quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Conto: amo nos meus sonhos



Meu nome é Carla, fui casada havia dois anos, um louco amor cheio de anseios e lindos sonhos para o futuro. Mas o destino não quis.
Na saída d'um restaurante perto de casa, dois ladrões nos abordaram e pegaram todos os nossos pertences e, não satisfeitos, um deles disse: hoje você não vai dormir com sua linda mulher. Atirou sem piedade, abracei-o todo ensanguentado até o levarem ao hospital. Não houve jeito, chegou a óbito.
O tempo passou e eu era uma mulher feliz, sorridente e alegre e ouvia os mexericos dos vizinhos: que mulher assanhada, logo terá outro marido. A felicidade era tanto que nem ligava pelo o que os outros falavam.
Por quê? Vocês me perguntam. É que todas as noites meu falecido marido vem me visitar em casa, saíamos à passear, vamos ao cinema e teatro e como gesticulava muito, sozinha, foram conversar com os meus pais.
Antes de me casar fomos ao médico e ele nos disse se eu quisesse ter filho teria que fazer uma inseminação e como não queríamos filhos no começo do casamento, ele foi ao hospital colheu o sêmen que foi congelado.
Meus pais começaram a me visitar sempre de tardezinha, faziam perguntas até que contei a verdade. Claro, pensaram que estava louca, foi quando todos ouvimos passos nas folhas secas do jardim. Era outono. Eu levantei-me toda feliz e fui me encontrar com o marido, só eu falava. O que viram tiraram a conclusão que sua filha estaria louca.
Levaram-me ao médico e nada constataram, pois era uma jovem alegre e saudável...Passado alguns dias eu fui ao médico para fazer a inseminação artificial e foi um sucesso. Estava grávida de gêmeos.
Foi um auê na cidade uma viúva estava grávida de gêmeos e até explicarem como foi levou um tempão.
O dia do parto chegou, foi feita uma cesariana e eu tive um casal, duas lindas crianças que vieram enfeitar minha vida e matar minha solidão.
Quando chegaram em casa, por dias esperei meu marido, nunca mais voltou, pois ele encontrou o seu lugar, mas deixou comigo dois pedacinhos lindos do seu amor.


Lua Singular



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Eu me permito...


 dreams come true

Eu me permito soprar meu brilho ao sol para que ele aqueça meus bons sentimentos e nessa fusão de amor tomar chuva num campo florido em companhia da natureza, rodopiar de felicidade na relva para que o arco-íris apareça e eu possa me deslumbrar com sua beleza.
Eu me permito tomar banho na cachoeira semi-nua, sentir as borbulhas d'águas brilharem meu corpo e nesse instante sentir as maravilhas da relva, pegar um sapinho na mão, sentir as grossas gotas d'águas baterem meu corpo gelado e, já com frio subir a margem do rio e escorregar várias vezes e, sorrir muito.
Já na relva molhada com o sol e a chuva aquecendo meu corpo e, tamanha era minha felicidade que rolei na relva até parar num arbusto. Olhei para cima vi algo inusitado: uma rosa vermelha e num pequeno galho um lindo beija-flor cantando para mim, não aguentei: chorei. Estendi a mão, o beija flor pousou na minha mão e beijou meus lábios e, nesse instante ele virou um lindo jovem que me abraçou e continuamos de mãos dadas a vislumbrar toda a natureza que hoje não existe mais.
Eu me permito sonhar...

Lua Singular

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Crônica: chuva de lágrimas



Uma vida normal me foi negada pela inconsequente falta de maturidade de meus pais que me puseram no mundo, sem absolutamente nada. Nem mesmo um teto para morar, vivíamos então de favores dos transeuntes que passavam e jogavam algumas moedas. Minha mãe as guardava para comprar leite e pão, eu mamava no peito sugando sem piedade o resto de leite fraco que minha pobre mãe ainda tinha.Lembro-me como se fosse hoje: a chuva caía torrencialmente, minha mãe, coitada, tentava acolher seus sete filhos no seu abraço quando uma senhora muito magra falou: venham comigo.
Minha mãe arrastou sua "ninhada", andamos por algum tempo e, quando vi uma porteira, imediatamente, apesar dos meus quatros anos, corri e subi nela e sorria muito.
Adentramos a uma casa pequena, mas muito limpa e mobiliada. Joaquina era a dona da casa que não demorou muito tempo levou roupas toalhas e algumas coisas para comer e disse: fiquem aqui até amanhã, depois a vida de vocês irá mudar. Minha irmã mais velha tinha treze anos, uma linda mocinha que ajudava mamãe nos afazeres de casa.
Meu pai? Aquele safado "putanheiro" e vagabundo? morreu como um anjo. Não nos fez nenhuma falta( Assim dizia minha mãe).
Eu com meus cinco anos sofria os soluços de mamãe de saudade do seu amor, apesar de ser um "traste" ela o amou muito.
Morávamos na chácara da dona Joaquina, mamãe cozinhava para ela e nós catávamos gravetos para acender o fogo, nadávamos no rio, aguávamos a horta, tratávamos os porcos, depois tomávamos banho para ir à escola.E o tempo passou...
Uma vidinha até boa, pois a patroa comprava até brinquedos para nós, enfim éramos felizes.
De repente uma nuvem escura pairou sobre nossa família, mamãe não acordou, estava morta, talvez a saudade de papai a fez querer partir e nós?
Saí correndo até uma grande poça d'água e como chorei. Chovia e minhas lágrimas se misturavam com as grossas gotas d'águas e ali fiquei por muito tempo, o mundo parecia desabar sobre minha cabeça.
Fomos doadas cada uma para uma família: sete irmãs, cada uma seguiu um rumo diferente até que um dia resolvi, depois dos meus 25 anos procurar minhas irmãs. Desculpem esqueci de dizer meu nome: Sofia.
O tempo passou, mas todas as reencontrei. Era Natal e festejamos juntas o nascimento de uma nova vida. 

Lua Singular

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Driblando a morte




Quando a morte vier me visitar a estarei esperando com um chazinho e deliciosos biscoitos, pedindo a ela um tempo para tomar banho, colocar minha melhor roupa, maquiar meu rosto e antes de colarem a boca e olhos ligarei a televisão e nela colocarei um cd da minha vida que foi intensa e cheia de glamour.
Começou então o filme e, depois de duas horas não tinha passado nem a metade da minha infância e a morte dormiu, acordei-a com um toque suave na mão, ela esbaforida acordou e me disse: amanhã eu volto, pois o seu filme me fez dormir e tenho mais compromissos para hoje.Desta vez escapei.
Sabia que no outro dia ela voltaria, então, fui tentar consertar algumas coisas que fiz de errado e pedir perdão a quem magoei, tenho certeza que tudo será muito rápido.
Eu e meu velho fomos no outro dia almoçar num restaurante pertinho de casa e quando estávamos saboreando uma deliciosa picanha, quem aparece? A morte.
Sorri para ela e pedi que se sentasse a mesa para que juntos degustássemos os soberbos pratos. Pedi duas garrafas de vinho do Porto e entreguei a morte: beba, é uma delícia...E vocês não bebem nada? Aí eu respondi com muito amor: já bebemos das delícias do amor e já que tenho que ir nada melhor que brindar uma morte tão educada como você.
A morte ficou encantada conosco e perguntou: quantos anos vocês têm?. Respondemos simultaneamente 62 anos. Pôxa vocês são muitos jovens ainda.
Adeus, voltarei daqui a 20 anos.

Lua Singular