quinta-feira, 27 de março de 2014

Descaminhos...



 Me perdi nos caminhos da vida, saí pelas veredas sem olhar os velhos que ficaram a chorar. Quis me aventurar numa vida de loucuras, facilidades e desamores. Cobri-me de astúcia, onde numa "onda" de amigos, fazia o dinheiro vir com facilidade.
 Rodava as cidades com meus carrões, belas mulheres se arrastavam por "mim" e fui deixando a vida rolar num mar de aventuras. Nunca quis saber mais de meus pais e irmãos que com certeza, caso estejam vivos, choram até hoje a minha ausência.
 Segui em descaminhos, onde a tortuosidade me cegava, deixando um amor a me esperar na saudade da sua solidão.
 De repente, senti-me acorrentado ao desprazer, não via mais alegria na vida, comecei a sentir saudades da Rosinha, minha noiva, que deixei junto com meus pais numa situação de início de gestação, então, comecei a me questionar: Que fiz da vida? Vou voltar.
 Pelos descaminhos tortuosos não fui feliz e dentro do meu peito o remorso doía e queria tentar costurar meus erros do passado e, se desse tempo casar com Rosinha e pedi perdão aos meus pais.
 Agora pobre, sem meus carrões fui retornando a minha casa pensando...Quem sabe eles me perdoam. Cheguei a uma pequena fazenda, onde há dez anos tinha saído, ela estava abandonada; fora saqueada e de longe vi a nossa pequena palhoça. Chorei.
 Minhas lágrimas se misturavam com meu suor e o meu temor estava por acontecer.  Naquela palhoça não havia ninguém. Devo ter matado meus pais de desgosto, a  Rosinha não encontrei, ajoelhei no chão e clamei perdão. Nisso ouvi: papai.
 Não acreditei, era meu filho que correu a me abraçar dizendo: todos os dias no sono do pôr do sol venho cá pra estrada a sua espera. Ajoelhei-me aos seus pés e quando ia pedir perdão ele disse: eu já o perdoei e mamãe o espera em casa.
 Com as mãos atadas nas do meu filho caminhamos e quando estávamos chegando o sol já havia dormido, só se via uma luz naquela palhoça.
 Adentramos a casa, Rosinha sorriu e me abraçando disse baixinho: eu sabia que voltaria.
 Mesmo em descaminhos ela me esperou, só os meus pais não aguentaram a saudade e morreram. Fiquei petrificado de tristeza, quando Rosinha entregou um bilhete onde estava escrito: nós nos encontraremos no céu um dia. Filho, nós sempre o amaremos.  Desfaleci.


21 comentários:

  1. Que historia em Dorli, parabéns pela criatividade, mesmo parecendo uma historia real. Muito bom com final feliz mesmo sem os pais. Um bom dia prá vc com um alegre sorriso. bjsss

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  2. DURO DESCAMINHO !!! DORLI MINHA AMIGA !!! FICO A PENSAR QUANTOS SÃO ESTES QUE ASSIM VÃO VIVENDO !!! E NADA DE ERRADO ENXERGAM !!! NESTES INSTANTES NOS ACHAMOS MAIS ESPERTOS QUE OS QUE NÃO FAZEM ESTAS COISAS !!! OU NÃO VIVEM !!! ASSIM !!! BELO CONTO !!! MUITO REAL !!! EXISTEM CASOS E CASOS QUE CONHEÇO DE PERTO !!! E DE MUITO PERTO !!! QUE ASSIM OCORREM !!! PENA QUE NÃO TEM OU TIVERAM UM FINAL FELIZ !!! A CONSCIÊNCIA NÃO CHEGOU A TEMPO !!! EXISTE UM ESCRITO DE UM AUTOR FAMOSO RICHARD BACK !!! QUE DIZ " SEU MUNDO É O SEU CADERNO !!! AS PÁGINAS ONDE VOCÊ FAZ AS SUAS SOMAS !!! NÃO É A REALIDADE !!! EMBORA VOCÊ POSSA ESCREVER A REALIDADE ALI SE VOCÊ O QUISER !!! MAIS TAMBÉM TENS A LIBERDADE DE ESCREVER TOLICES OU MENTIRAS !!! OU ATÉ RASGAR AS TUAS PÁGINAS !!! UM BEIJO MINHA QUERIDA AMIGA !!! Pedro Pugliese

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  3. Puxa, que forte e triste história, tão lindamente trazida! Que bom que pelo menos os pais parecem tê-lo perdoado, se encontrarão só no outro lado e a Rosinha, bem boba, o esperou! Não o teria feito,rs... Adorei te ler! beijos,chica

    Conto que mostra como podem filhos se achar os tais, que não precisam de ninguém.

