domingo, 18 de setembro de 2016

Renúncia



Estou caminhando essa estrada ao encontro do nada, renunciei a mim mesma. Um vazio invade minha mente. A fé sumiu, pois um furacão há meses assolou nossa vila levando toda a minha família. Tinha ido à cidade com minha carrocinha e as bestas comprar alimentos de sobrevivência. Nesse intermeio, houve um grande furacão num lugar lindo onde morávamos em cinco famílias. Todos morreram. 
Estou nessa estrada fugindo da desgraça que me levou tudo, só me deixou uma solidão acompanhada com um nada. Virei um mendigo à procura do vazio.
No meio da estrada encontrei meu compadre com uma carrocinha: Suba compadre, você não merece viver na mendicância. Sua família lá no céu não iria gostar. Venha morar na minha rocinha, lá encontrará uma casinha, terá trabalho e o que comer e não quero vê-lo maltrapilho, em casa tenho umas roupas se lhe servir, serão suas.
No outro dia, ninguém conhecia Miguel: barba feita, bem vestido, era domingo dia de missa na capela). Todos foram, era proibido falar do desastre.
Miguel estava ajoelhado e uma linda cabocla deu-lhe um lindo olhar, seu coração estremeceu, a vida estava recomeçando para ele.
Era domingo, a noite faziam um bailinho na roca, Miguel e a cabocla Jandira meio que sem jeito começaram a dançar, seus corações batiam tão fortes que parecia que iriam sair pela boca. Eles estavam se gostando. Que bom!
Uns meses passaram e foi feito o casamento de Miguel e Jandira- estavam tão lindos ao entrarem na igrejinha...
Cada um ajudou e fizeram uma festinha pro casal apaixonado. A dança varou  pela noite inteira.
Do amor dos dois nasceram cinco crianças sapecas e inteligentes.
Não se deve renunciar à vida, Deus manda um anjo para refazer a nossa vida.

sábado, 17 de setembro de 2016

Autoestima



Quando o Sol está por dormir corro ao melhor ângulo onde moro para dar boa noite a ele. Tenho como companhia uma linda ave que voava de um lado para o outro. Eu sento com as pernas cruzadas, braços esticados para pegar todas as boas energia do Sol.
O Sol dorme, eu tento voltar para casa, está um breu, de repente sinto alguém me abraçar, conheço seu cheiro, é meu amor. Caminhamos no sítio afora e, de repente começou a chover, ele me abraçou, não aguentamos e ali mesmo nos amamos.
Não longe dali havia uma pequena cachoeira e lá fomos nos banhar e perto dela dormimos numa grama fresquinha.
Na minha casa todos apavorados com minha ausência e muitos com lampiões nos encontraram dormindo abraçadinhos.
O nascer do sol nos acordou, apavorados, saímos correndo e as duas famílias já estavam em casa; gostoso passar a noite na cachoeira. Hein? Minha mãe mandou-me tomar banho, enquanto isso meu namorado foi fazer o mesmo.
Nosso gostoso castigo: em um mês já estávamos casados. Tínhamos nossa casinha, eu costuro pra fora e ele era meeiro com papai.
Depois de nove meses nasce Manoela, paparicada por todos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Chuva miúda



Chove fraquinho, eu pego meu guarda-chuva e vou jogar fora as minhas tristezas. Meu coração dói como esse silêncio que invade minha casa ao lado, parece que nem vida tem lá dentro, mas tem... Meu cachorrinho Totó e meus pais ainda dormindo.
Vou andando bem agasalhada, sentindo um vazio que invade as ruas, quase não vejo nada, molho um pouquinho meu rosto. Que delícia! Parece que o mundo se restringe nessa maravilha, O frio dói a alma. As flores e árvores adoram os seus banhos devagarzinhos. O perfume do ar enche nosso coração de amor e, cansada de andar e fome,volto pra casa, entro num banho quentinho para depois tomar café.
Ó Deus, como fez a nossa vida aqui na Terra simplesmente linda! Obrigada.
 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Menina teimosa



Desça já daí menina
Tu não consegues pescá-la
Não sejas teimosa
Já tens três estrelinhas

Mamãe, não irei dormir
Quero a estrelinha pra mim
Desça, senão vais apanhar
Desceu resmungando

 Noite seguinte o céu escuro
Já lá em cima do telhado
A linha escapou da sua mão
Começaste a chorar

Olhaste o céu escureceu
Subiste novamente até o topo
Gotas de orvalho caíam
No deslize a estrela a salvou