sexta-feira, 27 de março de 2015

O beijo que não lhe dei



francesco hayez il bacio


Eu amava Marina de lindos cabelos da cor do pôr do sol, seus beijos, às escondidas, eram quentes, até que um dia ela engravidou. Chegou pra mim aos pranto e disse que seu pai não iria passar vergonha no vilarejo onde morávamos e, no outro dia iria para a França e que não o aceitava como marido para sua filha.
Jonas emudeceu, chorou muito e Marina bebia suas lágrimas que se misturavam com as delas.
No outro dia de longe vi a amada pegar o navio, o sol acordava e seus raios brilhavam mais seus cabelos. De longe só olhava.
Quando ela estava subindo as escadas, virou para trás e balançou o lenço para mim. Foi a última lágrima que desceu, tinha que ser forte, pois ela nunca mais iria voltar.
O tempo passou...E como passou e, meu pai trouxe uma linda jovem morena de cabelos compridos para me conhecer, seu nome era Julieta. Não demorou muito tempo com ela me casei, sem nunca tê-la beijado na boca.
Não podia dar meus beijos a nenhuma mulher e ninguém irá roubá-los e o casamento aconteceu, na igreja levantei o seu véu e beijei sua testa, ela chorou.
Nossa vida foi sempre assim, filhos nascendo, beijos nenhum, mas a tratava bem e nunca a traí com ninguém.
Um dia, acordei tarde para o trabalho, Julieta continuava na cama, peguei-a pelo braço e este estava frio. Julieta morreu e eu sou o culpado apesar de não amá-la, nunca lhe dei o que todas as mulheres querem: o beijo apaixonado.
Hoje sofro a solidão, meu pecado: o beijo que não lhe dei, pois em qualquer tempo a mulher só se sente amada se for acarinhada e beijada.
Hoje só, pois meus filhos se casaram,. um filme passa sempre à minha frente: a partida de Marina e o descaso com Julieta, a jovem linda que nunca a beijei na boca e sinto que a matei.

 


Atenção
Fui arrumar a outra postagem
bati o dedo errado e excluí
Desculpem
Amanhã a recolocarei outra vez
Dorli


quinta-feira, 26 de março de 2015

Identidade confusa


girl back hair


A vida foi minha confusa identidade. Era bem jovem quando senti a dor do parto que culminou com a morte do meu pequenino bebê, filho de Eduardo que sumiu das redondezas da cidade quando ficou sabendo da gravidez. Apanhei a paulada do meu pai que tentava esconder a sua vergonha fechada num quarto escuro por um ano.
Ano suficiente para que eu pudesse escrever meu diário de sofrimento psicológico, onde minhas necessidades físicas rapidamente eram num banheiro fedorento, aproveitava para o banho de bacia com sabão de soda. Ali fiquei trancada durante um ano.
Um dia, meus pais tinham que viajar perto para o enterro do meu avô e me deixou trancada no quarto a deus dará. Que bom!Nem sei a força que fiz para quebrar aquela portinhola velha, sair com alguns pertences e sumir.
Parei para descansar num banco joguei meu diário fora e sozinha conversando com a vida, chorei minha desgraça. Neste instante passa por mim um cachorrinho lindo, muito bem cuidado e pulou no colo. Acarinhei-o e ele começou a me lamber. Fazia tempo que não sorria até gargalhar, nisso aparece um jovem esbaforido e ao ver o cachorrinho sorriu e ele pulou no colo de seu dono.
Conversamos um pouco e condoído da minha triste história me levou para sua casa. Quando chegamos, estremeci ao ver a beleza da sua mansão e não quis entrar. Aí, ele me pegou pela mão disse que se chamava Artur e entramos.
Já dentro da mansão aparecem seus pais e sorrindo para mim perguntou ao meu filho: quem é essa jovem linda e tão sofrida? ele respondeu: minha namorada e futura esposa. Desmaiei.
Contei aos pais de Artur toda a minha história debulhando em lamentos. A mãe de Artur disse que eu, sua futura nora iria ser a jovem mais amada do mundo para compensar os maus tratos que meu pai fez comigo.
Já de maior idade, casei-me com Artur que estava radiante de felicidade e me disse: vou amá-la para sempre, abracei-o chorando, beijei seus lábios e disse que o amor era recíproco até a morte.
O enlace aconteceu, o passado morreu. Nasci no dia em que conheci Artur. 



quarta-feira, 25 de março de 2015

A mais linda mulher




Pra mim
 És a mais linda mulher
São anos de amor
Com fidelidade mútua 
Nós ficamos velhos juntos
Eu amo esse teu olhar
Dancemos a vida
As belas recordações
Tivemos filhos amados
Que Deus nos deu
Abençoados com saúde
Inteligência e muita dignidade.
Com nosso dever cumprido
Vivemos hoje felizes, a sós
 Numa linda e enorme casa
E perfumado jardim.
O teu cheiro 
Ainda é o mesmo
Cheiro de amor e lealdade
De amor sem fim
Da mulher mais linda
Que muito
 Adoro

 

terça-feira, 24 de março de 2015

Crônica: Pessoas mudas




Em qualquer esquina, nos becos, nas mansões, nas favelas; enfim, em todos os lugares se não houvesse os meios de transportes, as cidades ficariam mudas, as pessoas só fazem gestos: é a conversa tecnológica que assola o mundo atual. Não tenho celular, pois gosto de uma boa prosa e, muitas vezes cômica em entidades fazendo os pacientes rir da minha própria idiotice, mas faz tão bem...
Já se foram os tempos bons de outrora, das cadeiras na porta da rua, a conversa correndo a solta, os bolinhos de chuva e o suco de laranja feito no espremedor a mão.
Os meninos brincavam na rua sem asfalto, de chão batido, com bolinhas de gude, e nós meninas com bonequinhas de pano surradas pelo tempo.
As mulheres sentadas, depois de falarem mal alheio, contavam às crianças, causos que nos encantavam pelas suas criatividades, muitas delas analfabetas, mas de uma sensibilidade mil.
Naquele tempo a felicidade e o desprendimento fazia morada em nossas vidas e hoje dói a saudade d'um tempo que não volta mais.
A conversa que antes era natural, hoje só se ouve o barulho das buzinas e das balas num tiroteio que mete medo em qualquer cidadão que antes andava de madrugada pelas ruas e nada acontecia. Não escapa ninguém de um infortúnio e não adianta gradear as casas, pois os ladrões, escondidos, nos pegam quando acionamos o portão eletrônico.
Ainda falta muita tecnologia para a segurança. Só escapam hoje os "coronéis" que trafegam em carros blindados com motoristas e seguranças treinados
Essa é nossa vida solitária. Não se ouve mais nem o gorjeio dos pássaros. É triste demais...