    Saem pelas ruas como se donos do mundo fossem, carrões, mulheres que só querem a grana deles, e depois, na hora do pega pra capar, sentem as dores e querem voltar. Idiotas que são! Por que não pensam antes? Depois de mortos, não adianta chorar pelo leite derramado, ter saudades dos pais!


    beijos,chica

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  4. Reportei-me ao filho pródigo. Ele tinha tudo em casa. Resolveu pedir ao pai a herança e saiu pelo mundo errante. Padeceu, voltou e o pai o perdoou. É assim também que o nosso pai celestial faz conosco. Erramos, mas quando nos arrependemos dos erros, confessamos, Ele nos perdoa. Intensa essa crônica e serve de reflexão para os dias atuais.
    Abração, minha querida.

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  5. Oi Tunim,
    Se todos pensarem em fazer besteiras na vida e no fim dela pedir perdão e Deus perdoar e todos voarem para o céu, de que adianta fazer, então, tudo certinho?
    "Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos"
    Lua Singular

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  6. oi Amiga

    Tem decisões que tomamos na vida que custam caro para sempre.
    Dinheiro, fama, relacionamentos extras tudo isso é o que move o ser humano.
    Mas será que isso garante felicidade?
    Se vc tem dinheiro, vc tem carro, amigos, e relacionamentos.
    Se fica pobre não tem nada...
    Se as pessoas pensassem mais errariam menos.

    bjokas =)

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  7. Lembrou-me a parábola do "filho pródigo", mas, não sei... voltar somente depois de ter perdido tudo, se vale perdão. Mas os que amam de verdade, passam a vida perdoando, não é?
    bjo amigo

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  8. Oi Dorli,uma história emocionante,onde nos dias atuais ainda vemos muitas iguais.
    Quantos filhos abandonam seus pais,mesmo sendo de famílias abastadas,aventuram-se e acabam perdendo tudo e quando voltam já não encontram mais o que deixaram para trás,inclusive seus pais,apenas restara quem sabe, um reencontro em outro plano.
    Adorei amiga.
    Bjs.
    Carmen Lúcia.

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  9. Bom dia querida Dorli.. descaminhos essências para aprendermos que a vida precisa ser provada em todos os niveis.. só não podemos nos jogar nas cordas e deixar ela passar sem pegarmos carona.. bjs de bom dia e até sempre

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  10. Muito intenso este conto.
    Acho que todos os céus sonham com o dia em que os filhos regressam a casa.

    Beijos meus!

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  11. É evidente que seus contos nós enche de emoção.
    Muito legal ler-te.
    Abraço

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  12. Um final triste mas representa a vida e muitos que sem juízos saem atrás da felicidade e não vem que a felicidade era o que já tinham.
    bjs
    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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  13. Olá Gatona, a correria tem tomado conta de meu tempo, ainda bem!
    Descaminhos não levam a lugar nenhum, mas ensinam algo, sempre!
    Boa tarde

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  14. Um conto real e reflexivo, Dorli!
    Há filhos assim... Lembrou-me a história do filho pródigo que a Bíblia nos conta... Penso que quando há arrependimento tem um novo tempo, só que as consequências acompanham os erros... A pessoa colhe o que semeou, né?!

    Um gostoso abraço

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  15. Poxa amiga... conseguiste, mesmo dia, me fazer chorar duas vezes: a primeira pela manhã quando li o lindo comentários que vc fez na minha poesia "Minha oferta", e agora com esse conto maravilhoso. Obrigada por suas palavras lá e cá. Vc também é muito querida e especial, também não a esquecerei. Um bj no coração

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  16. Boa noite Dorli

    Adorei o seu texto...Parabéns

    beijinho

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  17. Dorli, fizeste analogia "do filho pródigo", mas esse chegou tarde, os pais já tinham morrido!
    Bom texto minha amiga, seus contos são sempre muito bons!
    Abraços e boa noite amiga e obrigada pelo carinho de sua visita.

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  18. Olá, querida Dorli
    Me deu ânimo apesar de ser triste é uma ralidade de muitos...
    Bjm fraterno e quaresmal

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  19. Dorli,

    os seus contos me emocionam, tem muito a ver com a realidade da vida, a impressao que tenho, algumas vezes, que se trata de um breve relato do que se conhece de fato.

    Bjs

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  20. Querida Dorli
    Quem tenta costurar os erros do passado, merece um final feliz!
    Pobres daqueles que, tendo levado uma vida dissoluta, nunca tentam mudá-la!
    A sua narrativa, além de assombrosa, tem uma conclusão cheia de moralidade.
    Parabéns.
    Infelizmente, hoje em dia, o mundo assiste a muitas desgraças provocadas por vidas assim mal vividas.
    Bom fim de semana.
    Beijinhos
    Beatriz

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  21. Muito lindo o teu conto, amiga.
    Ele teve muita sorte. Às vezes, é preciso ser paciente e esperar pelo nosso amor.

    Beijinhos,

    Cris Henriques

    http://oqueomeucoracaodiz.blogspot.com/

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