quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Sem título




A vida nos surpreende por ser vivida de encontros e desencontros e a nossa última amiga, a morte. Como tratar com ela? Não sei, talvez deixemos a amnésia tomar conta dela, quebrarmos os espelhos que outrora permeava nossa casa.
O ser humano é discriminativo, capaz de perder tempo em contar as rugas que sua companheira tem, esquece ele que ela já o fez primeiro. Essa é boa, que tal juntarmos todas as rugas e formarmos um rio de saudades gostosas que dará para escrevermos um livro que ficará de exemplo aos nossos netos?
O passeio, de repente chove e ela diz: as enxurradas parecem nossas rugas, que tal lavarmos os rostos daí elas levariam nossas rugas ao rio. É você tem razão, mas primeiro eu vou lavar o seu rosto para ver o que acontece, depois na próxima chuva você lava o meu. Bobinha ela?
Ela sentou na calçada e deixou ele borrar seu rosto da água da enxurrada, mas num ímpeto fez com seu velho a mesma coisa e como presente ganhou uma cueca na cabeça. Pareciam dois palhacinhos sem circo.
Chegando em sua casa correram ao banheiro, ele entrou primeiro e lhe disse: espere fora... Assim ela o fez, tomou banho e qual não foi sua surpresa, após se enxugar olhou no espelho quase desmaiou, mais parecia o Tony Curtis.
Saindo do banheiro ela ficou pasma ao ver tanta beleza, correu ao banheiro para tomar seu banho, queria ver em que iria se transformar: Depois de se enxugar olhou no espelho era a Gina Lollobrigida. Os dois se abraçaram e na hora do beijo era gosto de enxurrada, correram para o espelho quase desmaiaram, as rugas sentiram saudades,
Vamos aproveitar a vida, pois ela não tem retrocesso.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Ouço tua voz




Dói meu peito de saudades de ti, ouço tua voz suave que me persegue onde eu vou. Não quero ouvir-te, quero poder beijar-te e matar todas as saudades de ti.
Relembro os dias, quando vivo nossas noites de amor. Creia, foram inesquecíveis, meu coração sangra com a tua ausência pela enorme casa.
Já com um ano casado, tu dormiste no volante e acordou no céu deixando meu coração estatelado de dor. Minhas noites são mal dormidas, sonho contigo e ao acordar estou péssima, mas tenho que continuar minha vida, o trabalho me espera.
Ainda bem que trabalho no meio de muitas pessoas, sou aeromoça e tenho que ter sempre um sorriso nos lábios e um servir impecável. Não tenho medo da morte no ar, assim estarei mais pertinho de ti,
Não consigo amar mais ninguém, tu serás o único homem da minha vida.
O tempo passou, peguei férias e sozinha fui me distrair em Guarujá e nisso uma prancha veio em minha direção como um raio, rolei na praia numa velocidade incrível. Foi tu amor que não queria minha morte? O que estava preparando para mim? Vi apenas seu rosto e sumiu.
Eu e mais duas amigas aeromoças fomos jantar no restaurante e nisso vi o um rosto de um rapaz familiar, mas não sabia quem era. Ele se aproximou e disse que tinha sido eu que havia salvo sua vida no Guarujá e quando quis saber de mim não te encontrei mais. Eu ruborizei.
Quer jantar? Disse por educação e ele aceitou e foi um papo gostoso entre nós quatro. Qual é o seu nome? Gabriela. Casada? Não, viúva. Ó Desculpa mexer na sua ferida. Não ha de quê, quem sabe um dia ela cicatrize disse ele. Eu novamente me desconcertei.
Para onde você vai? Disse eu. Vou até Paris a negócio, mas em três dias estarei de volta. Que bom!
Deve ter uma mulher a tua espera, filhos te a acariciá-los chamando-te de papai. Não Gabriela e não há um dia sequer que eu me esqueço de ti. Eu me apaixonei por você.
O tempo passou, se casaram, têm três filhos e quando ela faz longas viagens ele fica com as crianças.
Os dois pegaram férias juntos e foram levar as crianças para a Disney, onde se divertiram muito e, a noite ela debruça na janela do seu apartamento e uma estrela começa a brilhar muito e ela diz baixinho: és tu amor, obrigada pela vida que me proporcionou, Ela piscou e apagou.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Bruma



Nasci numa ilha onde o Sol vinha fraco, morávamos em duas famílias, a neblina doía os ossos de frio, corríamos para nos aquecer, mas não havida jeito, a bruma parecia trincar nossos ossos, então, corríamos para casa o fogão a lenha que aquecia o ambiente.
Bem agasalhados ficávamos perto do fogão a lenha, mamãe cozinhava batata doce e todas nós crianças das duas famílias comíamos e cantávamos.
Depois já aquecidos íamos brincar perto do mar. Ah! que vontade dava em nós de nadarmos, mas a água congelaria até os nossos ossos.
De repente, o Sol estava querendo dormir e tratamos de voltar para casa, mas a neblina estava forte, demos as mãos e eu que era mais arrojada fui puxando a meninada, pois sabia o caminho de cor. Quando vi uma fumaça mais forte que as brumas disse aos amigos. Sinta o cheirinho de batata doce cozida. Todos sorriram, ninguém enxergava nada íamos pelo cheiro.
A fumaça da chaminé ardia nossas narinas e olhos, abaixamos a cabeça e vagarosamente chegamos. Nossos pais já iam sair a nossa procura e ficaram felizes ao nos vermos.
Um dia, nossos pais resolveram se mudar dessa ilha de bruma, pois nem peixe podíamos pescar e quem os enxergava?
Chegamos na nova cidade bem longe da ilha de Bruma e fomos morar numa cidade quente, alugamos duas casas e os pais foram a busca de trabalho e nós fomos à escola aprender a ler e escrever. A professora era um anjo.
Que bom poder brincar nas ruas da cidade, correr nas praças arborizadas e conforme íamos crescendo, estudávamos à noite e durante o dia trabalhávamos de caixeiros nas vendas.
Fomos crescendo, mas em mim às vezes "batia" uma saudade daquele nevoeiro da ilha.
Mas esse capítulo ficou para traz....

domingo, 26 de novembro de 2017

Saudade do amor que se foi



Onde está?

Belos tempos da juventude, quando chegava para me namorar, fora as cartas perfumadas que me enviava todos os dias. Um homem novo cheio de dengos comigo, mas algo me dizia que era muito para mim uma simples e linda jovezinha estudante.
Um dia, fiquei sabendo que estava numa quermesse com uma amiga de escola e, quando chegou para me namorar te disse: volta eu não te quero mais.
Olhou para mim vi duas lágrimas caírem de seus olhos azuis, a partir daí estou a tua procura para pedir perdão pelo jeito brusco que descartei o único homem que amei na vida.
Acredito que morrerei sem ver-te pela última vez...
Por isso devemos pensar devagar para tomarmos uma decisão drástica para que a saudade não permeie  nossa vida.