terça-feira, 10 de setembro de 2013

Meu amor: perdoa-ame


casamento-com-lavanda
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 Oh! Meu amor, perdoa-me se por muitas vezes não beijei teus lábios como antigamente quando éramos jovens; perdoa-me por não abraçar-te mais por muito tempo; perdoa-me de não dizer-te: amo-te; perdoa-me por não levar-te à passear no jardim à noite e contar as estrelas, como fazíamos no começo do nosso casamento.
Nossa vida virou uma rotina, nasceram os filhos, eu fazia amor contigo sem te beijar, sem querer saber se sentias prazer, perdoa-me por muitas vezes te fazer infeliz quando saía à urgia com outras mulheres e tu ficavas a chorar em companhia de nossos filhos.
 O tempo passou eu não conseguia nem mais olhar pra ti; fiz de uma linda jovem um farrapo de mulher sem amor; perdoa-me por muitas vezes chamar-te de velha e feia e tu corrias para o banheiro para chorar tua solidão.Nossos filhos choravam meus maus tratos contigo e com apenas cinquenta anos adoeceu e eu berrava na cozinha: por que tu não morres mulher? Quero uma mulher mais jovem para satisfazer meus desejos. Silêncio total, ao entrar no quarto te vi branca como uma cera, caí em mim que tu estavas morrendo e debulhando em lágrimas gritei: meu Deus! O que fiz do meu viver? e  sentado na cama tu olhaste pra mim e eu te perguntei: tu me perdoas? Ela não conseguia falar, só balançou a cabeça que sim e morreu.
 Meus filhos me odeiam e com razão e, num dia chuvoso peguei uma mala velha e estou até hoje a mendigar nas ruas um pedaço de pão. Esse é meu castigo aqui na Terra, mas todos os dias eu falo baixinho: mulher: perdoa-me.





 Dorli Silva Ramos

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os últimos escritos inacabados...



                
 Hoje, depois de alguns anos vivendo numa solidão que até agora machuca o meu coração, deu-me uma saudade muito forte do meu amor que depois de vinte anos de feliz união, sofreu um acidente de carro e não resistindo, deu apenas para ouvir o balbuciar dos seus lábios ensanguentados: eu a amo, fechou os olhos dormindo para sempre. 
 Minhas lágrimas de dor jorravam e beijei pela última vez aqueles lábios, senti o gosto do seu sangue.  Foi o que me deu forças para continuar minha jornada, deixou dois filhos para eu terminar de criá-los, ainda bem que uns pedacinhos dele ficaram impregnado nos nossos filhos e na minha mente.    
 Saudosa, hoje reli meus últimos escritos, geralmente escrevia à noite, mas aquele dia fui escrever à tarde aproveitando que meus filhos estavam na escola e meu amor viajando:

  Meu querido diário:
 Desculpe-me, hoje não vou conversar com você à noite, pois estou muito só e meu coração está um pouco pesado, sinto calafrios e não sei o que está acontecendo comigo, parece que algo diferente vai acontecer.
 Hoje estou feliz, pois meu amor foi viajar e me prometeu trazer de presente algo inusitado, não queria dizer, pois seria uma surpresa. Sabe, eu não vejo a hora que ele volta, pois meu corpo pede o seu, é uma loucura nosso amor e paixão.....Espere um pouco estão tocando a campainha...

 Depois de tudo consumado peguei uma rosa vermelha coloquei nos últimos escritos que ficaram inacabados, guardei- o numa caixa e, hoje quando fui abri-la a rosa estava murcha mas consegui sentir o seu cheiro. Chorei de saudades...

Dorli Silva Ramos
                               

domingo, 8 de setembro de 2013

Choro contido



 Estou aqui, solitário, olhando essa imensidão de oceano, com lágrimas nos olhos, pois perdi a pessoa que mais amava. Ela é linda, a fiz sofrer por minha estupidez, trocando-a por outra que conheci há pouco nessa mesma praia. Estava todo empolgado por essa joia de olhos verdes que me seduziu e me  fez desmanchar um noivado de dois anos. O casamento estava marcado para daqui a três meses.
 A joia de olhos verdes só me usou e o meu dinheiro, ela estava de férias, gastei muito com ela, depois sem dizer adeus foi embora.  Quanta "burrice" a minha, deixar a mulher que amava pela empolgação de uma vadia.
 Tentei procurar atar com minha ex-noiva, marcamos um encontro na praia à noite. Minha esperança era que ela me perdoasse e qual foi a minha surpresa quando vi ao longe um casal de mãos dadas vindo a minha direção. Meu Deus! Era ela linda como uma princesa com aquele biquini vermelho que tanto gostava, passou por mim olhou-me e vi uma lágrima cair dos seus olhos. Sumiu praia afora.
 Que foi que eu fiz de nossas vidas? Destruí minha vida e a dela também. Daqui pra frente dois jovens que vão viver por viver.  Que dor!
 Olhei o céu, estava nublado, comecei a debulhar lágrimas e a gritar de dor, quando senti uma mão no meu ombro. Era ela, a minha amada que me abraçou chorando dizendo que me perdoava e naquele momento selamos um beijo interminável.

