Criança

Criança é a semente que vingou do amor

É nosso sorriso nos momentos de desamor

Chega correndo querendo um colo

Para nos dar um abraço bem apertado

Se lambuza com sorvete de chocolate

E vem limpar suas mãos na roupa da mãe

É sapeca, inteligente e tudo sabe

Hora do banho desmancha um sabonete

Têm aquelas que não apreciam verduras

Fazem birra  e não gostam de carne

Nos prendem com um sorriso irradiante

Então, espertas já pulam para as sobremesas

Mas temos crianças muito pobres no mundo

Que vão buscar seus alimentos no lixão

De quem é a responsabilidade desse mar de lodo?

Muitos adultos irresponsáveis sem compaixão

Dorli Silva Ramos

Só Deus!

Só Deus

Entra no nosso pensamento

Só Deus

Sabe das nossas das nossas ações

Só Deus

Conhece as nossas tristezas

Só Deus

Pode julgar seus filhos amados

Só Deus

Sabe quando enganamos nossos irmãos

Só Deus

Sabe se temos amigos verdadeiros

Só Deus

Sabe quando somos enganados

Só Deus 

Sabe das maldades terríveis de cada um

Só Deus

Nos conhece na sua intensidade

Portanto

Só Deus

Pode e sabe nos julgar

Pois

É um espírito de Luz

Dorli Silva Ramos

História d'uma doce mulher

An English beauty- Frederico-Andreotti

 Cíntia é um doce de mulher, tem um semblante sereno, é ponderada nas suas atitudes, meiga ao tratar todas as pessoas e sabe a hora certa de se calar, consegue fazer seu marido feliz, pois o ama demais.

 Um dia seu marido tinha que fazer uma viagem para uma outra cidade: arriou seu cavalo, abraçou sua doce mulher...iria demorar uma semana. Ele a beijou e disse até logo com o chapéu.

 A esposa, uma doce mulher, ficou meio desconfiada, pois sempre ele tinha esses repentes de precisar viajar, então resolveu mandar seu criado segui-lo para ter certeza do ele estaria fazendo. Seu criado arriou outro cavalo e foi atrás do patrão, viu-o cavalgando depressa fazendo muita poeira pela estrada.

 Já era noite, mas finalmente o patrão chegou num casarão estranho, não muito longe de sua cidade, bateu na porta saiu uma madame de voz rouca toda enfeitada e, entrou. O criado ali fora ficou à espreita. Nisso saiu seu jovem patrão com uma linda mulher toda enfeitada, levou-a perto d'um regato e a possuiu ali  na grama.

 No mesmo dia, à noite alta chegou o criado e bateu a porta, ao abri-la a mulher perguntou: 

 - Viu alguma coisa? Pois chegou tão rápido! Relatou tudo que viu e foi dormir na sua pobre casa no fundo da mansão do patrão.Ficou meio encabulado de espioná-lo, mas não tinha outro jeito.

Passado cinco dias, chega o patrão todo alegre, bateu à porta da mansão e Cíntia debruçada na janela da alta mansão gritou: estou aqui e ele respondeu:

- Não vai abrir a porta? Estou morrendo de saudade...

Cíntia jogou seus pertences pela janela e disse ao seu marido:

 - Aqui você não entra mais pois me traiu com uma mulher do bordeaux, então, volte e vá viver com ela, perdeu sua parte na mansão devido a sua traição.

 Ele cabisbaixo subiu no cavalo e nunca mais ninguém o viu.

 Com a anulação do casamento por traição a doce mulher casou-se com outro que soube valorizá-la, respeitá-la e o mais importante a amava muito, tiveram muitos filhos e foram felizes.

 Quem não sabe valorizar a mulher que tem em casa vai sucumbir suas desilusões no submundo do pecado.

Dorli Silva Ramos

Solidão na floresta

  Hoje quero dormir ao relento, fazer de um tronco de árvore meu colchão, sem medo de fantasmas que me atormentam na cidade. Aqui só, ouço o chilrear dos pássaros, o barulho das folhas quando o vento passa por elas, se transformando em brisa e vindo desanuviar meus tristes pensamentos.

  A noite está fria, mas meu corpo em brasas, pois há dias que meu coração está nublado querendo fazer rolar dos meus olhos lágrimas doridas de um amor que morreu no tempo. Meu coração está descompassado de saudades dos seus beijos, seu sussurrar nos meus ouvidos deixando fluir uma linda declaração de amor - Este amor dilacerou meu coração que hoje, as duras penas, está esmolando um carinho seu.

 Está anoitecendo, sinto meu corpo gelar e ouço baixinho todo o choro da floresta, são folhas secas que se arrastam pelo chão à procura d'um abrigo, pois a chuva não tardará a chegar. Animais dormem nos seus silêncios profundos e eu? Minhas pálpebras querem fechar, mas de repente uma chuva forte rompeu o silêncio da noite, o barulho foi intenso, cada animal procurando um abrigo.

 Essa noite jamais irei esquecer, onde fiquei toda molhada, mas senti que algo tocou meu pé e me puxou: caí no colo dele, pois arrependido voltou dizendo que todo o seu amor era meu, e em delírios alucinantes de paixão, ali mesmo no chão molhado nos amamos.

Dorli Silva Ramos