A vida nos surpreende por ser vivida de
encontros e desencontros e a nossa última amiga, a morte. Como tratar
com ela? Não sei, talvez deixemos a amnésia tomar conta dela,
quebrarmos os espelhos que outrora permeava nossa casa.
O
ser humano é discriminativo, capaz de perder tempo em contar as rugas
que sua companheira tem, esquece ele que ela já o fez primeiro. Essa é
boa, que tal juntarmos todas as rugas e formarmos um rio de saudades
gostosas que dará para escrevermos um livro que ficará de exemplo aos
nossos netos?
O passeio, de
repente chove e ela diz: as enxurradas parecem nossas rugas, que tal
lavarmos os rostos daí elas levariam nossas rugas ao rio. É você tem
razão, mas primeiro eu vou lavar o seu rosto para ver o que acontece,
depois na próxima chuva você lava o meu. Bobinha ela?
Ela
sentou na calçada e deixou ele borrar seu rosto da água da enxurrada,
mas num ímpeto fez com seu velho a mesma coisa e como presente ganhou
uma cueca na cabeça. Pareciam dois palhacinhos sem circo.
Chegando
em sua casa correram ao banheiro, ele entrou primeiro e lhe disse:
espere fora... Assim ela o fez, tomou banho e qual não foi sua surpresa,
após se enxugar olhou no espelho quase desmaiou, mais parecia o Tony
Curtis.
Saindo do banheiro ela ficou
pasma ao ver tanta beleza, correu ao banheiro para tomar seu banho,
queria ver em que iria se transformar: Depois de se enxugar olhou no
espelho era a Gina Lollobrigida. Os dois se abraçaram e na hora do beijo
era gosto de enxurrada, correram para o espelho quase desmaiaram, as rugas sentiram saudades,
Vamos aproveitar a vida, pois ela não tem retrocesso.