self-centredness: the root of all grief [book]
Onde está a leveza do meu viver? Evaporou-se pela minha própria estupidez. Hoje choro
a falta de alguém para conversar, amar, andar de mãos dadas pelos prados, fazer
planos. São só sonhos que um dia desprezei e hoje o sofrimento da solidão dói
até a alma.
O tempo anda
na contramão da minha procura. Namorei Pérola e nunca quis dividir com ela meus
sentimentos: beijos, abraços, afagos, amor. Era muito "eu", foi por
isso que a solidão veio morar comigo e por mais que a amasse mandei-a embora,
ela chorando se foi.
Um dia bem
antes do alvorecer acordei sobressaltado devido a um lindo sonho, via o vulto
de Pérola, tomei uma ducha rápida, vesti-me com roupas claras, calcei chinelos
e saí deixando a porta encostada, andei muito até me exaurir, chorei por ela,
pois era muito egocêntrico e com ela não quis dividir meu amor. Hoje, mudado e
mais maduro choro a dor da saudade. Poderia ser feliz e joguei a felicidade
pela janela.
Encostei-me
num tronco e chorei arriado a maior "besteira" que fiz na minha vida. Minha casa é grande, mas sem nenhum ruído. De repente ouvi barulhos tais como passos vindo à minha direção. Os passos pararam perto de mim, quase desmaiei quando ao
olhar pra cima vi Pérola estendendo a sua mão e bem a frente de mim disse: eu
nunca o esqueci Régis, eu a abracei chorando e foi aí que trocamos o nosso primeiro
beijo.
Caminhamos
de mãos dadas pelos prados, nisso a lua nos sorriu e uma garoa gelada molhava
nossos corpos quentes e ali mesmo adormecemos.
Acordei
alvoroçado, virei e vi Pérola linda como uma flor. Que susto! Não era um sonho.
Voltamos para casa e depois de um banho quentinho tomamos café.
Hoje casados
e com dois lindos filhos, fico a pensar numa palavra terrível que atrasou a
minha felicidade: egocentrismo.