sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Matas verdejantes







Águas do rio que descem em sofreguidão em pedras
Abraçadas pelo verde das escuras matas ciliares
Vêm  de muito longe, talvez uma geleira a derreter
Que chora pelo sol escaldante e pela perda da neve

As pedras não acostumadas com o frio das águas
Tremem, e assustam os peixes que escorregam
Sem saber o destino que os espera lá abaixo
Um anzol ou rede que irão levá-los à uma cozinha

Os peixes pequeninos conseguem abaixar e passar
Caem em outro rio mais plano e ali viverão felizes
Até que anzóis os fisguem, debatem até suas mortes

Ainda dizem que o homem é o único ser racional
Não, estão todos enganados, é o único ser irracional
Que não sente a dor do outro, só pensa em si próprio


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ponto final



 
Se são  dois pontinhos
Que eles sejam de saúde
Pois o Seu mundo mudou
Já não é mais o mesmo
 Dois pontos não mudam
Iremos ao plácido céu

A Terra virou loquaz
Seus filhos não o apraz
Suas vidas abreviadas cedo
Na pista da morte na Terra
Deixe o ponto final, escusa
Busquei-nos com apreço

Acolha-nos com amor
Veremos os nossos pais
Abracemos os progenitores
Também nossos amigos
Numa bela festança 

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Amor impossível ( crônica )






Era tão jovem e bela e fui me apaixonar justo por um mexicano que veio passear na casa da sua tia. Saíamos às escondidas, o vento cortava nossas mãos, mas aquecia nossos corações e um beijo apaixonado todos os dias acontecia.
Foi um mês de felicidades, planos mirabolantes e, muitas vezes ia à casa da sua tia para terminar de ouvir seus planos para nós.
Chegou a hora da partida saímos num pequeno jardim e ele disse: vou comprar nossa casinha, mobiliá-la, escreverei todos os dias para você até minha próxima férias, daí vou conversar com seus pais e marcar a data do nosso casamento e assim aconteceu... As cartas chegavam na casa da sua tia que guardava o segredo do nosso amor.
Ele ia chegar nos próximos dias, fiquei ansiosa, sentia que algo iria nos separar, mas enfim só estava nervosa, ele chegou, sua tia me avisou e correndo a sua casa fui. Lá chegando me beijou tão forte que quase perdi o fôlego. Fiquei intrigada. Enfim, à noite sempre no mesmo lugar saíamos, nesse dia ele resolveu comigo ir a minha casa comunicar a nossa decisão.
Entramos, apresentei-o aos meus pais. Sentamos, ele comunicou que queria se casar comigo e tudo estava pronto na Espanha. Meu pai chorou e minha mãe sorriu.
Casamo-nos na minha cidade, todos os parentes da cidade vieram. Os hotéis da pequena cidade estavam reservados para os convidados do nosso casamento.
Meu pai fez uma festa exuberante, eu comprei só o bolo que na época ficou o preço se um salário mínimo, minha mãe fez todos os docinhos e balas e minhas amigas ajudaram a arrumar no papel.
A igreja estava lotada, entrei com meu pai, mais parecia uma linda menina com meus dezesseis anos do que uma jovem altiva que tão logo chegou ao altar disse sim, a troca das alianças e finalmente o beijo.
Depois da festa, todos pegaram suas malas, pois o avião ficava a 150 km da minha cidade e decolamos. Meu pai chorou muito e lhe disse: todos os anos cá viremos.
Quando chegamos a Coyoacán, rumamos a nossa casa, deslumbrei com a beleza da dela toda decorada a meu gosto e dois serviçais vieram nos dar boa vinda, nos cumprimentaram sem dar as mãos ( achei estranho) e um disse: tem um lanche gostoso para vocês. Nós iremos dormir.
Tomamos um banho numa banheira já cheia com águas perfumadas,. Enfim tinha tudo.
Enfim sós, ali nos aquecemos. Ele era muito gentil e me deu de presente um anel de brilhante, beijei seus lábios devagarzinho.
Num dia fatídico ele bateu o carro e morreu. Minha filha já estava com dezenove anos, esperei que terminasse sua Faculdade e voltamos para o Brasil.
Depois de alguns anos casei-me novamente, minha filha fez sua Pós, está bem empregada. Sou feliz, mas ninguém esquece um grande amor.