quinta-feira, 15 de junho de 2017

Desespero



O desespero tomou conta de mim, meu aconchego pegou fogo eu gritava e ninguém me ouvia, depois de tantos gritos os vizinhos vieram correndo com baldes d'águas apagaram o fogo e minha vida passou de desespero à melancolia, saudade da minha mãe que no céu via tudo sem nada poder fazer.
O estrago não foi muito grande, sentei no sofá e pus-me a pensar: o quanto vale a vida se um dia iremos apodrecer na terra? As festas, os bailes, os namorados, o beijo e a paixão irão derreter. Será que existe alma? Nenhuma veio me dizer, nunca vi.
E nesse pequeno espaço de nascimento e morte estamos sós, uns fazendo maldades aos outros, alguns o bem, muitos matando, suicidando-se, enfim essa vida terrena é boa? Eu acredito que não, pois Deus irá arrebatar todos seus filhos bons e o Universo explodirá. Será assim, penso que seja.
Gostaria de saber: onde estão as almas dos mortos, do que adianta enfeitar os túmulos se lá dentro só existem ossos e muitos corpos em decomposição e um cheiro terrível.
Minha família toda morreu, estou só no mundo esperando que a morte venha me buscar a qualquer momento, quando de repente toca a campainha. A criada foi atender e uma mulher madura perguntou: Tomas está? Sim. Diga a ele que é a Manoela.
Tomas ouviu o nome Manoela levantou rápido e antes que a criada a anunciasse ele já estava na porta. Abriu-a e, estupefato com uma beleza serena a abraçou e entraram.
Os dois já haviam namorado quando jovens e  para Manoela não foi difícil encontrá-lo, pois morava na mesma mansão de antigamente e ela perguntou: Não se casou? Não, respondeu prontamente Tomas, pois só amei uma mulher na vida, você. Ela o abraçou e um longo beijo aconteceu. Quer se casar comigo? Sim respondeu ela.
Tomas, por que não mudamos dessa mansão que lembra tantas saudades e moramos num apartamento pequeno sem luxo? Ele concordou, ia matar a melancolia e a solidão.
O casamento aconteceu com uma linda festa, Tomas fez o gosto de Manoela, alugou a mansão com direito a tudo que tinha dentro, deixando matar o passado e vivendo com Manoela até quando Deus quisesse.
A melancolia acabou, pois o amor faz milagres e um deles é a felicidade. Os dois viajaram pelo mundo conhecendo lindos lugares dantes imagináveis, mas logo voltaram para o ninho de amor.  Muitas vezes à noite iam até a praia ouvir o choro das ondas do mar e, abraçadinhos olhavam o céu estrelado e a Lua "sorrindo".

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Viver a natureza








A vida na floresta é nua                                                                       
Sem mulher e bel prazer
Banho-me na cachoeira
Alimento só o que achar


A noite ouço os murmúrios
De muitos lindos animais
Entra dentro do meu peito
Começo a cantarolar o som
Faz frio no meu aconchego
Saio acendo uma fogueira
Aqueço meu corpo gelado
Tomo um café quentinho
                                                                         

A felicidade irá mora aqui
Vejo os animais na floresta
Mas estou muito nostálgico
Saudade dos meus amigos


terça-feira, 13 de junho de 2017

Cinzas do passado





Em meio a bailes e vinhos, vivi por dez anos. Hoje já envelhecida volto pra casa. Era linda rosa no seu desabrochar, mas o tempo encarregou de me presentear com rugas e cansaço, volto para minha família com as mãos "abanando".
Já com meus trinta anos, ar de sofrimento quem haveria de amar uma vadia? Nada guardei, comia restos das panelas na casa da minha mãe que se envergonhava de mim, com razão.
Um dia deitada numa cama feita de palhas, revirei meu passado que foi uma farsa; sonhei alto e o tombo foi dolorido. Mas o que estiver preparado pra mim, será.
Meus pais moravam num pequeno sítio e ninguém sabia do meu passado e para sobreviver com dignidade comecei a trabalhar na roça. O Sol transpunha meu chapéu de palha e os suores caíam por terra. Era o que eu merecia, pois fiz mamãe chorar quando fugi para a capital.
Num domingo ensolarado fui dar um passeio pelo sítio quando vi um moço com a aparência de seus trinta e cinco anos que me parou para conversar e disse que a tempo vinha me observando e estava apaixonado por mim. Apaixonou-se por mim? Nem me conhece direito.
Conheço sim, você não se lembra? Deitei com você numa cama com lençóis de cetim, fiquei louco por aquele corpo. Ali na zona eu a amei. Envergonhei-me dele e chorei.
Não chore, eu a amo e iremos nos casar, vou conversar com seus pais para os preparativos do enlace.
Nos casamos no civil e o padre da capela nos abençoou. Estava linda toda de branco, houve uma festa no sítio e a dança foi pela noite adentro, mas antes disse aos seus pais: amanhã vamos voltar para a capital, tenho que trabalhar, as férias estão terminando, moro sozinho e temos que comprar muitas coisas para a casa, agora vou levar a dona do lar comigo.
Eu não tinha idade para engravidar, mas Deus quis que eu tivesse um filho. Foi uma gravidez de risco, mas correu tudo bem.
Hoje somos em três muito felizes, graças a Deus.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Cheiro de mato




Tu tens o cheiro do mato da manhã
                      Ele amanheceu todo orvalhado
Abraço-te e o frio parece nos congelar
Quero viver ao teu lado por toda vida

Vou levar-te o café quentinho nas manhãs
                    Carregar-te no colo até a banheira com cheiro
     No meio das espumas quero ouvir teus gemidos
 
A noite é fria aqueço-me em ti juntinho
                   O silêncio  perdura pela noite e sussurramos
Acordo, o frio trinca ossos, acarinho-me em ti

Mergulho-te dentro do teu corpo sensual
                    Minha mente transpõe a tua no teu sono
Num cheiro de mato gotejando orvalhos
   Teu cheiro de mato fresquinho no alvorecer