quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Pingos de lágrimas



tela de José Miguel Ronan Frances


A cada pingo de lágrima saudosa
Que escorrer dos meus olhos azuis
Vou transbordar um pequeno lago

O peito dói meu amor desfeito
Meu coração em frangalhos
Minha sina de ficar sempre só
Nesse dia que ficou nebuloso

Sinto o gosto dos seus beijos
Seu meigo abraço acalentador
Seu roçar de barba no rosto

Mas não perco as esperanças
De revê-lo perto do lago
Para simplesmente dizer
Não consigo viver sem você


Dorli Silva Ramos

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Aqui mora a felicidade



favela 7

 Nesse condomínio que se chama favela, duvido que haja pessoas mais felizes do que nós, pois aqui tudo é diferente das demais favelas que existem por aí; onde há o tráfico de drogas.Temos escolas boas, professoras adoram trabalhar aqui porque os alunos são educados diferentes de outros lugares ricos, onde os pais querem mandar na escola. As crianças brigam e até batem no professor. Que horror!

 Aqui não, cada vizinho ajudou o seu irmão a fazer seu barraco que ficava tão lindo depois de pronto; é claro nessa casinha verde moram pessoas que torcem para o Palmeiras, cada casa era pintada da cor de um time e, não havia brigas entres os vizinhos pois as casinhas eram tão perto uma das outras que dava para trocar alguma coisa com dois braços: era a tal solidariedade.

 Nessa casinha moro eu, João, com trinta anos, cheguei do nordeste para morar perto de São Paulo, numa favela, essa favela se chama: " Aqui mora a felicidade ", ficamos alojados cada um em um casebre até minha linda casinha ficar pronta, meu coração disparava, não via a hora de poder comer meu angu com feijão e deitar com minha Rosinha, minha mulher amada e meus três filhos.

 Chegou finalmente o dia, a casa pronta e cadê os móveis? Tinha apenas num embornalzinho com uns reais que davam para alimentar minha família por vinte dias. De repente foi aparecendo mesas, camas, fogão, tanque, enfim alguns móveis que aos domingos, uma boa parte desses favelados ia a uma marcenaria velha que tinha no morro acima e, com ajuda de todos, catando restos de madeiras, pegando utensílios bons no lixão, transformaram em móveis que eu nunca tinha visto na minha vida, fora duas cestas básicas para começar a viver nesse paraíso.

 Saí à procura de trabalho e como era bom com os ferros, espera aí, transformo ferros em grades, portões é que aqui chamam se serralheiro, não demorou uma semana estava trabalhando, ganho pouco, é claro, um salário mínimo até o chefe gostar do meu trabalho, depois vai aumentar.
 Minha querida Rosinha lava e passa as roupas das "madamas" que moram fora da favela e, como é muito educada não faltava dia que não trouxesse restos de comidas das panelas que elas deixavam minha mulher trazer e essa boa ajuda conseguimos nos sustentar até eu receber meu primeiro salário.

 As crianças foram matriculadas na escola e estão indo muito bem, são inteligentes, é claro, puxou aqui pro papai. Hi!Hi! E aos domingos vamos orar e agradecer a Deus, numa igrejinha, pela nossa vida e de todos os nossos amigos e também à vocês que estão lendo meu"causo".

 Trabalhamos muito para estudar nossos três filhos, hoje os três estão na faculdade, aquela que não paga, pois passaram numa prova, e a cada diploma uma felicidade para nós. Casaram-se, estão trabalhando e moram em outro lugar melhor.

 Eu também poderia mudar dessa favela, mas queremos morrer aqui, pois foi aqui que encontramos amigos de verdade, tive a minha primeira casa verdinha, melhorei um pouco mais, sabe até computador  a danada da minha mulher comprou?
 Sabem porque não mudo daqui? É porque aqui mora a felicidade.

Resumindo


A felicidade mora no lugar onde se planta o amor
e não onde se compra uma falsa ilusão


Dorli Silva Ramos

Você é meu xodó





Amo-te minha linda menina
Tu és a linda flor do meu jardim
Irradiante como o pôr do sol
Meiga como o alvorecer

Nosso amor é puro
Como as nuvens do céu
Teu amor é tão singelo
Tal meu amor por ti

Vou brincar contigo no prado
Rolar toda relva molhada
Dar um beijinho no teu nariz
E dizer: como eu te amo 

Vou levar-te à cachoeira
De águas cristalinas
Beber da fonte da vida 
Viver o nosso amor

Ao crescermos um pouco
Vou me casar contigo
Beijo teus lábios levemente
À mostrar meu carinho

A noite está chegando
Vou levar-te pra casa
O dia em que você quiser
Eu serei teu e tu minha


Dorli Silva Ramos

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Poesia Concreta: O beijo de Judas




Por 30 moedas de ouro                    Judas, o safado, não vacilou
                   
Entregou seu amigo Jesus                E arrependido se enforcou

Falam em dias de hoje?                    Antes era muito pior
                                                                  
A morte não era rápida                     Era lenta com a espada
                               
Jesus sabia de tudo                           Por que deixou?
                                                           
                                Tudo já estava escrito                                                 

           Tanto sofrimento                               Para nos salvar
                                     
 Você
Agradece
 a
                                              Jesus?                                                           
 Já pensou
   se
  Fosse seu filho?
                                                        
Onde está Judas agora?
 No quinto dos infernos

                                               ***

Dorli da Silva Ramos