segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Nostalgia ( miniconto )





Nostalgia é um pedaço de nós que escorrega no caminho da vida. Sinto a falta do seu aconchego nos jardins ocultos na minha mente, onde a ventania nos pegava e me abraçava forte dizendo: Força  amor, logo chegará a primavera.
Enquanto ela não vinha, o inverno parecia trincar os ossos, mesmo com a lareira acesa e o ar quente ligado. Daí, me pegava no colo, deitávamos numa cama grande e quente. Acariciava devagarzinho meu corpo, beijava-me com muita suavidade. A minha boca já estava ávida de desejo. Acordava só. Era apenas um sonho. Você estava no céu à minha espera.
A primavera chegou, esses sonhos foram se esvaindo pelos asfaltos da vida, outro amor apareceu. Era lindo alto: me pegava no colo, beija-me a quase me sufocar e seus desejos batiam com os meus" aloprados"! Nos casamos, enchemos aquela mansão de filhos arteiros e a felicidade mandou a nostalgia embora, agora somos todos felizes. 

sábado, 16 de dezembro de 2017

O SONO DA MALDIÇÃO







                     Assim são as poucas crianças adotadas
                 Ao invés de amor, vêm as chicotadas
                Deem amor, ao invés de palmadas
                 Ela não se defende é tão pequena...
                 



Mas tu não se apieda das lágrimas?
Tu hoje terás o sono da maldição...
Foi trancada pelo marido no quarto
Abraçou a filha limpou suas lágrimas

A mulher gritava, a porta fechada
Ela se mutilava no escuro da maldade
Ele foi até a delegacia, implorou...

Na mesma hora o carro da polícia parou
O silêncio era total, será que ela fugiu?
Arrombaram a porta: a morte sorria

Palmilhei caminhos



Palmilhei por caminhos dantes inimagináveis; por onde passava colhia olhares de crianças sedentas de curiosidades, logo chamavam suas mães para me ver. Mas pelo meu rosto sombrio, ofereciam um caldo de galinha e o paiol para dormir. Ficava feliz!
N'outro dia já no raiar do dia estava eu a palmilhar outros caminhos; percorria e descia ao ver um riozinho, pois anoitecia e o estômago doía a fome: era rápido e conseguia pegar alguns peixinhos, limpava-os na água com canivete, assava e comia, sempre pedia sal por onde passava. Era gentil.
Os anos foram passando e ele palmilhando vários caminhos, não era um mendigo e sim um jovem educado e muito limpo: tinha uma missão a cumprir que guardava só para si.
O tempo foi passando, seguindo o seu destino encontrou Claudete e por ela se apaixonou. Casaram-se numa igreja pelo caminho e seguiram juntos e já explicou a ela, enquanto estivermos a palmilhar não teremos filhos. Tenho motivo para essa promessa, pois meu pai quase morreu, agora ele está preocupado comigo. Mas, ainda não terminei minha promessa, mas fique tranquila que em cada aldeia que chegarmos teremos direito a um banho gostoso, barba feita e duas boas refeições, passaremos a noite no hotel e no outro dia seguiremos com o meu palmilhar.
De repente o Sol ficou branco e todos na cidade ficaram aflitos, então "expliquei" que a Lua cansada jogou seus raios brancos para o Sol, ela estava enamorada do Sol, um amor impossível.
Querida Claudete, o tempo terminou, vamos a uma loja comprar roupas, sapatos, o que quiser e eu vou trocar o terno e comprar algumas coisas. Foi na concessionário comprou um lindo carro, passou pela casa da mãe de sua mulher para despedir dizendo quero ver todo mundo no Natal na minha fazenda, mandarei dinheiro.
Seus pais ficaram tão felizes que começaram a chorar, então o filho disse: promessa é promessa e todos me trataram bem.
A festa do casamento foi linda, foram bem tratados. O pai do noivo pediu a eles para morarem na fazenda fazendo pequenos serviços. E os móveis? Nós compraremos novos.
O filho que cumpria promessa para o pai era o Ernesto que hoje já tem dois filhos e todos são felizes.
                        


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Triste ilusão





A felicidade é instantes de ilusões tristes, por ser quase que inatingível e quando quer nos abandona sem ao menos nos dar nenhuma explicação. Felicidade não existe... O que existe é uma triste ilusão onde, ao percebermos o engano em que entramos, não há mais volta.
Poderei ser feliz por alguns instantes, tão raros e os outros instantes é a ilusão doída pelos maus-tratos que a vida me oferece gratuitamente, aí me questiono: isso é viver?
Daqui a pouco farei muitas pessoas no teatro rirem até se esbaforirem, são técnicas que aprendi para sobreviver, ninguém vive sem esse maldito dinheiro que até pode comprar a alma do diabo.
Sabemos de nós, mas na casa do vizinho pode ser até pior: a criança chora a fome, a mãe apanha e o diabo sorri.
Alguém precisa fazer uma revolução nessa vida sofrida, ela tem que ser igualitária entre os dois sexos, pois somos seres que vivem de ilusões, mas que elas tenham instantes de amor.
Assim vou fazer minha arte no palco, nem que seja exonerada, pois viver assim, sem nada poder ajudar... Vamos revolucionar o teatro.
"Senhores, senhoras e crianças, o que vieram aqui fazer? Assistir uma peça clássica? Pois ela não virá, pois eu sozinha, no palco, farei estarrecer de norte a sul, de leste a oeste, o quê? O amor, o respeito, o carinho com os filhos, pois se não houver isso a vida nada vale.
Abrem-se as portas, só sairão os covardes e os poucos que ficarem a felicidade brotará nos corações de todos. Ninguém saiu".
A peça terminou, a alegria pairava no ar. Pais pegavam seus filhos no colo, beijavam suas mulheres, as crianças corriam de um lado para o outro até se cansarem.
Todos voltaram para casa com outra convicção que para viver em sociedade temos que ter instantes de ilusões alegres.