou caminhar até me encontrar, quero me perguntar se eu mereço viver nesse dilema, pois apesar de amar-te, jamais irei satisfazer os teus caprichos.
 Eu mereço ser amada por um homem que vê em mim qualidades de mulher apaixonada, pois não posso viver na sombra de outra mulher que nem conheço.

Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O dia amanheceu sorrindo( miniconto)



 O dia amanheceu sorrindo e com ele o prenúncio da primavera para encantar corações desfeitos por um amor mal acabado, que nesse dia se costuraram as amarguras que acometia a duas pessoas que se amavam com muita intensidade. As flores sorriram.
 Duas bocas a se unirem num beijo abrasador, um abraço forte quase a esmagar corações que sorrindo começam a bombear sangue para as veias e, não tendo mais espaço explodem de prazer.
 O sol começou a brilhar entre as frestas da janela daquele quarto perfumado de amor e paixão e as janelas sem vergonhas se abriram para aplaudir esse recomeço de amor, que com certeza, agora seria para sempre.
 Pelas janelas o casal pode ver singelas flores azuis viçosas no seu esplendor, que foram saudadas pelo belo casal e pela brisa que molhava suas pétalas sutis.
 E para completar toda essa felicidade, os sabiás vieram pousar na janela para soltar seus lindos gorjeios.
  

Dorli Silva Ramos