Cozinhei as letras do alfabeto, elas voaram reluzentes para o
forro, puxei o recipiente, elas desceram na mesa e comecei a fazer uma poesia
de amor para entregar ao meu marido que faria aniversário no dia seguinte.
Aproveitei a noite, pois era esse seu horário de trabalho, pois logo na manhã de brisa chegaria cansado.
Comecei a juntar as letrinhas na mesa e colá-las num cartão, elas
escorregavam da minha mente com certa rapidez e nem percebi a lua descer no
horizonte, o sono pesava minhas pálpebras, ele me venceu, não ocultei minha
ansiedade de amor.
O raiar do dia clareou meu quarto, pulei da cama, logo ele
chegaria e a poesia estava incompleta e as outras letras apavoradas pulavam na
mesa querendo entrar na poesia, elas mesmo terminaram a terceira estrofe e nem
as ralhei.
Nisso meu amor entrou na sala, tranquei o quarto e as letras
apavoradas disseram: vá encontrar o seu amor, tomar banho que terminaremos a
poesia. Isso foi feito. As letrinhas apressadas se juntaram, escreveram no
último verso da última estrofe: Parabéns amor, pelo aniversário.