Meu nome é Larissa, era uma nenê feliz enquanto estava quentinha
no ventre da minha mãezinha, que ao me dar a luz, morreu. Ninguém soube
explicar o motivo, era uma jovem saudável, seu coraçãozinho parou à hora que eu
nasci. A vida não nos deu tempo de nos conhecermos.
Papai ficou desesperado, precisando trabalhar
deixou-me aos cuidados da vovó. Enquanto estava lá, fui crescendo com saúde e
muito amor. Fiquei com vovó até os cinco anos.
Papai conheceu outra jovem, casou-se com ela e
foi me buscar para vivermos uma família feliz. Lucia era o nome daquela que
seria minha segunda mãe. No começo tratou-me bem; passado uns três meses,
queria sair às compras e eu era seu empecilho, tinha que me levar junto. Vi que
já estava perdendo a paciência, um dia gritou comigo: se não fosse você eu
seria feliz com seu pai.
Esperei os primeiros raios solares do amanhecer
despontar e, só com o meu registro de nascimento e com a roupa do corpo saí por
uma estrada que parecia não ter fim, nisso um vento forte começou balançar as
folhas das árvores. Fiquei com medo. Mas, tinha que caminhar contra ele para
chegar a lugar algum.
No instante que o vento se tornava mais forte,
passou um carro com um casal, parou no acostamento e perguntou-me: Onde você
vai criança, deveria estar com seus pais. Contei o ocorrido.
Parece que ninguém deu por minha falta, pois
ninguém foi me procurar, nem o meu pai que eu amava tanto, fez nada, pois nem
queixa na polícia foi dada, do contrário, o casal que me achou teria me
devolvido e, com dez anos de convivência com eles, cresci cercada de carinhos e
com três irmãs lindas que me amavam.
O tempo passou rapidinho, formei-me advogada e, uma surpresa preparada pelo destino iria me entorpecer na hora de
receber o diploma. Todos parecíamos iguais com aquela beca preta, eu fui a
oradora da turma, estava nervosa, pois nunca havia falado em público. Então
comecei:
Em primeiro lugar quero agradecer a minha mãe
que me colocou no mundo que tivemos o desprazer de não nos conhecermos. Olhei
pra cima. Agradeço aos meus pais que me adotaram e é para eles que oferto o
meu diploma com amor para guardarem em seus corações. O meu eterno
agradecimento as minhas irmãs, colegas...
Enquanto fui fazendo minha oratória, alguém na
platéia estava irrequieto, suando, ao seu lado uma senhora um pouco
familiar. Senti uma pontada no meu coração, sabia que era meu pai. No fim da
oratória disse: A meus pais adotivos que me amam, cuidam de mim e estão me
proporcionando esse momento único de alegria, quero dizer que os amo muito.
Parei....Lágrimas debulhavam.Todos se entreolharam, desci até a platéia, em
frente ao meu pai que chorava aos prantos disse: a você meu pai ofereço minha
piedade.
Dorli Silva Ramos