quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Abraço ( de amor )



Afinal que tem um abraço de especial?
 Um forte odor de saudades doídas
Onde duas bocas se beijam atrevidas
A ouvir  batidas d'um coração crucial

Quanto mais apertado for o abraço
Um turbilhão de sangue corre nas veias
À formar um único coração em alvoroço
Matando duas saudades nas ideias

Depois vêm  os beijos apaixonados 
Também suáveis abraços com conexão
 Incontrolável calor aquece corpos
Que se desliza carícias e ardente paixão

Quem ama nunca saberá o que é solidão
Pois o apego se transforma na imensidão
D'um amor atado que não se olvida
À fazer planos d'uma bela vida

Dorli Silva Ramos

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Vesti-me de primavera( Eu não faço parte desse conto)




 Hoje acordei feliz, algo em mim dizia que deveria fazer uma revolução em minha vida. Quando ia tomar meu banho matinal, resolvi tomar um banho de primavera. Despi-me e nua caminhei até um campo florido perto de casa. Abri os braços, dei bom dia às flores, às borboletas, às joaninhas. A relva verdinha encheu meu coração de alegria.
 O amanhecer estava lindo, o sol brilhava toda aquela beleza que ofuscava meus olhos. Senti-me tão leve como uma borboleta azul que sorriu para mim. Borboleta sorrir, será que estava ficando louca? Firmei minha vista, estiquei o braço e ela pousou toda delicada na palma da minha mão e, falou: Vocês humanos são muito tristes, nós somos animais pequenos mas de uma enorme felicidade, mas hoje é seu dia. O tempo que permanecer aqui todos nós a faremos feliz.
 A relva era alta e cobria toda a minha nudez e, caminhando com os animaizinhos fui conversando com todas as flores coloridas, as joaninhas enfeitavam meu corpo e as borboletas colocavam algumas flores, que já mortas renasciam em meus cabelos.
 De repente o sol escureceu, uma chuva fina começou a cair e rapidamente ficou forte e a passos rápidos nos escondemos embaixo de um ipê amarelo que nos protegeu da chuva. O ipê era bem alto e estava carregadinho de flores amarelas que caíam em meu corpo e em toda a campina à volta dele. De repente, o ipê suspirou, nem assustei, então, perguntei: por que suspirou ipê? Porque você é tão linda e estou apaixonado por você. Mas como? Você é uma árvore...E como num piscar de olhos o ipê se transformou num lindo príncipe, quando fui desmaiar segurou-me nos seus braços e beijou meus lábios. Acordei.
 Enrolou minha nudez na sua capa dourada, montou-me num unicórnio, subiu, agarrei na sua cintura e rumamos ao seu castelo. Antes de entrar no castelo ele me disse: eu sempre a amei. assustei-me, pois nunca havia visto aquele jovem tão lindo! Olhou nos meus olhos e nos beijamos.
 Tudo teria sido tão lindo se não fosse apenas um sonho.




Dorli Silva Ramos

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Esperança ( causo da minha vó )


Van Gogh

 Casei-me muito jovem com a bela Mercedes e a vida passava vagarosamente, íamos a colheita de algodão juntos, tínhamos charrete, jardins floridos(ela gostava de flores); enfim éramos meeiros numa grande fazenda. Um ano se passou e Mercedes começou a entristecer, pois suas amigas a chamavam de árvore seca, pois não pegava filho.
 Um dia eu e minha doce Mercedes enveredamos numa campina, muito tristes, de repente a nossa frente apareceu uma velhinha pedindo um pouco d'água. Prontamente minha doce mulher pegou a moringa, despejou aquela água cristalina numa caneca de barro e saciou a sede da mulher. Ela agradeceu, olhou para os céus e disse: que Deus lhes deem muitos filhos. Amém, nós respondemos.
 Dois meses se passaram e Mercedes começou a enjoar e a esperança de estar prenha animou o casal apaixonado. Ela engordava dia após dia, enfim a felicidade fez morada naquela casa.
Nove meses se passaram e ela começou com fortes dores, corri chamar a parteira. Dei a ela tudo que me pediu e fiquei orando para que ela fosse feliz, nisso bateram à porta. Eu não conseguia acreditar, era a mesma velhinha que demos água e disse que ia pegar meu filho. Eu lhe disse: mas lá no quarto tem uma parteira.  Nisso a parteira saiu suada dizendo que não conseguia, imediatamente a velhinha entrou no quarto: Ajoelhei-me no chão com muita esperança pedi ajuda ao Senhor.
 Não demorou muito tempo ouvi choro, não( ... ) eram choros. A velhinha trouxe duas lindas crianças: uma menina e um menino. Olhei pro céu, agradeci por nunca ter perdido a esperança que Mercedes me daria um filho e ela sorrindo, pois havia parido um casal de filhos lindos e sadios.O casal deu o nome à menina de Esperança e ao menino Divino.
 Hoje me encontro só, minha família toda morreu, estou muito velho, mas não perco a esperança de reencontrá-los num outro plano.

Dorli Silva Ramos
Minha participação na comemoração dos 3 anos do 
Blog da Rosélia

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A faxina da alma



 Hoje, resolvi fazer uma faxina na minha alma, pois ela está saturada de escritos não enviados, palavras de amores mal resolvidos, de saudades, de desesperos, de amarguras, de desenganos, de opressões, de vergonhas, de magias de insatisfações. Vou jogar todas essas palavras ao vento. Ele levará para o infinito todo meu lixo intelectual e, com certeza vou refazer o alicerce da minha vida.
 Quero abrir meu coração para entrar: o amor verdadeiro, as magias de sonhos, a amizade sincera; depois irei fechar a porta por dentro . No seu interior, numa perfeita união, engatinhando e com uma força intrínseca, uma nova vida reconstruir.
 Outros escritos irão escorregar nos papéis e com a ajuda de um amor abençoado, filhos nascerão para completar as magias dos nossos sonhos. Sonhos que paulatinamente serão reconstruídos e todos eles descritos em papéis que poderão amarelar com o tempo, não importa, pois a  alegria os farão realizá-los.
 Com a casinha firme, não deixarei ninguém derrubá-la pois segurarei na mão do Senhor, que fará com que os meus simples sonhos de viver sejam realizados numa força quase desumana.
 Portanto, sempre agradecendo, e não olhando para trás, nova vida digna terei, vida esta que deveria ser reformulada pela maioria das pessoas que acreditam que sua vida é o maior bem recebido de Deus..

Dorli Silva Ramos

domingo, 22 de setembro de 2013

Chegou a primavera ( miniconto)


Pierre Auguste Cot

 Depois de um suado inverno que tivemos, chegou finalmente a primavera. Onde estão as belezas das flores coloridas nos campos e as inúmeras pequenas árvores coloridas? Flores belas só se forem cultivadas para enriquecer o comércio. Não da mais para ouvirmos o gorjeio dos pássaros, o bailado dos beija-flores, numa sinfonia orquestrada de muitos deles, polonizando um campo que não existe mais. Não sentirmos mais o perfume natural das flores.
 Cada um tem seu jardim florido e cuidado com muito amor para dar morada aos beija-flores que não tem mais a imensidão das flores naturais nos campos.
 No lugar de belas árvores floridas temos muitos canaviais entristecidos, nossos olhos não veem mais o brilho das antigas primaveras gentis. Nunca gostei de ganhar flores, pois logo estariam mortas, não quero ser mais uma destruidora do que deveria ser natural.

Quero sonhar:

Donald Zolan