Não são todos os dias que fazemos setenta anos: (ai), já estou no
"bico do urubu", mas com a certeza que Deus haverá de me deixar com o raciocínio
bom até a morte para não tentarem me fazer de boba.
Eu "durmo" com os livros, pois o meu maior medo é ter a
doença de Alzheimer.
Trabalhei quarenta anos, gostava do que fazia e ainda dava aulas
de física em casa. Adoro física que aprendi sozinha, mas minha vida não foi só
trabalho: dancei muito, namorei, viajei. O tempo foi passando, morava perto da
praia era só descer a serra, não gostava das águas furiosas, à noite tinha
medo do marulho das ondas.
Depois perdi meu marido para morte( maldito cigarro e jogo),
fiquei com meu filho de dois anos. A vida continuou nessa cidade grande que
morava, mas quis criar meu filho correndo pelos prados e fazendas chegando em
casa todo sujo. Criança tem que viver o seu tempo maravilhoso, voltei para o
interior, tinha apenas trinta e sete anos, meu garoto nunca falou do pai. É
assim até hoje, somos dois opostos, eu extrovertida e ele introvertido.( Como
dizem: cada um é de um jeito).
Os anos escorregavam, a solidão batia meu corpo foi onde escolhi
Antonio para me casar, um homem carinhoso, companheiro e amigo de todas as horas.
Chora minhas dores quando elas resolvem me enlouquecer, mas os remédios, apesar
de caros amenizam a agonia.
Gosto de gente, mas têm muitas que não gostam de mim(Mas eu tenho
equilíbrio emocional). Eu vivo sem fazer alarde e nunca me altero e nem zombo
de ninguém. Sou agraciada com muita sorte.
Trocando em miúdos, apesar dos percalços eu fui e sou uma mulher
feliz, amada e bem estabilizada na vida, não esqueçam que muito trabalhei para
isso.
A gente colhe o que planta...
Domingo posto umas fotos do meu almoço, adoro cozinhar