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No
pé da colina, moramos eu e minha velhinha, meu filho e minha nora. Cada um tem
seu cantinho para cuidar do jeito que mais gostar. Morar aqui parece estar
longe do céu; mas perto da noite acontece o maior espetáculo que Deus criou: o
pôr do sol.
É
lindo ver a claridade do dia sumindo com os raios do sol entre as frestas
das árvores da colina, olhamos o seu descanso e à noite chega trazendo a
maravilhosa lua, as estrelas coloridas batendo suas luminosidades na lua que é
a eterna musa dos apaixonados.
Nós
aqui dormimos cedo, pois o amanhã é trabalhoso. Acordamos antes do alvorecer e
já no trabalho na nossa rocinha, o amanhecer chega sorrindo. A água do açude
brilha, o calor emana todos os seres vivos: o chilrear dos pássaros, o coaxar
dos sapos,o mugir do boi, o rosnar do gato, o mugir da vaca, o relinchar do
cavalo, o cacarejar da galinha, o roncar dos porcos formando uma sinfonia que
encanta nossos ouvidos.
No
meio do trabalho, ouvimos o sussurro do vento trazendo um véu de neblina e
olhando para o alto, as nuvens escuras estão cobrindo toda a nossa rocinha: é a
chuva que cai brilhante com os raios do sol. Pegamos nossos embornais e
ferramentas de trabalho e fomos nos esconder no nosso pequeno cômodo onde
guardamos os milhos secos para a venda.
A
chuva já estava ficando amena, então ali mesmo pegamos nossas marmitas para
almoçar(era boia fria mesmo) e bebíamos água retiradas d'uma moringa de barro,
cada um tinha sua caneca esmaltada. Depois do almoço, ainda caindo uma pequena
chuva, adormecemos ali mesmo. Acordamos para voltar para casa, o chão estava em
charcos e afundávamos com os pés e as botinas nas mãos.
Aqui
começa a primavera. Minha nora cuida da sua casa e do seu jardim tão belo
quanto ela e como presente da natureza pôde ouvir o desabrochar da primavera e
o tinir das asas dos insetos. A tardezinha vinha a minha casa fazer o pão e
colocar para assar no forno do fogão a lenha e preparar minestrone numa imensa
panela para tomarmos com o pão.
Todos
os dias à noite, sentávamos uns na soleira da porta e outros em pedaços de
troncos feitos como banco e cantávamos ao som do violão que meu filho tocava e
as crianças com suas caixinhas de fósforos à procura de pirilampos.