Dorli Silva Ramos


sábado, 7 de setembro de 2013

Ah! Esse amor



 Ah! Esse amor que enlouquece, refrescando a paixão no vaivém das brancas ondas do mar, um abraço para se ouvir as batidas aceleradas dos nossos corações apaixonados. Um beijo molhado com os respingos d'águas salgadas, aproveitando que o sol foi dormir, nos entregamos nessa louca paixão dentro do mar.O mar sorriu.
 À noite chegou e as estrelas vieram clarear o céu meio nublado e acordar a lua só para ver o nosso amor. A lua dos apaixonados nos deu uma piscadela e continuou seu andar sonolento. De repente, o céu escurece, as estrelas parecem apagar e uma forte chuva cai no mar. Corremos praia afora para nos proteger e as ondas  furiosas batiam na praia e chorosas ficaram, pois estavam sós.
 A chuva grossa virou um chuvisco, as ondas se acalmaram e borbulhavam tranquilas a quebrarem na praia. O susto passou e nos entreolhamos, ele me pegou no colo e nos jogamos no mar, outra paixão e já extasiados das nossas loucuras voltamos para o carro e ainda molhados voltamos para casa. Foi a nossa primeira noite de núpcias.
 Ah! Esse amor faz loucuras inimagináveis...


Dorli Silva Ramos

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Quase primavera...



 O inverno aqui onde moro é bem ameno, está chegando a primavera, não da pra ver nenhuma mudança, principalmente nos campos que deveriam começar a florir perto dessa estação. As flores do campo precisam dar lugar a cana de açúcar, as Usinas são a alavanca da cidade, dando muitos empregos tanto ao corte de cana como serviços internos. Aqui nós temos boias frias advindas do nordeste para o corte da cana.
 Quando era pequena não tínhamos quase nada, mas esse nada floria nosso coração, onde víamos os campos floridos, as fazendas verdinhas, os gados pastando, pouquíssimos carros. Meio de transporte por aqui era o trem movido a lenha( o famoso Maria Fumaça) e outro elétrico, bicicletas, carrocinhas e os taxistas usavam as charretes como meio de transporte.
 A maioria dos habitantes tinha nas suas casas, grandes quintais com galinheiro, verduras, legumes, frutas, dos quais se alimentava, havia no ambiente uma sinfonia de pássaros lindos e coloridos à bicar nossas frutas e verduras, fazia-se necessário colocar papéis brilhantes. À frente das casas havia grandes jardins onde pegava dos campos mudas de variadas flores e plantava com amor e em pouco tempo estava florido. Os beija-flores sugavam o néctar adocicado e, eu ficava ali parada tentando pegá-los na mão. 
 Na primavera era gostoso andar pelas ruas da cidade, algumas ainda não pavimentadas, mas ninguém ligava, pois o colorido enchia nosso coração de amor.
 Nas encostas dos terrenos via-se muitos chiqueiros de porcos e meu único trabalho: levar água para os porcos e aproveitava para rastejar na grama par ver ninhos de passarinhos, olhava os filhotes, mas logo tinha que sair, colhia abobrinhas e pegava ovos dos ninhos. 
 Não é saudosismo, mas viver num lugar onde cada um sabia da sua camada social, não havia roubos, crimes, raiva e nem inveja, já era uma Benção de Deus. Todos éramos felizes, pois tínhamos as quatro estações do ano bem definidas, sem fagulhas de cana queimada à respirar. 
 A primavera que logo se inicia, algumas árvores e flores cultivadas, não têm o mesmo brilho das flores naturais. Nas estradas vê-se alguns ipês saudosos que choram a solidão do colorido e o perfume da sutil primavera.





Dorli Silva Ramos