sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Adeus primavera





Sei que estou num lindo mundo encantado
Mas hoje há tristeza, pego meu violino e toco
A despedida da primavera, a estação que embebe o amor
A música é suave, onde hoje há flores perfumadas
Amanhã começará o descanso do seus encantos

O verde das folhagens e das árvores irão se reproduzir
O campo ficará seco sem o perfume da primavera
Nas lembranças dos apaixonados ficarão saudades
Saudades dos beijos e abraços que fizeram ao pé do ipê

Choram os pássaros a saudade das lindas flores naturais
Pintadas com as cores do arco-íris, com pincéis do amor
Fica a saudade do beijo orvalhado, do abraço tão sonhado
Saber que é na primavera que brotam amores floridos!

Meu coração já está latejando de emoção a sua despedida
Quero dormir e sonhar, todas as noites, até a sua volta
Pois foi na linda primavera que meu coração foi fisgado
Por um homem, que sempre me compara com uma flor


 Dorli da Silva Ramos

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Aqui espero







Foi nesse estonteante cenário paradisíaco
Que num dia nebuloso me disse adeus
As ondas do mar batiam meus pés. Choravam
Choravam a dor que dilacerava meu coração

Deitava nas águas geladas à receber carinho
E me deleitava no vaivém das ondas do mar
Meu coração perguntava o porquê dessa dor
Que persistia viver comigo há mais de dois anos

Virei um vagabundo qualquer, sem respeito e amor
Até que uma ave no seu voo solitário, perguntou-me
Saia dessa solidão rapaz, a vida é para ser vivida
Quando volto meu olhar , uma linda jovem sorria

Venha comigo rapaz, hoje e sempre serei o seu amor
Beijou meus lábios com uma doçura inigualável
Hoje, a ferida sarou, dando lugar a outra paixão
Que, com certeza, será meu castelo de emoções

Dorli Ramos

Eu sou o teu sonho




Sou o teu sonho estarrecedor e diabólico
Entro no teu sono e tu me tomas em sonho
Estás fria, toda de branco  e sais pela noite
Carregas nas mãos teu coração de paixão

Teus olhos profundos e brancos de solidão
Fazes de ti um lindo espectro da noite
Vagas à procura de outro a tua imagem
Para arrebentar tua louca paixão escondida

Procuras na solidão da noite  emoção de amor
Mas, já é tarde, o dia está nascendo devagar
Tu tens que ir dormir sem teu sonho realizares
Deverias ter sido uma mulher malvada e vulgar

Outra noite aparece, teu corpo arde de desejos
Nesse instante um ser estranho aproxima de ti
Acaricia teus cabelos e choras copiosamente
E diz: te matei por ciúmes e me suicidei


Hoje somos dois espectros a vagar sem rumo...

Dorli Silva Ramos 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O cavalo doirado




Eu sou Rênis, cansado de viver numa cidade grande cheia de carros se atropelando, saí da minha casa só com uma mochila e enveredei pelos campos silvestres que encontrei na minha peregrinação à busca de uma satisfação pessoal que não conseguia na cidade grande.
Eu e minha solidão caminhamos muitos quilômetros pelos campos gelados pelo orvalho da madrugada e, cansado, com fome, sentei-me naquela relva fresquinha para comer alguma coisa que trouxera de casa, mas uma sede tomou conta do meu ser. Pensei: e agora? onde vou beber água? Estou morrendo de sede. Nisso ouvi um relinchar, quando olhei para trás, não acreditei, pois, um lindo e enorme cavalo doirado veio a minha direção e falou: suba menino, vou ajudá-lo a procurar água para saciar sua sede.
Aquelas crinas macias, mais pareciam uma um amontoado de peles aprazíveis e, não resistindo a tentação abracei aquele cavalo tão lindo e acolhedor. Nisso não muito distante dali, vi uma grande nascente, meu sorriso de satisfação me fez gritar: água! Nisso o cavalo doirado jogou-me na água. Que delícia, bebi dela, era água cristalina e ao bebê-la escorria por entre os meus dedos. Saciei e me joguei naquela água fresquinha, nadei até a chegada do crepúsculo do entardecer; nisso o lindo cavalo começou a relinchar, sabia que era hora de voltar, então, subir nas costas daquele lindo cavalo. De repente ele falou...Assustei. Ah! era um cavalo encantado, então me disse: vou levá-lo a ver toda a Terra e, duas asas enormes doiradas se abriram e começamos a voar.
Voamos o Mundo inteiro, vi maravilhas dantes inimagináveis, oceanos, mares, cidades famosas, enormes florestas, animais de todos os tipos, vi também as geleiras intactas, ursos e seus filhotes, enfim uma exuberância. Não sentíamos fome e nem sede. Chegou à hora da volta; demos meia volta. Que tristeza! parecia outro mundo, vi: terremotos, crianças morrendo de fome, pessoas esmolando um pedaço de pão, muitos dormindo e morrendo nas ruas, florestas pegando fogo, animais chorando suas agonias, filhos procurando seus pais e pais procurando seus filhos. Abaixei a cabeça no pescoço do animal e, chorei. Chorei de saudades dos meus pais que havia magoado pela minha estupidez e queria veementemente voltar ao meu lar.
O lindo cavalo doirado voou mais depressa, era noitinha e pairado no ar bem perto do quintal da minha casa, soltou-me no chão vagarosamente  e,  saiu voando sorridente e feliz. Abanei a mão a quem me fez enxergar que era na minha família que eu fazia falta e era feliz.
Papai, mamãe e eu nos abraçamos e choramos, mas era um choro de felicidade...


Dorli Silva Ramos