Estou só, já não tendo mais razão de viver quero morar n'outro
mundo onde não há saudade, dor e desamor entre os homens, pois aqui na Terra
está difícil conviver com nossos irmãos. Vivemos em meio a constantes
manipulações, o amor se tornou interesse e o que era romantismo virou
monotonia.
Eu nasci com um coração para amar meu parceiro, mas sinto que ele
vem me trocando pelo interesse de crescer na vida e mal me diz oi quando nos
encontramos e, à noite quando deveríamos nos amar me da um rápido beijinho,
vira e ronca.
Resolvi sair de casa bem tarde da noite com um saco enorme nas
costas. Abri a porta sorrateiramente, estava na calçada; a rua deserta e,
caminhando cheguei num campo de capim verde já conhecido por mim, esparramei as
plumas na grama, ela estava molhada.
Me aconcheguei dentro da minha cama de pluma, olhei o céu. Ele
estava lindo! As estrelas coloridas brilharam minha beleza, a lua sorriu para
mim, nisso vi um lindo anjo com um par de asas brancas, quando ele me viu,
minha beleza o atraiu como um ímã, voou em minha direção, nada falou, pegou-me
no colo e me levou para o infinito.
Lá tudo era lindo: a lua veio me receber e de longe as estrelas
coloridas apagavam sua luminosidade desejando-me boas vindas.
De repente começou a chover forte e ouvi janelas baterem, senti que
alguém me beijou e disse: acorda meu amor, está chovendo e nós perdemos a hora
para trabalhar. Demos um pulo da cama e chegamos uma hora atrasados no serviço, a qual compensamos no horário do almoço.
Tentei fugi de mim mesma, mas era ao lado que meu amor que a vida valia a pena. Tudo foi
um lindo sonho...