terça-feira, 31 de julho de 2012

Dor da alma


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Nenhuma dor física se compara a dor da alma, ela sufoca nosso peito, deixando em nós uma natureza morta, pois a beleza dela não seria necessária se não houvesse o homem e a mulher para se amarem e   à perpetuar seus descendentes na Terra. Foi aí que esse conto começou:
Acordei num hospital, todo amarrado com roupas brancas e acorrentado em uma gelada cama, comecei a gritar, quando de repente apareceram pessoas estranhas, seguraram em meu braço e, com uma dolorida picada comecei a me acalmar. Não sabia o que fazia naquele lugar, cheio de pessoas com as mesmas roupas brancas e conseguia baixinho ouvir os seus murmúrios. Não sei se dormi...
Deparei-me com uma praia paradisíaca. Era noite, as flores me sorriam, a lua querendo adormecer, disse-me um adeus tão fraco e eu? Sentei à beira da praia, via e ouvia as borbulhas das ondas do mar banharem meu rosto já enfraquecido sem saber do quê. Adormeci.
Acordei com os raios do alvorecer, lavei meu rosto nas alvas águas do mar, comecei a caminhar sozinho pelas areias fofas da praia que machucava meus pés, aí foi que percebi que estava descalço e com aquela terrível roupa branca. Sentei na areia para tentar lembrar alguma coisa, eis que numa fração de segundo uma linda jovem de cabelos cacheados da cor do sol, olhos da cor do oceano, trazia na mão uma taça com um líquido escuro dentro e me disse: rapaz, beba esse vinho, pois ele é o néctar do amor e sumiu, fiquei mais abestalhado ainda, pois aquele líquido escuro não tinha cheiro de vinho e sim de sangue e, foi aí que recordei de tudo que havia acontecido.Chorei copiosamente.
E chorando continuei meu caminho sem rumo até que encontrei uma fada que levou-me para tomar banho num riacho, passou uma essência extasiante em meu corpo e começamos a conversar, então ela me disse: não precisa contar nada, pois eu já sei o que aconteceu. Você, meu caro jovem querido, passeava com sua noiva, quando num ímpeto de loucura ela puxou seu rosto para beijá-lo, seu carro desgovernado bateu numa ponte, sua amada morreu afogada. Você não teve culpa, mas endoideceu, foi aí que você acordou num hospital de doentes mentais. Seus pais estão a procurá-lo por toda parte, pense no sofrimento deles também, não seja tão egoísta a ponto de entrar em um casulo e chorar. A fada desapareceu e ainda atordoado com o ocorrido comecei a correr pela praia desesperado à procura da minha noiva, Pensei: quem sabe eu a encontro nas grandes ondas do mar, regressou correndo e quando ia mergulhar uma mão me segurou, era minha mãe que ao abraçar-me desmaiou de emoção, mas logo recobrou os sentidos. Meu pai, meus parentes e todos os meus amigos fizeram uma roda comigo dentro e então, comecei a chorar, pois não sabia que havia tantas pessoas que me amavam e eu não querendo mais viver.
Foi nesse instante que senti a dor dos meus pais, irmãos e o desespero dos meus amigos que ficaram sem  rumo com o meu desaparecimento, eu era tão amado e não sabia. Chorei. Voltamos.

3 comentários:

  1. Olá querida amiga,

    Realmente não há dor pior no mundo, do que a dor da alma...

    Um conto emocionante!

    Bjos

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  2. Saber-se amado é confortante e animador. O pensamento sobre esses valores é incomum e até desprezado pelas maiorias. Aprofundar mais e mais a sensibilidade é caminho seguro para que a afectividade se sobreponha.
    É um Conto que conta muito para uma boa reflexão.

    Beijos


    SOL

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  3. Gostei muito do seu conto amiga Dorli e com certeza
    a dor maior é a da alma, pois nos pega firme com muita
    intensidade ...
    Dizem que o remédio é o tempo, não creio muito, mas acredito
    num aprendizado, pois Ele sabe o quanto podemos suportar e
    por quanto tempo a dor em nós permanecerá

    Abraços,
    RioSul

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