segunda-feira, 17 de junho de 2013

Monólogo de uma solitária



- Que faço eu nesse castelo
escuro
gelado
sozinha
-Que faço eu nesse castelo
sem amor
sem beijos
Sem paixões
-Que faço eu nesse castelo
sem rei, sem coroa
com tumbas
com mortos
-Que faço eu nesse castelo
sem perfume
sem sonhos
sem esperança
-Que faço eu nesse castelo
sem o sol
a lua
o mar
-Que faço eu nesse castelo
sem as veredas
as campinas
as mananciais
-Que faço eu nesse castelo
se a solidão
do desespero
me matou
-Que faço eu nesse castelo
só com o brilho
das estrelas mortas
como eu?

Dorli Silva Ramos
                        
   

Meus sonhos ( ficção )



Muitos sonhos tive
Poucos foram realizados
Não consegui ser modelo
 Mas fui uma linda esposa

Sonhei ser pianista clássica
O máximo que consegui
Foi tocar violão
Feliz, pois criava as letras

Quis ter uma enorme casa
Para abrigar muitos filhos
Consegui construir um casebre
E apenas uma filha

Sonhei ser inteligente e bonita
Tive as duas coisas
A beleza se esvaiu com o tempo
A inteligência, hoje é meu consolo

Nem tudo que se sonha
Podemos realizar
Se a frase de Steve estiver certa
Mais da metade do meu futuro
Ficou no lamento, não existiu

Dorli Silva Ramos

domingo, 16 de junho de 2013

Desilusão ( ficção )



 Saio perambulando pelo caminho num sítio, mas não estou só: a desilusão é minha companheira diária, ela não tem dó, machuca com desenganos advindos d'uma pessoa que quero bem, arrebenta minha vontade de chorar, derruba minhas lágrimas de saudades e sofro dia após dia sem saber se um dia essa dor vai passar.
 É uma vontade louca de dizer: venha, vamos juntar nossos corações sofridos, pois sei que também sofre por sua intransigência que fere nosso viver.
 A desilusão me faz cegar as belezas naturais, meu pensamento está obstinado a você, só você é minha luz, meu caminho florido, minha vontade de viver.
 Não sei quem vai morrer primeiro: eu ou você. Por quê?


Dorli Silva Ramos

Os espetáculos que Deus nos deu ( miniconto)




  A vida passa? E você apressado e preocupado no seu escritório e não vê que você é quem passa? Peguei um domingo, sozinha, para visitar a natureza. Acordei cedinho vi um trem passar com muita preguiça, ainda estava com sono e me ocultava um dos mais lindos espetáculos da vida: o alvorecer, ou o crepúsculo do amanhecer. Lindo! Depois fui lanchar embaixo d'uma frondosa árvore, bebi água de uma bica numa manancial e, sonolenta adormeci.
 Acordei assustada, mas fui presenteada com outro espetáculo: o crepúsculo do entardecer. O sol querendo dar adeus ao dia eu eu ali pasma, tamanha beleza. Caminhei muito e cansada fui descansar mais um pouco perto d'um riacho. Dormi novamente e eu passando, pois o tempo urge e não espera ninguém.
 Senti minha pele molhada; garoou, assustei estava escurecendo, olhei dos lados ainda deu tempo de ver o sol sumindo no horizonte, não contive tanta beleza ao ver o crepúsculo do anoitecer dando lugar à lua e as estrelas e as nuvens escuras procurando abrigo, pois a noite logo chegaria.
 Não se prive das maravilhas do mundo, pois não é o tempo que passa, somos nós que envelhecemos e, a vida não tem retrocesso.



crepúsculo do amanhecer
amanhecer
alvorecer


crepúsculo do entardecer
entardecer


crepúsculo do anoitecer
pôr do sol


noite


E uma família feliz



Dorli Silva Ramos