Acordei
de madrugada e, pelo toque do meu celular, coração disparou. Não atendi, pois
sabia o que ele queria comigo. Demorei para pegar no sono, acordei com os
berros da minha mãe, pois já estava perdendo a hora do trabalho.
Às
pressas, peguei o carro, voei feito louca para o trabalho quando ouvi uma
buzina atrás de mim, olhei pelo retrovisor era ele pedindo para que eu
encostasse o carro. Parei. Ele desceu esbaforido, pegou-me pelos braços e
gritou: não ouviu o celular tocar ontem à noite? Balancei a cabeça negando.
Olhou
para os meus olhos, parecendo querer furá-los de ódio e disse: dê cá minha
aliança, eu não quero mais nada com você. Era nossa aliança de noivado,
pensava...não é possível, o que estaria acontecendo com ele? Entreguei. Então
lhe disse: Ah! Se eu fosse você não me abandonaria.
Voltei
para o carro tentando segurar minhas lágrimas que debulhavam como uma chuva
torrencial, suspirava e uma dor na garganta parecia me afogar. Cheguei.
Entrei
no escritório tentando disfarçar minha dor, quase não conseguia trabalhar
direito, finalmente chegou o fim do expediente e quando fui pegar o carro eu o
vi aos beijos com uma colega de trabalho, enlouqueci.
No
outro dia ao acordar mamãe me disse: seu noivo ontem à noite sofreu um acidente, morreu e com ele levou uma linda jovem, quem era ela? Nada respondi.
Era
sábado, quando o seu caixão desceu tumba eu disse em voz alta: eu bem que lhe
disse: ah! se eu fosse você não me abandonaria. Meu coração estava congelado.
Dorli Silva Ramos