sexta-feira, 24 de abril de 2015

Nossa vidinha



paisagens de roça

Ai, que saudades tenho do meu cantinho lá no pé da serra, um pequeno sítio com apenas duas casinhas, uma era de mamãe e a outra minha que dividia tudo com minha amada Manoela.
Conheci Manoela num baile lá na roça do tio João...Que mulher!
Era festa de São João, lá tinha pipoca, batata doce e muito quentão e, depois do terço o arrasta pé começava e escorregava até de madrugada. Bebi muito e tirei Manoela para dançar uma modinha, ela também cheirava batata doce e quentão. Agarrei-a pela cintura e dançamos muito.
Manoela me intrigava com aquele jeito de mulher fogosa, fiquei delirando de vontade de possui-la, ela chegou perto de mim e disse: Pedro, vamos dar um passeio por aí. Estou meio tonta e preciso de ar puro do contrário vou desmaiar.
Pedro prontamente saiu com Manoela e, abraçadinhos e meio bambos os dois chegaram perto de um córrego para beber da água cristalina e ao beberem escorregaram dentro do córrego. 
A água estava geladinha, Pedro abraçou Manoela a beijou muito e fizeram o que não deviam.
Conseguiram com muito custo sair do córrego e sem voltar para a festa levou sua amada pra a sua casa. Ah! Quando chegaram, o pai da moça disse a João: Amanhã cedo iremos pra cidade tirar os papéis para o casamento e assim o enlace aconteceu logo, mas as outras donzelas cochichavam: ela está prenha. Mas o baile continuou no terreiro da casa do seu pai e de repente, pegou Manoela no colo e rumou para seu ninho de amor. Rapidinho nasceu o primeiro dos oito lindos filhos.
Hoje, com muito dó, pois era o sítio que meu pai adorava, mas já velhos vendemos nosso pedaço de chão para morar na cidade. Minha Manoela sofre de saudades dos seus lindos filhos que sumiram para São Paulo e nós dois aqui sozinhos ficamos sem mais ninguém para conversar.
Sempre quem passa por aqui nos vê  sentadinhos na soleira da porta, da um pedaço de prosa conosco e vão  embora.
Agora, velhos e sozinhos na vida de nada adiantou termos tido oito filhos que muito pouco vêm nos visitar.
Hoje, sós, vivemos sonhando a vida que antes rodeadas de crianças arteiras gritando, hoje vazia.



quinta-feira, 23 de abril de 2015

Tipos de beijos



apaixonados desenho

O beijo é um desejo que sai da alma
É uma sensação que o amor brotou
 Células ardentes dividem-se em vida
Num corpo em que a nevasca grudou

Todos os beijos são belos sentimentos
Mas o beijo de amor unem duas vidas
Outrora estavam no forno dos ventos
Hoje gruda dois lábios cheios de amor

Beijo de paixão é louco e apaixonado
Que ata dois corpos ávidos de desejos
É aquele que move o trabalho penoso
E num gostoso banho acende lampejos

De todos, o beijo mais gostoso é o pueril
Apertar no peito a nossa criança querida
Aos filhos amados darmos um beijo sutil
O calor do  peitinho encontra nossa alma


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Encontros e desencontros





*De tantos encontros sutis permeados com beijos, abraços e promessas que foram em vão, hoje me vejo em desencontros e na minha solidão, choro *


terça-feira, 21 de abril de 2015

Amor no picadeiro


clown paintings


Apenas duas crianças que brincavam no picadeiro enquanto o espetáculo não começava. Eles desabrocharam como flores na primavera, lindos que agora no picadeiro faziam crianças e adultos rirem às gargalhadas.
O amor entre eles saboreava como vento, o cheiro das flores dos campos que rodeavam as campinas onde o Grande circo estava armado. Dois amantes inseparáveis como estrelas apaixonadas nos céus que brilhavam em noites enluaradas.
Os dois viviam alheios e imersos em nuvens brancas, abraçadinhos parecendo ouvir um só coração batendo. Saíam a namorar "às escondidas"
De repente como arbustos empobrecidos e paralisados de medo foram pegos aos beijos numa cachoeira de águas cristalinas com cheiro de amor. De repente um grito. Um homem de chapéu de abas largas gritou: esse amor não pode continuar, pois são irmãos. Paralisaram.
À noite, o palhaço mais velho gritava: atenção senhores: o espetáculo vai começar. Entram os dois palhaços: Ao invés de alegria, do coração saía um choro de dor e uma lágrima correu dos olhos dela que ele tentava escondê-la com a mão e num abraço caloroso, uma tempestade de palmas ecoaram por todo o circo.
Nisso, sem falar nada, o palhaço apaixonado pegou sua mala e rumou estrada e a linda palhaça engoliu lágrimas saindo do picadeiro correndo até a pequena cachoeira onde ele a estava esperando, abraçou-a com carinho, beijou sua testa dizendo: cuide-se irmã, um dia essa nuvem escura irá dissipar e a gente poderá até rir e se abraçar como irmãos. Partiu sem olhar para trás...
Naquele dia não houve espetáculo...