Essa estória é verídíca, aconteceu quando eu tinha mais ou menos quinze anos. Naquele tempo na minha cidade não tinha velório. A notícia era dada pelo microfone da igreja Matriz. Todos ficavam sabendo e o defundo era velado em sua própria casa. Na hora do enterro parecia uma procissão, saíam em cortejo, carregando cada um um pouco o caixão até a igreja para o padre encomendar o corpo e seguiam ao cemitério local. As crianças ficavam contente quando alguém morria, pois a viúva dava pão com mortadela e quando o lanche acabava iam pra suas casas.
Morreu Tatum( apelido ). À noite foi o velório com muitas fofocas até chegar o rezador do terço. Imaginem quem iria rezar o terço: um gago. A noite estava gelada e o rezador começou: a a v v e e m m a a r i a a....., ninguém aguentava mais e alguém disse baixinho: esse terço vai acabar no amanhecer, eu vou me mandar. Há! mas ele perdeu o maior espetáculo, nunca antes acontecido na cidade.
E o rezador continuava o terço gaguejando quando de repente ele gritava: ta ta t u m, ta ta t um. Ninguém percebeu nada e rezador gritava: fo foo goo.
A vela acabou, estava queimando o lençol e o pé de Tatum, parece brincadeira, mas não é, até a viúva riu, imagimem os outros...
Meus leitores: velhas e boas lembranças