Olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais e o que vê nos meus olhos não verá no meu coração que está sangrando de
tanta dor. Veio despedir de mim para machucar mais meu coração? Não a
beijarei, prefiro morrer a beijá-la pela última vez.
Dois meses se passaram, eu enclausurado do trabalho à casa,
escrevi vários poemas de amor para aquietar meu coração, dando-lhe esperança
da volta do seu.
Num dia de muito frio, pela cidade, vejo-a aos beijos com
outro alguém. Dos meus olhos duas lágrimas escorreram quentes no meu rosto e, com
dor na garganta consegui dirigir até o trabalho. Na volta do trabalho, paro num
bar e bebo uma tônica bem gelada que até endureceu meus lábios. Cheguei
em casa tarde da noite, perambulei pelos cômodos gelados, onde declamava os
poemas que fazia para você. Hoje não consegui escrever nada, um vazio tomou
conta da minha mente. Chorei.
O tempo passou e eu só, você passeando com o outro, finjo
que não vejo para não me machucar demais. Três meses se passaram.
Tristemente chega o dia do seu casamento; igreja lotada,
estava linda toda de branco e no final da igreja, encostado na porta; perdia
meu amor. O altar e a igreja toda enfeitada de lírios brancos, tal a neve que
caía naquela noite gelada.
No meio da cerimônia o padre perguntou a todos os presentes
se havia algum impedimento. Silêncio total.
De repente, você "ouviu" meu chamado, jogou o
buquê para os presentes, correu aquele tapete de veludo vermelho e, num ímpeto
me beijou.